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Inconformismo político motivou ataque a Bolsonaro, diz PF

29 de setembro de 2018

Polícia Federal conclui inquérito do atentado contra o candidato do PSL e afirma que autor de facada agiu sozinho. Ele teria ainda planejado o crime e ameaçado ex-militar de morte numa rede social.

Bolsonaro leva facada durante ato de campanha em Juiz de Fora
Bolsonaro foi agredido enquanto fazia campanha no início de setembro em Juiz de ForaFoto: Getty Images/AFP/R. Leite

A Polícia Federal afirmou nesta sexta-feira (28/09) que o ataque ao candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) foi motivado por inconformismo político e concluiu que o autor do atentando agiu sozinho. As conclusões do inquérito que apurou o atentado foram apresentadas na sede da PF, em Brasília.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Morais, o autor do ataque, Adelio Bispo de Oliveira, agiu por discordar de algumas opiniões políticas que Bolsonaro defende e o crime não contou com a participação de terceiros.

Na investigação, a polícia analisou dados encontrados nos celulares e computador do suspeito, além de outros documentos e seus dados bancários, que, segundo a PF, não indicaram nenhuma movimentação suspeita e que os recursos correspondiam com pagamentos trabalhistas.

A Polícia Federal afirma ainda que Oliveira planejou o ataque. Ele fotografou diversos locais onde Bolsonaro estaria em Juiz de Fora e acompanhou o presidenciável durante todo o dia do atentado.

Oliveira também chegou a ameaçar o candidato de morte cinco dias antes do ataque numa mensagem publicada numa rede social. De acordo com a PF, há alguns meses, ele tentou comprar uma arma, mas desistiu diante as restrições previstas na legislação.

A PF indiciou Oliveira por crime previsto na Lei de Segurança Nacional (LSN) que prevê uma pena de seis a 20 anos de reclusão em caso de lesão corporal grave. "Havia essa discordância em relação aos projetos políticos do candidato e dessa forma se configurou o crime contra a segurança nacional”, argumentou Morais. 

A Polícia Federal anunciou ainda a abertura de segundo inquérito para dar continuidade a apuração do caso, mas descarta o envolvimento de mais pessoas no ataque. A medida seria uma cautela adicional para evitar críticas à apuração.

"No que tange à participação ou coautoria no local do evento, a partir de evidência colhidas, descarta-se o envolvimento de terceiros”, diz o inquérito.

Bolsonaro levou uma facada no abdômen no dia 6 de setembro, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. O agressor foi preso em flagrante logo em seguida e confessou a autoria do crime. Desde então, o candidato segue internado. Da cidade mineira, ele foi transferido para o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

O ataque atingiu uma artéria e os intestinos grosso e delgado do capitão reformado, que passou por uma primeira cirurgia na cidade mineira. Ele precisou ser operado em São Paulo novamente. A previsão é que ele receba alta neste fim de semana. Segundo a agência de notícias Reuters, o candidato deve voltar a fazer campanha somente em 12 de outubro, cinco dias depois do primeiro turno.

Bolsonaro lidera as intenções de voto para a Presidência, de acordo com uma pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira. A sondagem mostrou, porém, que o candidato do PSL estagnou com 28%. O ex-militar continua líder do ranking dos presidenciáveis em quem os eleitores não votariam de jeito nenhum. A rejeição do deputado, no entanto, subiu quatro pontos percentuais e chegou a 46%.

CN/rtr/ots

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