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Indústria alemã teme excesso de oferta e queda do preço do aço

Neusa Soliz7 de março de 2002

As sobretaxas às importações americanas de aço foram criticadas pela indústria alemã. A ThyssenKrupp conta com um aumento da oferta na Europa e que a "guerra do aço" culmine numa "guerra de preços".

Rolos de aço da KruppFoto: AP

A indústria siderúrgica alemã considera ineficientes e perigosas as medidas protecionistas adotadas nos EUA contra as importações de aço. Perigosas porque grandes quantidades de aço poderão ser desviadas para a Europa, ao não encontrarem colocação nos Estados Unidos porque seu preço deixará de ser competitivo com as sobretaxas. Os produtores da União Européia temem a queda dos preços, em conseqüência de um "excedente de oferta" da Europa Oriental e da Ásia.

Diante disso, a Federação das Indústrias Alemãs (BDI) advertiu contra uma eminente "onda de protecionismo". A Confederação das Câmaras Alemãs de Indústria e Comércio (DIHT) referiu-se a uma "arbitrariedade dos Estados Unidos". E o presidente da Federação das Siderúrgicas Alemãs, Dieter Ameling, conclamou a União Européia a "salvaguardar o quanto antes" o mercado europeu do aço contra importações de países externos à comunidade dos 15.

1,2 milhão de toneladas de aço alemão sujeito a tarifas

Conforme Ameling declarou à televisão da Deutsche Welle, a ação contra Washington perante a OMC não bastará. "Nós ganharemos a causa, com certeza, mas deverá demorar meses até sair a sentença". A indústria européia não pode esperar tanto tempo. De parte da Alemanha, trata-se de 1,2 milhão de toneladas de aço que teriam de pagar sobretaxas de 8% a 30%. Ao todo, as empresas alemãs exportaram, em 2001, 1,6 milhão de toneladas de aço aos EUA. A Alemanha foi, assim, o maior exportador da UE, que totalizou 5,5 milhões de toneladas.

ThyssenKrupp

– O segundo maior produtor europeu de aço, a ThyssenKrupp também advertiu contra uma "deslocação do fluxo no comércio mundial do aço". A empresa alemã espera que os produtores tentem desviar suas exportações para outras regiões do globo, principalmente para o mercado europeu que já foi liberalizado, expôs Ulrich Middelmann, presidente da ThyssenKrupp Steel, em Düsseldorf. A siderúrgica Salzgitter teme ainda que a oferta excessiva de aço ameace o reaquecimento da conjuntura, que está despontando.

Empregos não estão ameaçados

- A indústria do aço emprega na Alemanha 98 mil funcionários e não vê risco direto de perda de empregos. No entanto, as conseqüências a longo prazo são imprevisíveis, observa Rainer Schmidt, do Sindicato Alemão dos Metalúrgicos, referindo-se à concorrência mais acirrada na Europa.

"Em princípio os empregos na ThyssenKrupp não estão ameaçados", diz Middelmann. Da produção alemã exportada para os EUA (1,6 milhão de toneladas), a maior siderurgia alemã produz 350 mil toneladas de aço fino para a indústria automobilística, tendo que pagar, no futuro, a sobretaxa máxima de 30%. No entanto, esses produtos correspondem somente de 1% a 2% do faturamento total de 12,6 bilhões de euros.

Tática eleitoral nos EUA

- Não obstante, a indústria não entende porque Washington encetou uma guerra do aço. Nos últimos meses foram discutidas várias propostas que iam ao encontro dos produtores norte-americanos, como um imposto especial de 2% ao longo de cinco anos, que permitiria reunir alguns bilhões de euros para modernizar a siderurgia nos EUA. A União Européia também estaria disposta a aceitar um sistema de quotas, diz Middelmann. A decisão não teria sido tomada por razões objetivas, mas sim por tática política. O presidente da ThyssenKrupp se refere à proximidade de eleições nos estados de Ohio, Pensilvânia e West Virginia, onde se situa a maioria das siderúrgicas.

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