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Indenizações a trabalhadores forçados chegam à fase final

(ca)26 de outubro de 2005

Cinco anos após a criação da fundação, que cuida das compensações aos trabalhadores forçados na Alemanha nazista, as últimas vítimas começam a ser ressarcidas.

Lembrança dos trabalhadores forçados em campos de concentraçãoFoto: dpa

Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 12 milhões de trabalhadores foram trazidos à Alemanha para trabalhos forçados. O trabalho escravo tomou uma dimensão social, como explica o professor de História da Universidade de Freiburg, Ulrich Herbert: "A ocupação de trabalhadores forçados estrangeiros não se restringiu à grande indústria, ela estava presente do campo à cidade, em metalúrgicas, na indústria bélica e até em trabalhos domésticos."

Por iniciativa do governo verde-social-democrata, foi instalada, em 2000, a Fundação Lembrança, Responsabilidade e Futuro, co-financiada pela iniciativa privada, que se responsabilizou pela organização das indenizações e de outras atividades em memória destes trabalhadores.

As indenizações englobavam um montante de 5 bilhões de euros. Mais de 6500 empresas privadas, que ocuparam ou não trabalhadores durante a Segunda Guerra, participaram com um total de 2,5 bilhões de euros.

Desde então, 96% das vítimas já foram indenizadas, em um total de 1,6 milhão de pessoas, a maioria das quais vivem no Leste da Europa, mas também em outras partes do mundo, como os judeus que emigraram para Israel, Estados Unidos ou Argentina.

O preço da dor

Com medo de retaliações por parte dos governos comunistas, por terem trabalhado para os alemães durante a guerra, muitas das vítimas destruíam os seus papéis de identificação, ao voltar para a Rússia, Ucrânia ou Polônia, onde se encontram 80% dos ressarcidos. Um dos trabalhos da fundação foi o de conscientização e o de encontrar estas vítimas.

Identificação de prisioneiro russo, trabalhador forçado no campo de BuchenwaldFoto: AP

Além do Serviço Internacional de Busca, instituído pelos Aliados, onde estão registrados prisioneiros de campos de concentração e trabalhadores forçados, a fundação serviu-se dos arquivos das instituições e das caixas de assistência médica, onde, ironicamente, estes trabalhadores estavam registrados.

Basta, porém, afirmar, perante a fundação, que se esteve na Alemanha e que se trabalhou em determinada fábrica ou instituição, que já se tem direito, após o controle da veracidade dos fatos, a uma indenização.

Para aqueles que vieram à Alemanha trabalhar como empregados domésticos ou na indústria, o valor da indenizações é de 2500 euros. Os prisioneiros de campos de concentração que, durante a prisão, principalmente em Auschwitz, executaram trabalhos forçados, recebem 7500 euros.

Um grupo especial é o daqueles que foram usados como cobaias humanas para os experimentos absurdos dos médicos nazistas; para eles foi reservado um fundo de 50 milhões de euros.

O presidente da Fundação Lembrança, Responsabilidade e Futuro, Hans-Otto Bräutigam, afirma que, até agora, as equipes de controle das indenizações não constataram nenhum caso de fraude. Todos os casos de trabalhos forçados puderam ser comprovados.

Memória não tem preço

No começo, a iniciativa de indenização foi muito criticada, principalmente por organizações formadas pelas vítimas dos nazistas. Temia-se que os ressarcimentos se transformassem em uma questão meramente monetária, desrespeitando as vítimas.

Enforcarmento de trabalhadores forçados, em Colônia, em outubro de 1944Foto: NS-Dokumentationszentrum

Para evitar este perigo, também faz parte das medidas tomadas uma política ativa e engajada de reabilitação da memória. Entre as atividades, estão a organização de encontros entre as vítimas e estudantes alemães e a distribuição de bolsas de estudos aos descendentes das vítimas já mortas.

Prevista para 2006, no bairro berlinense de Schöneweide, a inauguração do memorial aos trabalhadores forçados pelo regime nazista a prestar serviços na Alemanha faz parte das medidas para o ressarcimento das vítimas e para o reconhecimento das atrocidades cometidas pelo regime de Hitler.

Embora o esforço alemão pós-guerra de reabilitação da memória e de indenização a vítimas tenha sido único, do ponto de vista histórico, não pode haver reparação daquilo que já aconteceu. Quem foi torturado, permanece torturado, como escreve o escritor Jean Améry, já falecido e sobrevivente de Auschwitz. Entretanto, a anistia deve servir à vítima e não ao verdugo, acrescenta o escritor.

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