Indiana expõe chantagista virtual e post viraliza nas redes
25 de outubro de 2016
Hacker invade conta da jovem Taruna Aswani e ameaça divulgar fotos e vídeos íntimos. Em vez de ceder à chantagem, ela resolve tornar pública a história e recebe o apoio de milhares de pessoas.
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A história da indiana Taruna Aswani viralizou nas redes sociais nos últimos dias depois de ela ter exposto o chantagista virtual que tentou extorqui-la com fotos e vídeos íntimos. Em postagem no Facebook, ela disse ter tomado a decisão de enfrentar o criminoso cibernético em protesto por todas as mulheres que são assediadas na internet diariamente. Por isso, recebeu amplo apoio na rede.
Aswani, natural de Mumbai, mas residente nos Estados Unidos, publicou o conteúdo de dois e-mails que recebeu do rapaz, nos quais ele afirma ter invadido a conta dela num serviço de armazenamento de dados na nuvem e obtido fotos e vídeos íntimos feitos por ela para um antigo namorado.
Na mensagem, o hacker dá um prazo de 48 horas para que Aswani envie, por e-mail, novas fotos e vídeos de nudez para ele. Identificado como Kevin John no e-mail, o rapaz ameaça espalhar as imagens íntimas da indiana na internet caso ela não faça o que ele está pedindo.
"Tenho acesso aos contatos de todos os seus amigos, familiares e colegas de trabalho. Acho que alguns vão ficar felizes e alguns, envergonhados quando virem [as imagens]", afirmou o rapaz.
Aswani, porém, resolveu não ceder às ameaças. "Por mais embaraçosos que esses vídeos sejam, eu decidi enfrentar esse homem em vez de me acovardar diante de seus pedidos", disse ela no Facebook. "Eu faço isso para que outras mulheres se espelhem e enfrentem valentões e desgraçados como ele."
A postagem, feita no último sábado, já conta com 18 mil curtidas, 4 mil compartilhamentos e mais de 2 mil comentários. Em entrevista ao portal India Today, Aswani afirmou que, de início, ficou receosa em se expor. Após conversar com seus pais e com o namorado, e indignada porque a polícia pareceu não levar a sério a queixa feita por ela, tomou coragem para tornar a história pública.
"Não há nada de errado em manter fotos e vídeos privadas em seu telefone. Aqueles que invadem seus dados privados são os que estão errados, são eles os criminosos. Nunca se acovarde diante dessas pessoas", disse a indiana ao veículo local. "Luto por todas aquelas que sofrem assédio virtual."
Entre os milhares de comentários na publicação de Aswani – que disse ter contratado um detetive para encontrar o hacker –, há muitas mensagens de apoio, também de homens. "Atitude inacreditável. Espero agora que muitas garotas se inspirem em você", escreveu um internauta.
EK/ots
Cubana, feminista e bissexual
Conheça Yasmín S. Portales, ativista e fundadora do Projeto Arco-Íris, a primeira organização cubana independente a integrar a Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais.
Foto: Neysa Jordán
Contra a "rigidez mental"
"Com seu véu, sua pele queimada [num acidente na infância], sua inteligência, seu espírito crítico, seu humor ácido, a foto de seu casamento com Rogelio (ela de véu branco de noiva, como Deus manda) exposta no mesmo blog em que ela se declara bissexual, Yasmín desafia nossa rigidez mental", escreve June Fernández, diretora da publicação feminista "Píkara Magazine", do País Basco.
Foto: Neysa Jordán
Feminista e queer
Cheia de cicatrizes, perguntas e críticas à "lógica da beleza e da feminilidade" e às "dinâmicas de subordinação" da mulher nos "modelos de família vigentes", Yasmín se identifica como uma feminista "queer" – ela defende a ideia de que a sexualidade é fluida e varia ao longo da vida. "Em questão de estética, política e sexualidade, quase ninguém crê nas mesmas coisas aos 20 e aos 45 anos", diz.
Foto: Proyecto Arcoiris
Mãe
A maternidade veio "por acidente", com um filho "desejado, mas não planejado", conta Yasmín. Trouxe à tona todos os temas sobre os quais ela já havia refletido: a premissa de que abandonaria sua carreira, os preconceitos sobre o sexo do bebê, "coisas com que sigo lutando diariamente na educação do meu filho", defendendo-o ou enfrentando-o, conforme o caso.
Foto: Yasmín Silvia Portales
Pesquisadora
Yasmín integra o grupo de trabalho "Anticapitalismo e Sociabilidades Emergentes" do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO). "Seguimos os movimentos sociais na América Latina, os camponeses, as mulheres, as organizações trabalhistas", conta. Em maio deste ano, ela se reuniu com seus colegas no 23º Congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), em Porto Rico.
Foto: Proyecto Arcoiris
"Mudar Cuba de dentro de Cuba"
Como muitos cubanos, "eu brincava com a ideia de emigrar", admite. "Talvez por isso eu acredite no direito dos cubanos e cubanas que emigraram de opinar sobre o destino do país." Yasmín, porém, decidiu "tentar mudar Cuba de dentro de Cuba", atuando em coletivos como o Projeto Arco-Íris e a Rede Social Observatório Crítico, reunida na foto em seu fórum social de 2011.
Foto: Red Observatorio Crítico
Projeto Arco-Íris
Fundado em 2011, o Projeto Arco-Íris se tornou, em 2014, a primeira organização cubana independente a ser aceita como membro pleno da Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais (Ilga, na sigla em inglês). Após lutar contra a exclusão de ativistas independentes, o projeto participou da 6ª Conferência Regional para América Latina e Caribe (Ilga-Lac), em Cuba.
Foto: Proyecto Arcoiris
Com lenço
Yasmín tem duas razões para usar o hijab (vestuário típico da doutrina islâmica), apresentado a ela sob o sol intenso de Quito, no Equador. "A razão pessoal: não gosto de pentear o cabelo", conta ela, rindo. "E a política: sou feminista e me visto como eu quiser." Enquanto algumas mulheres são obrigadas a usar o lenço "em nome da religião ou da integração cultural, eu defendo o poder de escolha".
Foto: Proyecto Arcoiris
"Beijaço"
Em 2012, o Projeto Arco-Íris promoveu a manifestação "Besadas por la Diversidad" (Beijos pela Diversidade), que reuniu dezenas de pessoas na Plaza de la Revolución, em Havana. Em 2014, o protesto ocorreu na cidade de Sagua La Grande (foto). "Um sucesso em Cuba, onde não há acesso aos meios de comunicação, com um tema tabu: como os gays, lésbicas e trans vão tomar o espaço público", conta Yasmín.
Foto: Proyecto Arcoiris
Contra a exclusão
O Arco-Íris também organiza o chamado "Motivitos LGBTQA", idealizado por outra ativista do grupo. Trata-se de um movimento contra a exclusão classista de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queers e simpatizantes, ocorrida em alguns espaços de lazer LGBT, "que se tornaram muito caros", afirma Yasmín.
Foto: Proyecto Arcoiris
Visibilidade na mídia estatal
O primeiro curso de Literatura LGBT em Cuba – organizado em 2014 pelos poetas e críticos cubanos Victor Fowler e Norge Espinosa, membro do Projeto Arco-Íris – levou à publicação de reportagens reflexivas sobre a presença do homoerotismo na arte cubana na edição 38 da revista "Extramuros", produzida pela Secretaria de Cultura de Havana.
Foto: Proyecto Arcoiris
Voluntariado internacional
Em 2013, na Parada do Orgulho Gay em Nova York, nos Estados Unidos, Yasmín ajudou a controlar o trânsito de uma movimentada esquina da cidade. "Foi o melhor trabalho voluntário da minha vida", conta. Na viagem de volta, "o trem estava cheio de gente com bandeirinhas, adesivos, casacos, guarda-chuvas. Fazíamos sinais de cumplicidade, como se soubéssemos de algo muito especial, e sabíamos mesmo".
Foto: Proyecto Arcoiris
Aprendizado
Yasmín está fazendo um curso em Washington sobre o Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos para a Sociedade Civil, promovido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Ela está conhecendo o funcionamento da CIDH, seus funcionários, repórteres e ativistas, assistindo a audiências e aprendendo, "da primeira fila, como se usa o mecanismo e como respondem os Estados".