1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Indonésia ameaça reconsiderar compra de aviões do Brasil

24 de fevereiro de 2015

Recusa brasileira em receber as credenciais do embaixador indonésio poderá afetar relações comerciais, segundo declarações do vice-presidente Jusuf Kalla. Jacarta diz que não aceita ingerência em questões internas.

Widodo e o vice Kalla argumentam com o direito do país de seguir a própria leiFoto: Reuters/Antara Foto/Y. Mahatma

O presidente da Indonésia, Joko Widodo, afirmou nesta terça-feira (24/12) que a execução de 11 condenados à morte no país, a maioria por tráfico de drogas, não será adiada e alertou governos estrangeiros a não intervir no seu direito de usar a pena capital.

"A primeira coisa que preciso dizer com firmeza é que não deveria haver qualquer intervenção em relação à pena de morte porque é nosso direito soberano exercer nossa lei", declarou o presidente. Ele negou pedidos de clemência, apesar de fortes apelos por parte do Brasil, da França e da Austrália, que têm cidadãos na lista de condenados à execução.

As execuções dos brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira, em janeiro passado, e Rodrigo Muxfeldt Gularte, prevista para acontecer nas próximas semanas, vêm causando grande mal-estar diplomático entre Brasil e Indonésia, podendo afetar até mesmo as relações comerciais bilaterais.

Condenado por tráfico de drogas, Marco Archer foi executado em janeiro passadoFoto: REUTERS/Beawiharta

O vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, disse que o governo poderá reconsiderar a compra de 16 aviões de combate Super Tucano da Embraer e lança-foguetes do Brasil, segundo o diário The Jakarta Post.

Um dia antes, o porta-voz da diplomacia indonésia, Armanatha Nasir, declarou que o país asiático aguarda um pedido de desculpas de Brasília pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador indonésio designado para o Brasil, Toto Riyanto. O adiamento foi determinado pela presidente Dilma Rousseff até que a situação das relações diplomáticas entre os dois países esteja resolvida.

Como protesto, no sábado passado a Indonésia chamou Riyanto de volta a Jacarta. "Trata-se de um passo muito extraordinário e antidiplomático", comentou Nasir sobre a atitude brasileira. Ele disse que o embaixador havia sido convidado formalmente a apresentar suas credenciais e, quando já se encontrava no Palácio do Planalto, recebeu a informação de que não poderia mais fazê-lo. Dilma recebeu as credenciais dos embaixadores de Venezuela, Panamá, El Salvador, Senegal e Grécia.

Após a execução de Archer por fuzilamento, Dilma chamou o embaixador brasileiro em Jacarta para consultas, o que é um ato de protesto. O Brasil pede a suspensão da execução de Gularte e sua hospitalização, alegando que ele sofre de esquizofrenia, conforme comprovado pelas próprias autoridades indonésias. Gularte e Archer foram condenados por tráfico de drogas.

A Holanda, que também teve um cidadão condenado à morte no mês passado, também chamou seu embaixador de volta para consulta. A Austrália está em campanha contra a execução de dois australianos.

MSB/lusa/rtr

Pular a seção Mais sobre este assunto