Indonésia busca sobreviventes em meio a caos e devastação
2 de outubro de 2018
Polícia intervém para evitar saques na região de Palu, onde 61 mil estão desabrigados após terremoto e tsunami. ONU alerta que 200 mil pessoas precisam de ajuda imediata, enquanto novos tremores atingem o país.
Anúncio
As autoridades da Indonésia confirmaram nesta terça-feira (02/10) que o número de mortos em consequência do terremoto seguido de um tsunami aumentou de 844 para 1.234. O total de feridos é de ao menos 799, e 99 pessoas ainda estão desaparecidas. Segundo a Agência Nacional de Controle de Desastres, 61 mil pessoas estão desabrigadas.
A maioria das mortes ocorreu na cidade de Palu, capital da província de Celebes Central, a 1,5 mil quilômetros de Jacarta. Os sobreviventes sofrem com a escassez de alimentos e de água potável, enquanto os hospitais estão sobrecarregados. Segundo a ONU, cerca de 200 mil pessoas precisam de ajuda imediata, entre elas, milhares de crianças.
A região insular foi atingida na última sexta-feira por dois terremotos, o último de magnitude 7,5, que gerou um tsunami com ondas de até seis metros de altura. Nesta terça-feira, novos tremores de menores proporções atingiram a ilha de Sumba, a centenas de quilômetros de Palu. Até o momento não houve novos alertas de tsunami para a região.
Policiais intervieram com tiros de advertência e gás lacrimogêneo para evitar saques a lojas e supermercados na região de Palu. As autoridades afirmam que, inicialmente, a polícia agiu com tolerância quando pessoas desesperadas saqueavam lojas fechadas em busca de água e alimentos, mas que 35 pessoas foram presas roubando computadores e dinheiro.
"No segundo dia [após a catástrofe], alimentos começaram a chegar, apenas precisam ser distribuídos. Agora, temos de fazer cumprir a lei", disse o chefe de polícia Ari Dono Sukmanto. "Se as pessoas roubam, as prendemos e investigamos."
Mas, apesar das garantias das autoridades, nas ruas de Palu o desespero era visível. Alguns sobreviventes tentavam recuperar objetos entre os destroços enquanto outros se acumulavam nos poucos edifícios onde ainda havia energia elétrica. Muitas pessoas se acumulavam nas filas para água e gasolina, trazidas por comboios acompanhados de policiais armados, e nos caixas automáticos.
As operações de resgate são comprometidas pela falta de maquinário pesado, dificuldade de acesso e pela própria dimensão dos estragos, além da relutância do governo indonésio em aceitar ajuda estrangeira.
Em Poboya, nas proximidades de Palu, voluntários começaram a preencher uma enorme vala comum com capacidade para até 1,3 mil mortos.
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, ordenou o reforço do contingente das equipes de resgate em busca de sobreviventes e vítimas, com o envio de mais policiais e soldados às regiões afetadas.
"Há algumas prioridades com as quais temos que lidar. A primeira delas é evacuar, encontrar e salvar vítimas", afirmou Widodo. Muitas localidades estão isoladas pelas quedas de pontes e deslizamentos de terra que bloquearam estradas.
A Itália já foi atingida por dois tremores de terra em 2016. Também no Chile e no Japão, abalos sísmicos causaram mortes e destruição. Conheça as regiões do mundo mais propensas.
Foto: Reuters/M. Rossi
Itália
Dois tremores de magnitude 5,4 e 6,0 na escala Richter foram registrados na noite de 26 de outubro no centro da Itália, na mesma região afetada há dois meses por outro forte terremoto, que causou a morte de quase 300 pessoas. Na foto, a destruição causada pelo sismo mais recente em Norcia.
Foto: Reuters/E. Grillotti
Antes e depois
Imagens de antes e depois do terremoto de agosto na Itália. Na foto, uma casa da cidade de Accumoli, no centro da Itália, onde o abalo de 6,2 na escala de Richter causou mortes e devastação.
Japão
Um terremoto no Japão em abril causou destruição, como nesta rodovia em Minamiaso, no sul do país.
Foto: Reuters/Kyodo
Equador
Os terremotos estão relacionados ao deslocamento das placas tectônicas que formam o planeta. Tremores de terra são comuns no Equador porque o país fica perto do encontro de duas placas tectônicas, a de Nazca e a Sul-Americana. Na foto, a destruição em Pedernales no abalo de abril deste ano.
Foto: Reuters/G.Granja
Onde as placas se encontram
Sete placas tectônicas compõem a superfície da Terra. Nos locais onde elas se encontram são maiores os riscos de terremoto. No Nepal, a colisão da placa indiana com a placa da Eurásia causou um forte terremoto em 25 de abril de 2015. É um dos sete lugares do planeta mais propensos a terremotos.
Bhaktapur, antes
Em Catmandu, no Nepal, sete patrimônios mundiais da Unesco atraem nepaleses e outros visitantes. Na foto, as pessoas estão celebrando o Festival Gaijatra na praça histórica em Bhaktapur, em agosto de 2014.
Foto: picture alliance/landov
Bhaktapur, depois
Voluntários cavam com as mãos para tentar resgatar sobreviventes soterrados pelas ruínas de templos que ruíram no terremoto no Nepal em 2015, causando a morte de cerca de 9 mil pessoas.
Foto: Reuters/D. Siddiqui
Tsunami de 2011
O Japão fica a mais de 5 mil quilômetros do Nepal. Mas, em março de 2011, um terremoto causou um dos piores tsunamis já vistos no Japão. Além das 18 mil pessoas declaradas mortas, ele causou explosões nos reatores nucleares em Fukushima, que vazaram material radioativo para o meio ambiente, mais do que o liberado na catástrofe de Chernobyl.
Foto: picture-alliance/dpa
Japão, hoje
O Japão é um especialista em terremotos. Há treinamentos para situações de emergência e os arranha-céus são construídos sobre bases móveis que absorvem os choques de um terremoto. E o país também é conhecido por suas usinas nucleares. Em 2010, a usina Takahama (foto acima, do outro lado da ilha de Fukushima) era uma das 55 usinas nucleares, que fornecem 30% da eletricidade consumida no Japão.
Foto: AFP/Getty Images/JIJI Press
Andamão, no Oceano Índico, hoje
As Ilhas Andamão, que são parte da Índia, ficam perto da junção das placas continentais da Índia e da Eurásia. Por causa da alta pressão entre as placas, terremotos são comuns na região.
Foto: picture-alliance/dpa
Andamão em 2004
O pior dos terremotos recentes nesta área ocorreu em 26 de dezembro de 2004. Ele foi o terceiro mais forte já medido. O tsunami que se seguiu matou 230 mil pessoas ao longo da costa.
Foto: AFP/Getty Images/Choo Youn Kong
Yunnan, China
A província chinesa de Yunnan é conhecida por suas belas paisagens, seus terraços de arroz – e seu risco de terremotos. Como Yunnan fica no encontro das placas tectônicas da Índia e da Eurásia, o movimento delas pode causar sérios tremores.
Foto: picture alliance/ZUMA Press
Yunnan, China (2014)
Em agosto de 2014, mais de 400 pessoas morreram e cerca de 10 mil ficaram desabrigadas após um terremoto de magnitude 6,5. Abalos sísmicos fortes são comuns na China. Em 2008, um tremor causou a morte de 70 mil pessoas na província de Sichuan.
Foto: Reuters
L'Aquila, Itália
Embora a Europa não seja uma região conhecida por terremotos frequentes, eles são mais comuns do que se pensa. A Itália é especialmente afetada pelo choque da placa africana com a do continente europeu.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Barone
L'Aquila, Itália (2009)
Em 2009, um terremoto matou 300 pessoas e mais de 10 mil ficaram desabrigadas em L'Aquila, na Itália. Sete cientistas foram condenados por homicídio culposo por não terem advertido sobre a iminência do terremoto. Apesar dos métodos científicos mais modernos, os terremotos não podem ser previstos com certeza.
Foto: picture alliance/INFOPHOTO
São Francisco, EUA
A ponte Golden Gate é a atração turística mais conhecida de São Francisco. Mas ela está ameaçada: os cientistas dizem que, em breve, o pior terremoto do século pode atingir a cidade. Responsável por isso é a falha de San Andreas, onde a placa norte-americana encontra a placa do Pacífico, ao largo da costa da Califórnia.
Foto: DW
São Francisco, EUA (1906)
Em 1906, São Francisco foi destruída por um abalo sísmico que causou incêndios. Este é considerado um dos mais mortais desastres naturais da história dos Estados Unidos, com a morte de 3 mil a 6 mil pessoas.
Foto: picture-alliance/akg-images
Valdivia, Chile
Hoje, nada na idílica Valdivia, no sul do Chile, lembra o perigo de terremotos. Na costa chilena, a placa sul-americana se encontra com a placa de Nazca.
Foto: Elio Caro/Virtual Publicidad
Valdivia, Chile (1960)
Com uma magnitude de 9,5, este foi o terremoto mais forte já medido. Em 1960, o tremor destruiu grande parte do sul do Chile. Ao menos 1.700 pessoas morreram, com milhões de desabrigados.