Estimativa é da oposicionista Assembleia Nacional, que, desde que o Banco Central parou de divulgar índices econômicos, é único órgão a fornecer dados sobre aumento dos preços.
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A Venezuela fechou o ano 2017 com uma inflação acumulada de 2.616%, segundo dados revelados nesta segunda-feira (08/01) pela Assembleia Nacional (Parlamento). Só em dezembro a taxa foi de 85%.
"Não há aumento de salário que possa combater esta situação", comentou, durante a apresentação, o deputado oposicionista Rafael Guzmán, aludindo aos constantes aumentos salariais com que o governo de Nicolás Maduro tenta compensar a explosão de preços. "Somos o único país do mundo com superinflação" – como é denominada a inflação superior a 50%.
Guzmán integra a Comissão de Finanças do Parlamento, último dos poderes nas mãos da oposição venezuelana, e única instituição oficial a divulgar dados de inflação, desde que, em 2015, o Banco Central parou de oferecer números sobre esse e outros indicadores econômicos.
Numa coletiva de imprensa, o presidente da Comissão de Finanças, José Guerra, atribuiu a inflação desenfreada à impressão de dinheiro pelo Banco Central, através da qual o governo teria financiado 70% de seu déficit.
Se isso continuar, "estamos falando de uma inflação que pode superar 10.000%", afirmou o economista com longa trajetória no Banco Central.
Por sua vez, Rafael Guzmán apontou a "queda livre" do bolívar em relação ao dólar, no mercado paralelo, como uma das causas do aumento de preços na Venezuela.
Segundo ele, essa desvalorização da moeda nacional se deveria ao controle de câmbio imposto pelo governo em 2003. Devido a isso, o governo vinha concedendo dólares a empresas do setor privado a uma taxa preferencial muito inferior à cotação da moeda americana no mercado livre, que é ilegal na Venezuela.
Os críticos desse sistema o denunciam como uma fonte de corrupção, que permite a revenda dos dólares no mercado negro com enorme margem de lucro.
Atolado em dificuldades financeiras, desde agosto o governo Maduro não disponibiliza dólares nem nenhuma outra divisa, o que redobrou a pressão sobre o preço da moeda americana no mercado paralelo.
AV/efe
Brasil como esperança para refugiados venezuelanos
Despotismo estatal, crise de abastecimento, violência: esses são apenas alguns dos motivos por que milhares de venezuelanos abandonam seu país. Para muitos, o vizinho Brasil significa o começo de uma nova vida.
Foto: Reuters/N. Doce
Boa Vista: abrigos emergenciais em barracas
Muitos refugiados da Venezuela primeiro encontram abrigo no Brasil em barracas. As desta foto foram armadas pela Defesa Civil da cidade de Boa Vista, em Roraima. Em plena região amazônica, a cerca de 200 quilômetros da fronteira com a Venezuela, os refugiados recebem alojamento improvisado. A Igreja Evangélica local distribui refeições aos necessitados.
Foto: Reuters/N. Doce
Próxima parada: ginásio poliesportivo
O primeiro teto sobre a cabeça de muitos refugiados é o de um ginásio poliesportivo. Para o Brasil, que também enfrenta uma crise econômica, o acolhimento dos refugiados é tarefa complicada. Inúmeras cidades brasileiras já anunciaram a falta dos recursos necessários. Manaus, capital do Amazonas, já declarou estado de calamidade social.
Foto: Reuters/N. Doce
Aparência digna, mesmo na necessidade
Um cabeleireiro se ocupa de outro refugiado ao ar livre. Muitos jovens venezuelanos tentam a sorte no lado brasileiro da fronteira ou em outros países. Estima-se que cerca de 34 mil abandonaram a Venezuela em 2016. Em 2018, são esperados mais de 2 milhões de refugiados.
Foto: Reuters/N. Doce
Dar à luz no Brasil
Esta venezuelana deu à luz seu bebê no Brasil e recebe assistência no hospital. Em seu país, a assistência médica é extremamente restrita. Em situação econômica desoladora, o Estado venezuelano está incapacitado de adquirir os medicamentos e tecnologia médica necessários para assistir a população.
Foto: Reuters/N. Doce
Trabalho a todo custo
Nem bem chegam ao Brasil, os refugiados buscam alguma oportunidade de trabalho. As poucas economias que trazem consigo, em bolívares, não têm valor algum no Brasil. Por não encontrarem com facilidade empregos correspondentes a sua qualificação, mesmo venezuelanos com boa formação acadêmica têm que aceitar trabalhos informais.
Foto: Reuters/N. Doce
Vendedores ambulantes
Como a situação econômica no Brasil também é tensa, os refugiados concorrem com os vendedores ambulantes locais. Este homem portando uma mochila com as cores da bandeira nacional da Venezuela vende na rua pequenos acessórios para automóveis, como limpadores de para-brisa, protetores solares para vidros e sets de limpeza.
Foto: Reuters/N. Doce
Abrigos nas ruas
Atrás de um ginásio poliesportivo onde refugiados venezuelanos estão abrigados, esta família descansa em redes montadas na rua. Em muitos países sul-americanos, as redes são o lugar preferido para se dormir. A presença desses refugiados em Boa Vista, Roraima, vem gerando fortes sentimentos xenófobos entre a população local.
Foto: Reuters/N. Doce
Na mira das autoridades
Policiais de Boa Vista, Roraima, controlam regularmente os lugares onde vivem e se reúnem os refugiados venezuelanos. Sua situação de vida complicada acaba empurrando-os para a ilegalidade. A fim de melhorar suas condições financeiras, alguns se tornam criminosos, outros se prostituem – um desafio para forças de segurança e sociedade locais.