Governo divulga dados sobre multas aplicadas na cidade em 2017. Infrações se igualam a número de habitantes. Estacionamento em local proibido é o campeão entre as irregularidades.
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Excesso de velocidade, estacionar em local proibido e passar no sinal fechado estão entre as infrações de trânsito mais comuns em qualquer lugar do mundo. Quem não respeita as regras, além de colocar vidas em risco, acaba contribuindo para os cofres públicos – e é assim também em Berlim.
Recentemente, o governo local divulgou dados sobre multas de trânsito na capital da Alemanha. Nunca imaginei que o número de infrações de veículos automotivos pudesse se igualar ao número de habitantes (em Berlim são cerca de 3,7 milhões), afinal nem todo mundo possui algum tipo de veículo motorizado. E mesmo se todos tivessem, teriam que cometer pelo menos uma irregularidade no ano para se chegar a essa cifra.
Mas foi justamente isso que aconteceu. Em 2017, 3,7 milhões de infrações foram cometidas em Berlim. Elas renderam mais de 75 milhões de euros aos cofres da cidade. Para se ter uma ideia melhor do que esse números significam: a cidade tem pouco mais de 1,4 milhão de automóveis registrados, segundo os dados mais recentes, que são de 2015.
O grande campeão no ranking das ilegalidades automotivas foi estacionamento em local proibido, mas dados exatos sobre a quantidade de multas aplicadas não foram divulgados. Mas como base numa ação da polícia de cinco dias de tolerância zero contra essa infração em algumas ruas da cidade que ocorreu em outubro, dá para imaginar a dimensão dessa ilegalidade.
Em apenas cinco dias foram multados mais de 6,1 mil motoristas. Grande parte deles estava usando as ciclovias como estacionamento, algo que dificulta bastante a movimentação de quem roda de bicicleta pela cidade é obrigado a desviar de obstáculos constantemente e muitas vezes em manobras que colocam sua vida em risco. Em 2017, também foram guinchados 50 mil carros estacionados em local proibido, a maioria na faixa exclusiva para ônibus.
Já os radares, tão odiados no Brasil, registraram em apenas um ano cerca de 230 mil infrações por excesso de velocidade e 50 mil por passar no sinal fechado. Isso que a capital alemã tem apenas 18 radares fixos de velocidade e em sinais.
Em uma rodovia que corta a cidade, a cada cinco minutos um carro era pego pelo radar por excesso de velocidade. Com custo de manutenção de cerca de 129 mil euros por ano, os objetos são realmente lucrativos. Os radares berlinenses arrecadaram mais de 8 milhões de euros em multas.
Ao apresentar os números, o governo local também anunciou que pretende instalar em breve dez novos radares. E os números compravam a necessidade de ampliar esse controle. Apesar das leis de trânsito, 3,7 milhões de infrações, sendo cerca de 280 mil por excesso de velocidade ou furar o sinal fechado, mostram que muitos ainda precisam aprender a respeitar a legislação de trânsito.
Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.
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60 anos do Trabant, ícone da Alemanha Oriental
Em 7 de novembro de 1957, o primeiro "Trabi" saiu da fábrica. O famoso carro da antiga RDA foi produzido até 1991. Após desaparecer das ruas, ele foi redescoberto como objeto cult e hoje tem uma legião de fãs.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Pleul
"Trabi" e seus fãs
Poucos carros foram citados tantas vezes em músicas e filmes como o Trabant. Também conhecido como "Trabi", ele foi lançado há 60 anos. Após a queda do Muro de Berlim, a maioria dos alemães do leste quis se dissociar de seus "Trabis" o mais rápido possível. Hoje, o pequeno automóvel tem uma comunidade leal de fãs, com mais de 34 mil unidades circulando pelas ruas.
Foto: picture-alliance/dpa/Pisacreta
A necessidade é a mãe da invenção
Os Trabants eram fabricados na pequena cidade saxã de Zwickau. O "Bombardeiro de Plástico" (Duroplastbomber), com seu inconfundível motor de dois tempos, foi produzido mais de três milhões de vezes. A famosa carroceria feita de plástico nasceu da necessidade: chapas de metal eram escassas na RDA. Em 7 de novembro de 1957, saiu da fábrica o primeiro "Trabi", e em 1991, o último – cor-de-rosa.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
"Papelão de corrida"
Batizado na linguagem popular de “papelão de corrida” (Rennpappe) devido à sua construção leve, o pequeno automóvel tinha entre 18 e 26 cavalos de potência e alcançava até 110 km/h – ainda que a comunicação a bordo ficasse comprometida por causa do ruído imenso. Apesar da produção em série na fábrica de automóveis VEB Sachsenring, novos "Trabis" eram escassos.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
Somente para aqueles com paciência
"Um Trabant de cor azul-celeste percorreu o país", cantarolou Sonja Schmidt em uma canção de 1971. Muita paciência era necessária, no entanto, até que um cidadão da RDA pudesse ter um carro para chamar de seu. O tempo de espera para se obter um Trabant era de em média 12 anos, e, em alguns casos, muito mais.
Foto: picture-alliance/dpa/W.Steinberg
Rumo à Reeperbahn
Imediatamente após a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, muitos Trabants passaram a circular também nas estradas da Alemanha Ocidental. Um dos destinos era "a milha mais pecaminosa do mundo", a Reeperbahn, em Hamburgo. A famosa avenida era repleta de bares de striptease, cinemas pornôs e cassinos, coisas que não existiam no lado oriental.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Rehder
Um ícone das duas Alemanhas
O "Trabi" representava o estigma do qual muitos alemães do leste queriam se livrar após a Reunificação, e, ao mesmo temo, tornou-se símbolo dos belos momentos que se seguiram à queda do Muro de Berlim. Os alemães ocidentais receberam os primeiros carros da RDA que cruzaram as fronteiras abertas com "batucadas de Trabi" (Trabitrommeln), ou seja, batidas no teto de plástico do carro.
Foto: Imago/Sven Simon
Viagem no tempo
Hoje, o pequeno carro é, antes de tudo, objeto de coleção. Diversos fã-clubes e associações se reúnem regularmente para cuidar do patrimônio cultural que o "Trabi" se tornou. Em Berlim, os turistas podem até alugar o veículo perto de "Checkpoint Charlie" e, por um momento, se sentir como cidadãos da RDA após a queda do Muro de Berlim.
Foto: picture alliance/W. Steinberg
Dois andares
O pequeno "Trabi" não comporta muita bagagem. Mesmo assim, há seis décadas ele presta um bom serviço como veículo de férias. No encontro internacional de motoristas de Trabant realizado em Zwickau em junho de 2017, fãs do automóvel demonstraram como isso é possível, por exemplo, com uma barraca no telhado.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Willnow
Calor do ninho
Desmantelar um "Trabi" seria uma pena. Este, inclusive, foi erguido do chão em Bechlin, no estado de Brandemburgo, e hoje é o lar de um casal de cegonhas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
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Outros "Trabis", atualmente, servem de espaço publicitário. Na ilha de Usedom, eles apontam o caminho para o Museu de Tecnologia de Duas Rodas em Dargen, onde são exibidos carros dos últimos 50 anos.
Foto: picture alliance/dpa/S. Sauer
Estrela de Hollywood
O "Trabi" não tem fãs só no leste da Alemanha. Em 2014, o ator americano Tom Hanks realizou um sonho com a compra de um Trabant azul-celeste modelo "P 601 deluxe". Mas o carro não será visto nas ruas de Hollywood. Hanks doou o carro para o Museu do Automóvel em Los Angeles.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Markert
Volta ao mundo
O aventureiro tcheco Dan Priban também é fã do Trabant – e com ele já cruzou os Andes, a África e a Austrália. Nos tempos da RDA, o "Trabi" não costumava ir muito além do lago Balaton, na Hungria.
Foto: picture-alliance/dpa/Michael Heitmann
Pronto para a largada: Trabant 2.0
Em 2009, uma nova versão do Trabant foi apresentada no Salão do Automóvel de Frankfurt, e, no ano seguinte, seus criadores chegaram a receber um prêmio. O "Trabi nT" tem um motor elétrico e pode atravessar as ruas a uma velocidade máxima de 130 km/h. Para a produção em série, porém, ainda falta o capital. Talvez os investidores se sensibilizem com o 60º aniversário do famoso "Trabi".