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Infraestrutura e paz com rebeldes são desafios para a recuperação do Mali

Dirke Köpp (ca)19 de setembro de 2013

Por muito tempo, o país foi considerado um modelo na África Ocidental. Mas um golpe de Estado e uma guerra civil destruíram a infraestrutura local. Agora, é importante restabelecer a paz e reaquecer a economia.

Foto: DW/K. Gänsler

O novo presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, assumiu o compromisso da reconciliação nacional. Já quando foi empossado, em 4 de setembro último, o presidente malinês conferiu absoluta prioridade à reconciliação e à solução da questão dos tuaregues.

De fato, pela primeira vez, existe agora um ministro para a reconciliação nacional e para o desenvolvimento do norte do Mali. E já poucos dias após a sua posse, Ibrahim Boubacar Keita – que é conhecido no Mali somente pelas iniciais IBK – anunciou um diálogo com representantes do norte e também um acordo de paz entre o governo interino do Mali e membros das organizações tuaregues.

No entanto, até agora não existe nem data para as negociações nem está claro quem vai participar delas em nome dos diversos grupos no norte. Caso elas sejam realizadas somente com os rebeldes tuaregues, o sucesso das conversas pode ser ameaçado, na opinião de Henner Papendieck, especialista em Mali.

Papendieck dirigiu durante muitos anos o programa para o norte do Mali da Sociedade Alemã de Cooperação Internacional (GIZ). Atualmente, ele presta assessoria em política de desenvolvimento e apoiou os malineses na preparação das eleições em meados deste ano. "Os rebeldes não representam a população afetada. A prioridade deveria ser trazer de volta a população que está nos campos de refugiados, para que as pessoas possam se pronunciar sobre o que querem para o futuro", sugere.

Também os rebeldes estão reticentes

Papendieck se ocupou intensamente dos problemas do norte do Mali – das várias rebeliões tuaregues e dos objetivos do movimento tuaregue MNLA, o Movimento Nacional de Libertação do Azawad. Esse é nome dado pelos tuaregues à região do norte do Mali, por cuja independência eles vêm lutando há décadas.

Na visão de Papendieck, o MNLA não é um movimento com apoio popular, mas uma minoria de ex-militares e alguns intelectuais. O mesmo acontece com combatentes islâmicos e representantes da etnia árabe no Mali, que também se engajam pela independência do Azawad. "Do ponto de vista das pessoas no norte do Mali, elas não se sentem representadas por nenhum desses grupos armados", ressalta Papendieck.

Ibrahim Boubacar Keita quer diálogo com o norteFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

Pelo lado do MNLA, por sua vez, existem reservas sobre as negociações com o novo governo do Mali. "Não nos importamos que também outros movimentos, principalmente a sociedade civil, participem das negociações", disse o porta-voz do MNLA Moussa Ag Assarid, em conversa com a Deutsche Welle. "Mas não queremos que o passado se repita e que nos seja oferecida a descentralização como a solução para todos os problemas, visto que alcançamos já em 1992 um status especial para o Azawad."

Mais uma vez, o conflito armado

Na opinião dos tuaregues, o acordo de paz fechado na ocasião não foi implementado devidamente pelo governo malinês. Por esse motivo, eles se juntaram às milícias islâmicas. Além disso, a violência no norte do país ainda não chegou ao fim. Na quarta-feira (11/09), registraram-se novamente confrontos entre o Exército malinês e os rebeldes tuaregues.

O MNLA acusa os militares de terem iniciado os confrontos na fronteira com a Mauritânia. "Bamako não respeita o cessar-fogo", critica a exilada malinesa Nina Wallet Intalou, que representa o MNLA na Mauritânia.

Governo malinês e rebeldes tuaregues fecharam acordo de paz provisório em junhoFoto: AHMED OUOBA/AFP/Getty Images

Segundo a agência de notícias AFP, também nesta semana soldados franceses descobriram um carro cheio de explosivos no norte do Mali, uma base nada sólida para negociações.

Infraestrutura tem de ser reconstruída

Mas há ainda pré-requisitos não menos difíceis para a paz e o ressurgimento da democracia no Mali. Porque a economia e a infraestrutura estão arrasadas: a guerra destruiu estradas e prédios públicos e também escolas e hospitais no norte do Mali. Muitos malineses deixaram o país ou estão desempregados. O presidente Keita deu um primeiro passo e nomeou o economista Oumar Tatam Ly como primeiro-ministro.

Entretanto, o especialista em Mali Papendieck continua a ver uma responsabilidade por parte da comunidade internacional. "Agora se trata de arregaçar as mangas e dizer: 'podemos realmente resolver o problema'." Em sua opinião, o Mali deverá ser foco da política de cooperação econômica nos próximos cinco a dez anos. Pois certamente esse será o tempo necessário para que o Mali, após 18 meses de crise econômica, volte a ser tão potente quanto antes do golpe de janeiro de 2012.

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