Impostos
26 de fevereiro de 2008A Procuradoria Pública de Bochum informou, nesta terça-feira (26/02), que constatou, até agora, o desvio de mais de 200 milhões de euros por parte de cidadãos alemães para Liechtenstein, como forma de escapar do fisco.
Em 120 casos de buscas envolvendo 150 pessoas, informou a Procuradoria, declaram-se culpados 91 suspeitos – 72 apresentaram autodenúncia. O fisco alemão já conseguiu recuperar cerca de 30 milhões de euros, pagos pelos que confessaram a culpa.
Na segunda-feira passada, o governo alemão anunciou que fornecerá informações sobre cidadãos de outros países envolvidos na evasão fiscal. O escândalo promete, agora, se espalhar pela Europa.
Nesta terça-feira, o príncipe Albert 2° de Mônaco chegou a Berlim para discutir o assunto com a chanceler federal Angela Merkel. Segundo o governo alemão, Liechtenstein, Andorra e Mônaco falham no cumprimento de padrões fiscais estabelecidos pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OECD).
Serviço gratuito
"Nós responderemos a requisições neste sentido", declarou o porta-voz do Ministério alemão das Finanças, Thorsten Albig, acrescentando que a Alemanha não cobrará por este serviço. Presume-se que o Serviço Federal de Informações (BND) alemão pagou 4,2 milhões de euros a um ex-funcionário do grupo bancário LGT, de Liechtenstein, por lista contendo cerca de 700 nomes de sonegadores, alemães e de outras nações, que preferiram aplicar seu dinheiro em contas secretas do principado alpino.
O jornal alemão de economia Handelsblatt afirmou que os governos da Finlândia, da Suécia, Noruega e Holanda sinalizaram interesse em obter a lista dos clientes do banco de Liechtenstein. Na segunda-feira, o fisco britânico informou que também pagou por informações sobre contas secretas de seus cidadãos em Liechtenstein.
A lista conteria o nome de cem ricos súditos britânicos, cujos impostos sonegados perfariam um total de 100 milhões de libras esterlinas (cerca de 132 milhões de euros). Segundo o Financial Times, o Reino Unido recusou a oportunidade, dois anos atrás, de adquirir a lista, mudando de idéia após a Alemanha ter anunciado que compraria os dados.
Privilégios fiscais no Reino Unido
O centro financeiro londrino ainda está calmo. Ainda não houve buscas como na Alemanha e, segundo o Financial Times Deutschland (FTD), o sistema tributário britânico trata cidadãos ricos com muita consideração.
"Até agora, os britânicos eram da opinião que deviam atrair milionários, bilionários e pessoas de negócio de sucesso e, para tal, lhes proporcionaram grandes vantagens tributárias. Existe o famoso caso do empresário indiano do ramo siderúrgico Lakshmi Mittal, que, apesar ser um dos homens mais ricos do mundo, pagava somente 2 mil libras de impostos municipais", explica Heimo Fischer, jornalista do FTD.
Mas o clima mudou na ilha e as autoridades britânicas começam a se interessar pelas contas de Liechtenstein. Durante as investigações sobre o escândalo no principado alpino, autoridades alemãs apontaram que Andorra e Mônaco também não cumprem os padrões fiscais estabelecidos pela OECD.
Nesta terça-feira, o príncipe Albert 2° chegou a Berlim, onde se encontra com a chanceler federal Angela Merkel. O papel de Mônaco como paraíso fiscal deverá ser foco da conversa entre ambos, na quarta-feira.