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"Iniciativa de paz não deve ser contra Ucrânia", diz Scholz

14 de maio de 2023

Chanceler federal da Alemanha recebe Volodimir Zelenski em Berlim. Ao serem questionados sobre oferta do Brasil, líderes ressaltam que proposta precisa prever retirada de tropas russas do território ucraniano.

Presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, ao lado do chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, durante coletiva em Berlim
Essa foi a primeira viagem do líder ucraniano à Alemanha desde o início da guerra Foto: Matthias Schrader/AP Photo/picture alliance

O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, recebeu neste domingo (14/05) o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em Berlim. Essa foi a primeira viagem do líder ucraniano à Alemanha desde o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Zelenski foi recebido com honras militares ao chegar à chancelaria na capital alemã. O presidente ucraniano e Scholz ficaram em silêncio enquanto eram tocados os hinos dos dois países. Depois do encontro, os líderes participaram de uma coletiva de imprensa.

Scholz prometeu ao povo ucraniano continuar enviando ajuda militar, humanitária e financeira pelo tempo que for necessário. "Não vamos abrandar nosso apoio", destacou, acrescentando que a solidariedade alemã para com a Ucrânia é "contínua e forte".

A viagem de Zelenski à Alemanha ocorreu um dia depois de o país anunciar um novo plano de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 2,7 bilhões de euros (cerca de R$ 14,5 bilhões), que inclui tanques, blindados e sistemas de defesa aérea. O presidente ucraniano afirmou que esse anúncio "é muito importante", além de ser uma "forte ajuda". Ele disse ainda esperar que a Alemanha envie caças a Kiev.

Zelenski foi recebido com honras militares em BerlimFoto: Matthias Schrader/AP Photo/picture alliance

Ao comentar a ofensiva das forças ucranianas que está em preparação, Zelenski destacou ainda que não é objetivo de seu país atacar a Rússia. "Não temos tempo, nem forças para isso. Também não temos mais armas para isso". Ele ressaltou que a ofensiva visa exclusivamente a recuperar o território ocupado.

"Estamos motivados e acho que estamos quase pontos para essa vitória", afirmou Zelenski, destacando que o povo ucraniano acredita na vitória.

Iniciativa de paz promovida pelo Brasil

Ao serem questionados sobre a iniciativa de paz promovida pelo Brasil, Zelenski afirmou que a Ucrânia está disposta a conversar sobre qualquer proposta, no entanto, lembrou que a guerra está ocorrendo em território ucraniano e, por isso, qualquer iniciativa neste sentindo deve ser baseada no plano de paz proposto por Kiev.

Já Scholz destacou que a Ucrânia está pronta pela paz, mas que isso não significa congelar o conflito e aceitar a paz ditada pela Rússia. "Se trata de um ataque imperialista ao território ucraniano. A paz e a segurança na Europa estão ameaçadas pela ideia de que um país poderoso pode atacar outro com menos poder e tomar uma parte de seu território".

O líder alemão ressaltou que o ataque à Ucrânia faz parte do "projeto imperialista" do presidente russo, Vladimir Putin. Scholz disse ainda que qualquer iniciativa de paz é bem-vinda, mas não deve ser contra a Ucrânia e precisa prever a retirada das tropas russas do território ucraniano.

"Precisamos dizer aos países na América do Sul, na África e na Ásia que não há dois pesos e duas medidas. Os problemas que ocorrem em seus países nos tocam do mesmo modo. O ataque de um país poderoso a um país vizinho são também um problema nosso, mesmo quando longe de nós", afirmou Scholz.

Encontro com Steinmeier

Em Berlim, os compromissos oficiais de Zelenski começaram com uma reunião no início da manhã deste domingo com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier.

"A Alemanha provou ser o nosso verdadeiro amigo e aliado de confiança, apoiando o povo ucraniano firmemente na luta para a defesa da liberdade e dos valores democráticos", escreveu o líder ucraniano no livro de visitas do Palácio Bellevue. Zelenski agradeceu ainda Steinmeier por seu "apoio pessoal à Ucrânia" e os alemães "por sua solidariedade fantástica".

No Palácio Bellevue, Zelenski assinou livro de visitasFoto: Michele Tantussi/REUTERS

As palavras amistosas veem após um período conturbado. Em abril, Steinmeier planejava visitar Kiev, mas foi desconvidado devido ao seu apoio a políticas favoráveis à Rússia durante o período em que foi ministro do Exterior alemão, entre 2013 e 2017. Kiev indicou na época que ele não era bem vindo no país. No final de outubro, Steinmeier finalmente viajou à capital ucraniana, onde foi recebido por Zelenski.

Na Alemanha, o presidente ucraniano irá receber ainda para o povo ucraniano o Prêmio Carlos Magno, numa cerimônia na cidade de Aachen. O prêmio é considerado uma das honras mais importantes da Europa. Desde 1950, ele é atribuído a personalidades que contribuem para a unificação europeia.

A viagem de Zelenski à Alemanha ocorre um dia após sua ida à Itália, onde ele foi recebido pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e pelo presidente Sergio Mattarella. Ele se reuniu ainda com papa Francisco no Vaticano. O encontro marcou a primeira reunião pessoal entre os dois desde o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

Zelenski está visitando os aliados em busca de mais armas para ajudar o seu país a se defender da invasão russa e de fundos para reconstruir o que foi destruído neste mais de um ano de conflito.

cn (dpa, Reuters, AFP, AP)

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