Inpe registra pior marca da série histórica no desmatamento
28 de outubro de 2022
Dados do sistema Deter revelam que, em nove meses, Amazônia perdeu 9,277 km2 de vegetação nativa, o que sugere um novo recorde até o final do ano. ONGs denunciam impunidade e ausência do Estado na região.
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O sistema de alerta de desmatamento na Amazônia Legal registrou a pior marca da série histórica, o que sugere que um novo recorde na perda de vegetação nativa do bioma amazônico deverá ser atingido até o final do ano.
Até o dia 21 de outubro, a Amazônia já havia perdido 9.277 quilômetros quadrados de floresta, o índice mais alto desde 2015, quando foram iniciadas as medições. Os dados divulgados nesta sexta-feira (28/10) foram obtidos através do Sistema de Detecção de Desmatamento da Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O número mais elevado de alertas já registrado pelo Deter, que utiliza imagens de satélite, surgiu no primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019, com a devastação de 9.178 quilômetros quadrados de floresta.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, uma rede que agrupa em torno 80 ONGs ambientalistas no Brasil, entre estas o Greenpeace e a WWF, afirma que o desmatamento na Amazônia está fora de controle.
"Não existe nenhuma ação do governo federal para frear o desflorestamento na Amazônia. Diminuí-lo não é uma preocupação do governo Bolsonaro", explicou. Para o especialista, o problema é que os crimes ambientais nunca tiveram um cenário tão favorável como nos dias atuais.
Desmate aumenta 73% sob Bolsonaro
O presidente Bolsonaro defende a exploração dos recursos naturais da Amazônia até mesmo em reservas indígenas, onde é proibido por lei. Desde o início de seu governo, os índices da devastação na floresta aumentaram em 73%.
Astrini avalia que o próximo governo terá de lidar com um legado negativo bastante pesado, ao herdar cinco meses de taxas de desmatamento muito altas. O ano de referência para a medição da devastação se inicia em agosto.
"Tivemos em agosto um aumento de 81% nos alertas; em setembro, de 48%, e tudo indica que em outubro devemos ter o maior índice da série histórica", prevê o especialista.
O Deter registra mensalmente os alertas de desmatamento no Brasil, diferentemente do sistema Prodes (Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia) do Inpe, que analisa anualmente a perda de vegetação nativa, com técnicas mais sofisticadas e informações detalhadas.
rc (EFE, ots)
As principais florestas do mundo precisam de proteção
Na COP26, 100 países se comprometeram a acabar com o desmatamento e revertê-lo até 2030. Quais são as ameaças às florestas mais importantes do mundo?
Foto: Zoonar/picture alliance
Floresta Amazônica
A floresta amazônica é um importante sumidouro de carbono e um dos lugares com maior biodiversidade do mundo. Mas décadas de exploração intensa e criação de gado dizimaram cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, e menos da metade do que restou está sob proteção. Um estudo recente mostrou que algumas partes da Amazônia agora emitem mais dióxido de carbono do que absorvem.
Foto: Florence Goisnard/AFP/Getty Images
Taiga
Esta floresta subártica nórdica, composta principalmente de coníferas, se estende pela Escandinávia e por grandes partes da Rússia. A conservação da taiga varia de país para país. Na Sibéria Oriental, por exemplo, a rígida proteção da era soviética deixou a paisagem praticamente intacta, mas a crise econômica que se seguiu na Rússia gerou níveis cada vez mais destrutivos de extração madeireira.
Foto: Sergi Reboredo/picture alliance
Floresta Boreal do Canadá
As taigas subárticas da América do Norte são conhecidas como florestas boreais e se estendem do Alasca ao Quebec, cobrindo um terço do Canadá. Cerca de 94% das florestas boreais do Canadá estão em terras públicas controladas pelo governo, mas apenas 8% são protegidas. O país, um dos principais exportadores mundiais de produtos de papel, derruba delas cerca de 4 mil km2 por ano.
Foto: Jon Reaves/robertharding/picture alliance
Floresta Tropical da Bacia do Congo
O Rio Congo nutre uma das florestas tropicais mais antigas e densas do mundo, abrigando alguns dos animais mais icônicos da África, entre os quais gorilas, elefantes e chimpanzés. Mas a região também é rica em petróleo, ouro, diamantes e outros minerais valiosos. A mineração e a caça impulsionaram seu rápido desmatamento. Se não houver mudanças, a mata desaparecerá totalmente até 2100.
Foto: Rebecca Blackwell/AP Photo/picture alliance
Florestas Tropicais de Bornéu
A região ecológica de 140 milhões de anos se expande por Brunei, Indonésia e Malásia e abriga centenas de espécies ameaçadas, como o orangotango vermelho e o rinoceronte de Sumatra. Grandes áreas são degradadas pela exploração de madeira, azeite de dendê, celulose, borracha e minerais. O desmatamento proporcionou acesso a áreas remotas, impulsionando o comércio ilegal de animais selvagens.
Foto: J. Eaton/AGAMI/blickwinkel/picture alliance
Floresta de Primorie
Localizada no extremo leste da Rússia, a floresta de coníferas abriga o tigre siberiano e dezenas de outras espécies ameaçadas de extinção. Por ficar junto ao Oceano Pacífico, a floresta tem condições tropicais no verão e clima ártico no inverno. Sua localização isolada e esforços de preservação a deixaram em grande parte intacta, mas a expansão do corte comercial tornou-se uma ameaça crescente.
Foto: Zaruba Ondrej/dpa/CTK/picture alliance
Floresta temperada valdiviana
A floresta valdiviana cobre uma estreita faixa de terra de Chile e Argentina, na costa do Pacífico. Árvores perenes, de crescimento lento e longa vida, dominam partes da floresta, mas sua extração extensiva ameaça a vegetação endêmica, que está sendo substituída por pinheiros e eucaliptos de rápido crescimento, mas incapazes de sustentar a biodiversidade da região.
Foto: Kevin Schafer/NHPA/photoshot/picture alliance