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Arcandor

10 de junho de 2009

A falência do grupo comercial e turístico Arcandor afeta 43 mil funcionários de três subsidiárias. Recusa de ajuda estatal gera conflitos dentro do gabinete de governo alemão.

Funcionários protestam contra eventual fechamento da cadeia de lojas KarstadtFoto: AP

Após uma luta de sobrevivência que durou semanas, o conglomerado comercial e turístico Arcandor declarou falência na terça-feira (09/06). Diante da ameaça de inadimplência, o grupo decidiu requerer insolvência perante a Justiça.

A decisão foi acelerada pelo vencimento de dívidas de 710 milhões de euros a serem pagas a seus credores na próxima sexta-feira. O conglomerado também requereu proteção contra credores para três de suas subsidiárias: a cadeia de lojas de departamento Karstadt e as empresas de comércio por catálogo e correio Primondo e Quelle. Cerca de 43 mil funcionários serão afetados pela falência.

Após o governo alemão ter rejeitado pedidos de ajuda estatal ao conglomerado, a insolvência foi uma decisão "inevitável", segundo explicou o presidente da Arcandor, Karl-Gerhard Eick, em Essen. O governo federal alemão ainda tinha concedido um último prazo para o conglomerado aprimorar o requerimento, mas não haveria condições de cumprir as condições exigidas, comunicou a Arcandor.

Uma chance de sanear a empresa

Eick espera que a auto-insolvência possa contribuir para o saneamento das empresas. A lei alemã de insolvência, em vigor desde 1999, tem a meta central de sanear empresas inadimplentes. Para isso, o tribunal nomeia um administrador de insolvência, que tem mais possibilidades de salvar a empresa do que a gerência anterior.

O administrador de insolvência tem mais facilidade do que os proprietários em rescindir contratos, por exemplo. Isso se aplica tanto a compromissos assumidos com fornecedores, quanto a contratos de aluguel e trabalho.

Na Alemanha, o Departamento Federal de Estatística registrou quase 30 insolvências de empresas em 2007. Ao contrário do direito comercial usual, a ordem jurídica de insolvência permite "uma série de privilégios legais exclusivos", explica Hans Haarmeyer, diretor do Instituto Alemão de Direito Aplicado de Insolvência e professor da Escola Superior de Koblenz. Esses privilégios abrem espaço e perspectiva de recomeço para a empresa inadimplente.

Salários garantidos por apenas três meses

Durante um período de até três meses, a Agência Federal de Trabalho paga os salários de todos os funcionários. Além disso, a lei protege a substância da empresa insolvente e garante que ela se mantenha em funcionamento.

Isso também significa que antigos credores não podem pedir confiscação dos bens do devedor. Novos fornecedores, por sua vez, têm a segurança de receber o pagamento por suas mercadorias.

A lei de insolvência também prevê regulamentações trabalhistas especiais. O prazo de demissão é limitado a um máximo de três meses. E também é muito mais fácil reduzir o quadro de funcionários.

Segundo o procurador nomeado pela Arcandor, este é "o maior processo de insolvência da Alemanha", o que implica "uma grande responsabilidade social para todos os envolvidos".

Falência gera disputa de ministros

A falência da Arcandor provocou desavenças dentro do gabinete de governo alemão. Os ministros social-democratas Frank-Walter Steinmeier, do Exterior, e Wolfgang Tiefensee, dos Transportes, acusaram o ministro da Economia, Karl-Theodor zu Guttenberg, da União Democrata Cristã, de ter optado rápido demais pelo caminho da insolvência no caso da Arcandor.

"Não pode ser que o ministro do Trabalho lute por trabalho e o ministro da Economia lute por insolvências", afirmou Steinmeier à imprensa alemã. Tiefensee, por sua vez, rejeitou "uma divisão de trabalho dentro do gabinete" e acusou o ministro democrata-cristão de ter, desde o início, priorizado a falência da Arcandor como melhor solução.

Autor: Rolf Wenkel
Revisão: Augusto Valente

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