1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Instituições brasileiras agora vão ter paz, promete Lula

10 de novembro de 2022

Em discurso no CCBB, sede do governo de transição, presidente eleito afirma que Bolsonaro deve desculpas ao povo brasileiro e às Forças Armadas, chora ao falar sobre combate à fome e afirma que Alckmin não será ministro.

Luiz Inácio Lula da Silva
"Se, quando eu terminar esse mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida", disse Lula, caindo em lágrimasFoto: Ueslei Marcelino/REUTERS

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso emocionado a deputados e senadores aliados nesta quinta-feira (10/11), no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do governo de transição em Brasília.

No pronunciamento sobre o "Brasil do Futuro", ele chorou ao falar sobre tirar os brasileiros da fome; afirmou que seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), não será ministro em seu governo; disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve desculpas ao povo brasileiro e às Forças Armadas; e prometeu que, com ele de volta ao Planalto, as instituições do país terão paz.

O discurso ocorreu um dia depois de Lula ter se reunido na capital federal com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes.

"Ontem vim aqui para visitar as instituições brasileiras e dizer o seguinte: 'A partir de agora, vocês vão ter paz. Vocês não vão ter um presidente desaforado, querendo intervir na Suprema Corte, querendo intervir na Justiça Eleitoral, querendo intervir no Congresso Nacional'", afirmou o petista, lembrando os ataques travados por Bolsonaro contra os demais Poderes durante seu mandato.

Lula também abordou a reunião que teve com o presidente da Câmara dos Deputados, a quem prometeu não interferir na eleição para o comando da Casa: "Eu fui conversar com o Lira por uma única razão. Eu sei o que ele pensa ideologicamente, eu sei que ele é meu adversário, mas ele é o presidente da Câmara eleito pelos deputados, e o presidente da República necessita conversar, necessita dialogar."

Segundo o petista, não cabe ao presidente da República "se intrometer" na escolha dos presidentes da Câmara e do Senado. "É da responsabilidade de vocês", afirmou, dirigindo-se aos parlamentares aliados reunidos no CCBB.

Ele também defendeu um maior diálogo entre o Planalto e os membros do Congresso, independentemente do partido. "Eu não enxergo dentro da Câmara e do Senado essa coisa do Centrão. Eu enxergo deputados que foram eleitos e que, portanto, vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro."

Lula cobra pedidos de desculpa de Bolsonaro

O presidente eleito mencionou ainda o papel dos militares na fiscalização das urnas eletrônicas, o qual chamou de humilhante e deplorável. Segundo Lula, Bolsonaro deve um pedido de desculpas às Forças Armadas, por envolvê-las nesse processo, e também aos brasileiros, por ter mentido.

"Ontem aconteceu uma coisa humilhante, deplorável para as nossas Forças Armadas: um presidente da República, que é o chefe supremo das Forças Armadas, não tinha o direito de envolver as Forças Armadas a fazer uma comissão para investigar urnas eletrônicas, coisa que é da sociedade civil, dos partidos políticos e do Congresso Nacional", declarou o petista.

Lula se referia ao relatório produzido pela equipe técnica das Forças Armadas sobre a fiscalização das urnas eletrônicas, entregue na quarta-feira pelo Ministério da Defesa ao TSE. O texto não aponta qualquer fraude ou inconsistência no sistema eletrônico de votação.

"Não sei se o presidente está doente. Mas ele deveria vir à TV pedir desculpas para a sociedade brasileira e para as Forças Armadas. As Forças Armadas foram humilhadas apresentando relatório que não diz nada, nada! Absolutamente nada daquilo que ele [Bolsonaro] durante tanto tempo acusou", disse o petista, arrematando: "Um presidente não pode mentir, não é aceitável." O presidente eleito reiterou que "Bolsonaro tem uma dívida com povo brasileiro": "Peça desculpa pela quantidade de mentiras que falou.".

Combate à fome

No auditório do CCBB, Lula também afirmou que foi eleito com a promessa de cuidar dos mais pobres: "A gente não tem que ter vergonha de dizer que o nosso voto é o voto daquelas pessoas que mais necessitam. É daquelas pessoas que um dia viveram num país que tinha um governo que olhou para elas", disse, referindo-se aos seus dois mandatos anteriores, de 2003 a 2011.

O petista chorou ao reafirmar seu compromisso com o combate à fome no Brasil. "Se, quando eu terminar esse mandato, cada brasileiro estiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, eu terei cumprido a missão da minha vida", disse, caindo aos prantos.

"Desculpem, desculpem. Mas o fato é que eu jamais esperava que a fome voltasse nesse país", continuou Lula, logo após receber um lenço de sua esposa, Janja, que dividia o palco com ele, ao lado do vice Alckmin e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Alckmin não será ministro

Pela primeira vez presente na sede do governo de transição, o presidente eleito disse ainda que Alckmin não disputa vaga de ministro em seu governo.

O ex-governador de São Paulo é responsável pela coordenação geral da transição, que será apoiada por três coordenações principais: Administrativa e Jurídica, Relações Institucionais, e Programa de Governo e Núcleos Temáticos. Além desses grupos, Janja foi nomeada coordenadora da organização da posse, em 1º de janeiro.

"Eu fiz questão de colocar o Alckmin como coordenador para que ninguém pensasse que o coordenador vai ser ministro. Ele não disputa vaga de ministro porque é o vice-presidente", assegurou Lula.

ek/av (ots)

Pular a seção Mais sobre este assunto
Pular a seção Manchete

Manchete

Pular a seção Outros temas em destaque