Intelectuais falam do 11 de setembro
11 de setembro de 2006Walter Salles, produtor e diretor de cinema brasileiro, deu-nos o seguinte depoimento: "Eu estava em Nova York no dia 11 de setembro de 2001, por causa de uma reunião de trabalho. Vivi, portanto, aquela situação de perto. Pude sentir na veia a dor dos nova-iorquinos. Mas o impacto maior foi posterior ao fato – estou me referindo à cultura do medo que foi implantada pelo governo Bush após o 11 de setembro. Os resultados foram catastróficos: a invasão do Iraque, o caos no Oriente Médio, o endurecimento nas fronteiras. Um clima que não está muito distante da Guerra Fria dos anos 50, e que afeta cada vez mais a vida das pessoas que vivem nas latitudes mais diversas."
Eduardo Galeano, jornalista e escritor uruguaio, denuncia: "Antes do 11 de setembro, o terrorismo dava-me asco. Depois do 11 de setembro, o terrorismo continua me dando asco. O terrorismo em todas as suas formas: aquele que derrubou as torres e matou três mil inocentes, aquele que invadiu o Iraque matando 50 mil inocentes e que continua matando."
O conhecido ator de teatro e cinema russo Lev Durov declarou: "Esta infeliz calamidade não só abriu os olhos dos Estados Unidos, mas também do mundo inteiro. Perceber que os EUA não são inatingíveis abalou o mundo inteiro e motivou todos a se unir contra esta terrível doença chamada terrorismo. O terrorismo é muito parecido com a metástase: os nódulos do câncer podem passar completamente despercebidos, as metástases podem passar despercebidas. Mas não é possível vigiar cada pessoa com a ajuda de soldados ou policiais – isso é uma questão muito séria. O fato é que as pessoas na Rússia ficaram mais atentas e que as autoridades agora encaram o problema com muito mais seriedade."
Abdel-Karim Shaheen, autor e jornalista sírio, afirmou: "O Ocidente perdeu uma enorme credibilidade após o 11 de setembro. Isso confundiu as forças seculares de todo o mundo árabe e enfraqueceu sua posição. O lugar delas foi ocupado por grupos islâmicos radicais, que apelam à resistência contra a ocupação do Iraque, da Palestina e do Líbano. Os únicos que saíram ganhando com isso foram esses grupos. Além disso, esses grupos conseguiram mobilizar contra o Ocidente as pessoas nos países árabes que já estavam revoltadas há décadas."