Internações de crianças com covid-19 batem recorde nos EUA
31 de dezembro de 2021
Média de hospitalizações de jovens de 0 a 17 anos foi de 378 na última semana, 66% a mais do que na semana anterior. Faixa etária é a menos vacinada até agora.
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À medida que avariante ômicron se espalha, os Estados Unidos registraram o maior núnero de internações de crianças com covid-19 desde o início da pandemia.
A média de sete dias de hospitalizações na faixa etária dos 0 aos 17 anos foi de 378 na semana encerrada em 28 de dezembro, um aumento de 66,1% em relação à semana anterior. Trata-se do recorde desde o começo da pandemia, superando o pico anterior, durante a variante delta, em setembro. A única outra faixa etária que teve pico nas hospitalizações foi a dos 18 aos 29 anos.
De acordo com a Academia Americana de Pediatria, quase 199.000 crianças contraíram covid-19 na semana encerrada em 23 de dezembro, 50% a mais que no começo do mês.
No entanto, as taxas de doenças graves permanecem mais baixas em termos absolutos, em comparação com grupos de idade mais avançada. Entre os mais de 820 mil mortos por covid-19 desde o começo da pandemia nos EUA, 803 eram pacientes de 0 a 18 anos.
Maior disseminação
Pesquisa feita em Hong Kong, com base em testes de laboratório de amostras de tecido, mostraram que a ômicron se replica até 70 vezes mais rápido nos brônquios, as vias aéreas que levam aos pulmões, em comparação com a variante delta, o que pode ajudar a explicar sua extrema disseminação.
"Com base no que sabemos hoje, a ômicron não está causando infecções mais graves, mas infectando muito mais crianças. E, portanto, estamos vendo mais crianças hospitalizadas com covid-19", disse à AFP Jim Versalovic, patologista e imunologista do Hospital da Criança do Texas, o maior hospital infantil dos EUA.
Sua relativa suavidade pode ser explicada pelo mesmo estudo de Hong Kong, que mostrou que a ômicron se replica 10 vezes mais lentamente nos pulmões do que a delta.
"Mas mesmo que você tenha uma pequena porcentagem de crianças com doenças graves, uma pequena porcentagem de um grande número é um grande número", disse à AFP Henry Bernstein, pediatra do sistema hospitalar Northwell Health, em Nova York.
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Menor vacinação em crianças
Quanto ao motivo pelo qual a taxa de casos e, portanto, de hospitalizações estão aumentando mais rapidamente em grupos de idades mais jovens em comparação com os mais velhos, há vários fatores em potencial.
Um deles é que a taxa de vacinação é mais baixa entre crianças de 5 a 11 anos, que foram o último grupo a se tornar elegível para a imunização, em novembro. De acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, apenas 15% desse grupo está totalmente vacinado, em comparação com 84% das pessoas com 12 anos ou mais.
Versalovic destaca que, em seu hospital, os adolescentes hospitalizados são "quase exclusivamente não vacinados".
A questão da vacinação de crianças pequenas foi reforçada por um novo relatório do CDC divulgado na quinta-feira, que descobriu que efeitos colaterais sérios são extremamente raros em crianças de 5 a 11 anos.
O conselheiro médico-chefe do presidente Joe Biden, Anthony Fauci, chama a atenção para outro dado importante. Esta semana, ele disse a repórteres que "muitas crianças são hospitalizadas com covid-19, e não por causa da covid-19". Em outras palavras, isso signfica que, como os hospitais fazem rotineiramente testes de coronavírus nos pacientes admitidos, acabam descobrindo infecções coincidentes. Ou seja, o motivo que levou a criança ao hospital não foi o coronavírus, mas acabou se descobrindo uma infecção por ele.
le (afp, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine