Invasão visa negociação "justa" com Moscou, diz Ucrânia
16 de agosto de 2024
No décimo dia da contraofensiva ucraniana na região de Kursk, conselheiro do presidente Volodimir Zelenski afirma que movimento foi necessário para negociar a paz "nos nossos termos".
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A incursão ucraniana no território russo iniciada na semana passada teve como objetivo levar Moscou à mesa de negociação, disse nesta sexta-feira (16/08) um alto funcionário do governo da Ucrânia.
Mykhailo Podolyak, conselheiro do presidente Volodimir Zelenski, publicou em suas redes sociais que a recente invasão surpresa na fronteira da região de Kursk foi necessária para tentar convencer Moscou a iniciar negociações de paz, em seus "próprios termos".
"Precisamos infligir derrotas táticas significativas à Rússia", escreveu Podolyak no aplicativo de mensagens Telegram. "Na região de Kursk, vemos claramente como a ferramenta militar é usada objetivamente para convencer a Federação Russa a entrar em um processo de negociação justo."
Em sua conta na rede social X, ele disse que é "óbvio" que a Ucrânia não está interessada em ocupar territórios russos, e que se trata de uma ação defensiva.
A Ucrânia descartou qualquer negociação com a Rússia se as tropas russas não deixarem seu território.
Enquanto isso, a Rússia acusa o Ocidente de ajudar a incursão ucraniana, e suas tropas tiveram novos ganhos no leste da Ucrânia.
O presidente Vladimir Putin disse que a Rússia declararia um cessar-fogo somente se Kiev se retirasse das quatro regiões que a Rússia alega ter anexado, mas que controla apenas parcialmente: Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson.
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Ofensiva ucraniana provocou fugas e deslocamentos
A Ucrânia alega ter avançado 35 quilômetros na região de Kursk, no oeste da Rússia, e que controla 1.150 km² do território, incluindo 82 assentamentos.
Trata-se do maior ataque de um exército estrangeiro em solo russo desde a Segunda Guerra Mundial, e a incursão mais profunda da Ucrânia na Rússia desde que Moscou lançou sua invasão em grande escala, em fevereiro de 2022.
A contraofensiva, iniciada em 6 de agosto, provocou a fuga de mais de 120 mil russos na região de Kursk sob clima de guerra, com projéteis, helicópteros, aviões e jatos de combate sobrevoando a área.
A incursão ucraniana continua, segundo relatam militares. Os militares montaram, inclusive, um escritório administrativo no local.
O general Oleksandr Syrsky disse que o escritório "manteria a lei e a ordem" e "atenderia às necessidades imediatas" da população da região.
Apesar do efeito simbólico, a incursão parece ter tido pouco impacto nas batalhas maiores, que estão ocorrendo no leste da Ucrânia.
Autoridades militares de Pokrovsk, por exemplo, pediram nesta sexta que moradores acelerassem a evacuação diante de uma rápida aproximação do exército russo da cidade, um dos principais alvos de Moscou há meses.
sf (AFP, AP, ots)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.