Ganhar dinheiro brincando
20 de março de 2008Anúncio
Uma pequena nave espacial paira no infinito, atira nos inimigos e luta pelas matérias-primas espalhadas por planetas coloridos. Falko, de 27 anos, estudante de design de games, aperta o mouse e faz a nave se deslocar a atracar no próximo planeta. Ele inventou e programou esse jogo junto com outros estudantes e pretende exercer essa profissão no futuro. "Eu tinha uma formação de informática e acabei descobrindo que preferia fazer algo criativo a consertar computadores", diz Falko. Então ele descobriu o curso de design de games na Escola Superior de Design de Mídia, em Düsseldorf, e se convenceu que seria uma boa idéia. Só faltava convencer os pais da sua opção, pois eles não tinham nenhuma imagem concreta do que poderia ser essa profissão. Estudar ou jogar? Sebastian, de 22 anos, um amigo de Falko na faculdade, também pode dizer o mesmo das primeiras reações de seus pais e avós à opção de ele se tornar spielemacher, ou "criador de jogos". Mas as coisas acabaram mudando e agora ele pode passar horas jogando e ainda dizer que está estudando. O bacharelado em design de games em Düsseldorf existe desde 2006. É um dos poucos lugares que oferecem uma formação específica para programadores de jogos na Alemanha. Mas optar por essa profissão não sai barato, pois a mensalidade custa 799 euros. Experimentar novos jogos de computador faz parte do currículo, mas é evidente que ninguém sai desse curso com um diploma só porque sabe jogar. Matemática e criatividade Nas aulas de informática, os estudantes do primeiro semestre aprendem a programar. Depois é que passam a trabalhar com programas de design gráfico e animação. Disciplinas artísticas clássicas, como desenhar e modelar também fazem parte do currículo. Num dos cursos, por exemplo, os estudantes aprendem a esboçar uma criatura fictícia para um jogo – primeiro no papel e depois como pequena escultura. O personagem de Falko pode ser apreciado numa das vitrines espalhadas pelos corredores da faculdade – um guerreiro de mais ou menos 30 centímetros que encara, com seus olhos castanhos, os passantes. No início, os estudantes cumprem um currículo básico, comum a todos. Depois de quatro semestres, eles se especializam e optam entre fazer a concepção de jogos, criar mundos fantasiosos ou programar os jogos. Boas chances de carreira É praticamente certo que eles consigam um emprego depois da faculdade, garante a professora Linda Breitlauch. Embora os jogos eletrônicos ainda sejam considerados coisa de criança ou um fenômeno periférico e até perigoso, cada vez mais gente passa seu tempo em frente a um console. Na Alemanha, as empresas de criação de jogos eletrônicos se multiplicam. O setor tem índices de crescimento de até 20%, informa Breitlauch: "Alguma hora não vai dar mais para ignorar isso". A criação de um jogo pode ser comparada a grandes produções de cinema, seja em termos financeiros, temporais ou pessoais. O processo pode durar até três anos. Estigma ainda pesa Embora a Alemanha ainda esteja bem aquém do estágio do setor de jogos nos EUA ou em certos países asiáticos, há projetos isolados – como o jogo estratégico Settlers ou o complexo jogo de ação Crisis – que conseguiram um alcance internacional. Mesmo assim, os jogos eletrônicos ainda não se livraram da imagem negativa que têm na Alemanha. Isso é o que sentem os estudantes. Sobretudo jogos de combate e violência são alvo de críticas. Sebastian acha fantástica a recriação de mundos diversos nos jogos: "Há muita coisa fascinante num jogo. Pode ser um personagem ou o enredo, mas às vezes basta uma imagem para prender a atenção da pessoa". E essa fascinação ele pretende propagar algum dia com o seu próprio jogo eletrônico comercial.
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