Revelados abusos sexuais na patinação artística francesa
5 de agosto de 2020
Mais de 20 treinadores são acusados por abusos que foram praticados por mais de três décadas contra adolescentes. Caso foi denunciado por ex-patinadora em livro.
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Mais de 20 treinadores franceses de patinação artística cometeram abusos sexuais sistematicamente contra adolescentes por mais de três décadas, segundo indicam evidências de uma investigação sobre a Federação dos Esportes de Gelo do país (FFGS) reveladas na última terça-feira (04/08).
Iniciada em fevereiro por ordem do Ministério da Cidade, da Juventude e dos Esportes da França, a investigação foi motivada por acusações feitas num livro recente da ex-patinadora artística Sarah Abitbol. Nele, a decacampeã francesa acusou o treinador Gilles Beyer de estuprá-la repetidamente quando ela era ainda adolescente, entre 1990 e 1992. A promotoria de Paris abriu uma investigação criminal.
As acusações divulgadas no livro também levaram Didier Gailhaguet, que comandava a Federação dos Esportes de Gelo há mais de 20 anos e afirmou nunca ter protegido Beyer, a renunciar em fevereiro.
Para coletar informações, o ministério criou uma plataforma para registrar e analisar o testemunho de atletas. À medida que mais e mais mulheres se apresentavam, aumentavam as evidências.
Após meses de investigação, o ministério classificou as conclusões como "incomparáveis internacionalmente" e acrescentou que "o volume de casos identificados é indicativo de práticas e comportamentos que foram repetidos por gerações de treinadores". O relatório também concluiu que alguns treinadores tinham "problemas reais com bebida alcoólica".
Os investigadores identificaram ainda uma estrutura clandestina da FFSG caracterizada como "uma forte concentração de poderes envolvendo apenas alguns diretores".
O relatório aponta que essa estrutura "encorajava uma forma de omertà [código de honra] em relação a suspeitas sobre treinadores e pode ter levado à ausência de procedimentos disciplinares ou até simples investigações".
A investigação foi realizada com a assistência da Inspeção Geral de Educação, Esporte e Pesquisa, que encaminhou o relatório à promotoria pública em Paris. O ministério relatou ainda que um treinador ativo foi preso em fevereiro e cinco foram proibidos em abril de executarem treinos.
No cômpito geral, 12 treinadores – três deles com condenações anteriores – foram acusados de assédio e abuso sexual. Outros sete treinadores foram acusados de abuso físico ou verbal. Dois indivíduos nomeados nos depoimentos das atletas morreram antes da conclusão da investigação.
Seja a sogra, o irmão gêmeo não nascido ou a pasta de dente: esportistas que se dopam procuram, geralmente, pôr a culpa nos outros ou contam as histórias mais miraculosas. Aqui uma seleção de explicações curiosas.
Foto: picture-alliance/dpa/L. Coch
Lista negligenciada
"Tomo este medicamento desde 2006", disse a tenista Maria Sharapova, sem explicar por que ela, uma atleta saudável, precisa de um remédio cardiovascular. Desde o início de 2016, o meldonium, usado pela tenista, está na lista de doping. A explicação da atleta: "Eu não vi a lista."
Foto: picture-alliance/dpa/M.Murat
O abacate
Com 39 anos, Linford Christie (2° da esq. para dir.) já estava no outono de sua carreira, quando foi pego num exame antidoping em 1999. O agente dopante nandrolona foi encontrado no organismo do campeão olímpico de 1992. A explicação dele é interessante: ele não tomou o esteroide, mas comeu abacates. Somente Christie sabe o que essas frutas têm a ver com a nandrolona.
Foto: picture-alliance/Sven Simon
A dieta
Um fato inédito na Espanha: um esquiador de cross-country ganhou três medalhas de ouro para os ibéricos nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002. Johann Mühlegg se juntou à equipe espanhola após um desentendimento com a federação alemã. Ele foi pego devido ao hormônio EPO. Sua explicação: "Nos últimos cinco dias, fiz uma dieta especial, somente com proteínas e carboidratos". Ou seja, sem EPO.
Foto: Zoom Agence/Getty Images
O uísque
Inicialmente como auxiliar precioso à sombra de Lance Armstrong (dir.), o ciclista Floyd Landis (esq.) se tornou, de repente, vencedor da Volta da França após a saída de Armstrong: em 2006, Landis foi testado positivamente para testosterona. Após um colapso total, ele retornou de forma espetacular. Na ocasião, o ciclista disse que havia tomado muito uísque, mas depois admitiu o doping.
Foto: picture-alliance/dpa
A potência
Adrian Mutu só tinha boas intenções. Em 2004, o então atacante do Chelsea consumiu cocaína, mas naturalmente não para aumentar a sua perfomance em campo, mas para satisfazer o parceiro. "Só fiz isso para elevar minha potência sexual". A Corte Arbitral do Esporte (CAS) reagiu com indiferença às histórias de cama de Mutu e lhe condenou a multa de 17,2 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/dpa
O suco
Numa coletiva de imprensa convocada às pressas, Martina Hingis anunciou a sua despedida do tênis em 2007, devido a dores nas costas e a um teste positivo. No campeonato de Wimbledon, ela foi pega por cocaína. Doping? Não, Hingis viu uma conspiração em curso. "Alguém a colocou no meu suco."
Foto: Getty Images/Michael Dodge
O espaguete
O atleta de bobsled britânico Lenny Paul foi pego em 1997 com um nível elevado de nandrolona – um clássico entre as substâncias dopantes. A sua desculpa para o teste positivo foi menos habitual: "eu comi espaguete à bolonhesa, a carne era de bovinos tratados com hormônios". Também o ciclista Alberto Contador usou o bife contaminado para explicar o seu caso.
Foto: Getty Images/P.Rondeau
A bombinha de asma
A ciclista Ivonne Kraft foi testada positivamente em 2007. A substância encontrada: fenoterol. Kraft a teria supostamente inalado: "A bombinha de asma da minha mãe estourou. Estava do lado e respirei toda a nuvem de spray." Uma coincidência muito infeliz.
Foto: picture-alliance/dpa/S.Simon
A sogra
Quase como do nada, Raimundas Rumsas subiu ao pódio da Volta da França. Enquanto os especialistas se mostravam surpresos, Edita, esposa de Rumsas, era pega na alfândega com diversas substâncias dopantes. O casal Rumsas afirmou que os medicamentos seriam para a sogra enferma do profissional do ciclismo.
Foto: picture-alliance/dpa/Repro
O romance
O ciclista Mario de Clercq era considerado, em 2003, um dos melhores na sua profissão. Então, foram encontrados com ele registros sobre medicamentos, planos de treinamento e tabelas de hematócrito (quantidade de hemácias no sangue). De Clercq negou veementemente o doping, alegando que tudo seria usado nas pesquisas para o romance que estaria escrevendo.
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A pasta de dente
Uma das histórias de doping mais contadas foi a do atleta alemão Dieter Baumann. O campeão olímpico de 1992 foi testado positivamente em 1999 e tentou vender a versão de uma pasta de dente manipulada. O renomado especialista em doping Werner Franke considera a ousada teoria como digna de credibilidade. Mas os dois ainda continuam devendo as devidas provas.
Foto: picture-alliance/dpa
O irmão gêmeo não nascido
Nos Jogos Olímpicos de 2004, o ciclista Tyler Hamilton conseguiu sua maior proeza: medalha de ouro na corrida contra o relógio. Então veio o choque: teste positivo para doping sanguíneo. "As hemácias estranhas no meu corpo foram produzidas pelas células estaminais do meu irmão gêmeo que morreu antes de nascer." Uma história fantástica, que posteriormente o próprio Hamilton afirmou ser mentira.
Foto: picture alliance / dpa
O presente sexual
Em maio de 1992, o velocista americano Dennis Mitchell (dir.) ganhou a medalha de ouro por equipe. Seis anos mais tarde, ele foi testado positivamente para testosterona. O atleta justificou o achado com quatro garrafas de cerveja e muito sexo. "Era o aniversário da garota. Ela merecia algo especial."
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Bombons e chá
Cuidado com as guloseimas provenientes de familiares: em 2004, o ciclista italiano Gilberto Simoni foi pego por cocaína. Segundo ele, isso não tinha nada a ver com doping. "Minha mãe me enviou bombons do Peru que estavam embrulhados em folha de coca." Numa outra declaração, ele colocou a culpa no chá da tia.