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Investigação sobre ingerência russa ganha força nos EUA

4 de agosto de 2017

Responsável pelo inquérito, Robert Mueller forma grande júri em Washington para ajudar a apurar suposta interferência de Moscou nas eleições americanas, revela imprensa do país. Autoridades não confirmam informação.

USA Sonderermittler Robert Mueller
Ex-diretor do FBI, Mueller foi designado em maio para comandar a investigação sobre a interferência russa Foto: Reuters/L. Downing

O conselheiro especial Robert Mueller formou um grande júri em Washington para apurar a ingerência russa nas eleições presidenciais americanas, num sinal de que a investigação comandada por ele está ganhando força, revelou a imprensa americana nesta quinta-feira (03/08).

Segundo o jornal Wall Street Journal, que divulgou primeiramente a notícia, o grande júri começou seus trabalhos há algumas semanas, e sua formação indica que as apurações sobre a Rússia devem continuar ainda por meses.

Ex-diretor do FBI, Mueller foi designado para comandar a investigação sobre a suposta interferência russa em maio, a fim de garantir a imparcialidade do inquérito. Ele apura ainda possíveis relações entre o governo em Moscou e a campanha do atual presidente americano Donald Trump.

Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmaram que o grande júri já chegou a emitir intimações relacionadas a uma reunião, em junho de 2016, entre o filho mais velho de Trump e uma advogada russa. Antes desse encontro, Donald Trump Jr. fora informado de que receberia material comprometedor sobre a democrata Hillary Clinton, rival de seu pai nas eleições.

De acordo com a emissora CNN, essas intimações solicitam tanto documentos como depoimentos de pessoas que participaram da reunião. Os nomes das pessoas intimadas não foram revelados, mas se sabe que Jared Kushner, genro e um dos principais assessores de Trump, também esteve no encontro.

O porta-voz de Mueller, Joshua Stueve, se negou a confirmar as informações publicadas pela imprensa americana. O advogado Ty Cobb, assessor especial do presidente americano, também afirmou que não tem conhecimento sobre a formação do grande júri.

"Questões sobre grandes júris são geralmente secretas", disse Cobb, acrescentando que a "Casa Branca é favorável a qualquer coisa que acelere a conclusão dos trabalhos de forma justa".

Nos Estados Unidos, grandes júris são formados para determinar se as evidências em um determinado caso são fortes o suficiente para emitir acusações para um julgamento criminal. Não são eles que decidem, porém, se um potencial réu é inocente ou culpado.

O grande júri também permite que sejam emitidas as chamadas intimações – um instrumento legal para obter documentos ou compelir testemunhos sob juramento.

Mais recentemente, por exemplo, um grande júri fora criado no estado da Virgínia para reunir informações sobre Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca. Ele foi afastado por Trump em fevereiro, depois de ter sido revelado que ele mentiu para o vice-presidente Mike Pence sobre seus contatos com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak.

Ingerência russa

O governo Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo envolvendo a suposta interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e eventuais ligações entre Moscou e a campanha republicana com intuito de favorecer a vitória do magnata.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes do pleito. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

Além disso, a demissão repentina do ex-chefe do FBI James Comey, em maio, levantou questões sobre as motivações do presidente, já que foi sob o comando desse diretor que a polícia federal americana iniciou o inquérito para apurar a suposta ingerência russa.

Após seu afastamento, Comey revelou que Trump chegou a lhe pedir, em fevereiro, para encerrar uma investigação sobre Michael Flynn, envolvendo também contatos com russos.

EK/rtr/efe/ap/lusa/ots

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