Três russos e um ucraniano responderão por homicídio na Holanda. Avião foi abatido por míssil ao sobrevoar região de conflito na Ucrânia em 2014. Tragédia deixou 298 mortos.
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Uma equipe internacional de investigadores acusou nesta quarta-feira (19/06) três russos e um ucraniano por envolvimento na queda do avião da Malaysia Airlines MH17 no leste da Ucrânia em 2014. Os quatro serão julgados por homicídio na Holanda em 2020.
Em entrevista coletiva na cidade holandesa de Nieuwegein, o promotor-chefe holandês, Fred Westerbeke, e o chefe da polícia, Wilbert Paulissen, anunciaram que serão emitidas ordens de detenção internacional para os russos Sergey Dubinsky, Oleg Pulatov e Igor Girkin, e para o ucraniano Leonid Kharchenko.
"Esses suspeitos tiveram um papel importante na morte de 298 civis inocentes. Embora eles não tenham apertado o botão, nós suspeitamos que eles tiveram uma estreita cooperação para obter e posicionar o lançador de mísseis, como o objetivo de abater um avião", ressaltou Westerbeke.
Girkin, de 48 anos, é o mais conhecido entre os quatro acusados. Ele chegou a ser ministro da Defesa da República de Donetsk, que foi autoproclamada por separatistas ucranianos. Ele nega as acusações. Dubinsky e Pulatov são ex-militares russos. Já Kharchenko era comandante militar em Donetsk na época.
Os réus serão julgados pela autoria do ataque com míssil que derrubou o voo MH17. Segundo a comissão internacional de investigação, liderada pela Holanda, o avião foi abatido por um míssil proveniente da 53ª brigada antiaérea russa, baseada em Kursk (na Rússia).
Além de apresentar a acusação, os investigadores disseram ainda que um pedido será feito à Rússia para que interrogue os suspeitos como assistência legal ao processo judicial, embora não seja possível reivindicar "a extradição dos mesmos porque a Constituição, tanto da Rússia como da Ucrânia, proíbe a entrega de seus cidadãos" a outros países.
Os acusados poderão ser julgados à revelia porque não é esperado que a Rússia entregue os suspeitos. Autoridades holandesas disseram que Moscou não cooperou com o inquérito. Holanda e Austrália responsabilizaram formalmente ainda o governo russo pela queda do avião porque a brigada do país "facilitou" o sistema que lançou o míssil BUK que provocou essa tragédia.
O Ministério russo do Exterior contestou o resultado da investigação e afirmou que ela foi destinada a prejudicar a reputação de Moscou. "Mais uma vez acusações absolutamente infundadas estão sendo feitas contra o lado russo com o objetivo de desacreditar a Rússia aos olhos da comunidade internacional", disse em nota.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, parabenizou o trabalho dos investigadores e afirmou que espera que os acusados sejam julgados.
Em 17 de julho de 2014, o voo MH17 da Malaysia Airlines entre Amsterdã e Kuala Lumpur foi derrubado no leste da Ucrânia, zona de conflito armado entre o exército do país e os separatistas pró-Rússia, o que causou a morte das 298 pessoas que estavam a bordo, entre elas 193 holandeses.
No ano passado, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou o incidente de uma "tragédia terrível", mas disse que Moscou não tem culpa pela queda e afirmou haver outras explicações para o que aconteceu. A Rússia culpa Kiev pelo desastre, afirmando que o míssil encontrado nos escombros do acidente pertence aos arsenais do exército ucraniano.
A tragédia continua sendo um assunto altamente sensível na Holanda, onde o primeiro-ministro, Mark Rutte, colocou como prioridade encontrar os culpados e levá-los à Justiça. Em 2018, os eurodeputados holandeses ratificaram um acordo assinado com a Ucrânia para iniciar um processo judicial contra as pessoas responsáveis pelo desastre, na Holanda.
A queda do voo MH17 deteriorou ainda mais as relações entre a Rússia e o Ocidente, que já estavam estremecidas após a anexação da península ucraniana da Crimeia por Moscou, em 2014.
CN/efe/lusa/rtr
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O avião é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, mas desastres aéreos, quando acontecem, costumam envolver um grande número de vítimas. Relembre acidentes dos últimos 70 anos que entraram para a história.
Foto: picture-alliance/C. Daughty
Tragédia mata time base da seleção italiana
Há 70 anos, em 4 de maio de 1949, o avião que levava o time do Torino, então tetracampeão italiano, após um amistoso contra o Benfica, em Lisboa, se chocou contra a Basílica de Superga, em Turim. O acidente matou as 31 pessoas a bordo, incluindo 18 jogadores e cinco integrantes da comissão técnica. O Torino era considerado a melhor equipe de futebol do mundo e formava a base da seleção italiana.
Foto: picture-alliance/dpa
Milagre após 73 dias perdidos nos Andes
Em 13 de outubro de 1972, 45 pessoas – jogadores de um clube de rugby e familiares –partiram de Montevidéu em um avião da Força Aérea Uruguaia rumo ao Chile. A aeronave caiu nos Andes, causando na hora a morte de 12 pessoas e de outras 17 nos dias seguintes. No entanto, 16 homens sobreviveram a 73 dias na neve e foram resgatados após dois deles terem deixado o acampamento para pedir socorro.
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O maior número de vítimas da aviação
Em 27 de março de 1977, um Boeing 747 da KLM vindo de Amsterdã colidiu com um Jumbo da PanAm que partiu de Los Angeles na pista do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, nas Ilhas Canárias. A explosão matou 583 pessoas, o maior número de vítimas fatais da história da aviação. Os aviões tinham sido desviados para Los Rodeos devido a um ataque a bomba no aeroporto de Las Palmas, em Gran Canária.
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Bomba derruba aeronave no Oceano Atlântico
A explosão de uma bomba no compartimento de cargas de um Boeing 747 causou a queda do vôo 182 da Air India no Oceano Atlântico, em 23 de junho de 1985, quando ele sobrevoava a costa da Irlanda, na rota entre Montreal e Nova Déli. As 329 pessoas a bordo morreram. O ataque foi vinculado a extremistas sikhs.
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O maior número de vítimas em um único avião
O acidente com o maior número de vítimas a bordo de um único avião aconteceu com o voo 123 da Japan Airlines, que fazia a rota entre Tóquio e Osaka. O Boeing 747-SR46 colidiu com o Monte Takamagahara, a 100 quilômetros de Tóquio, em 12 de agosto de 1985. Entre os 520 mortos estava o famoso cantor Kyū Sakamoto. Quatro mulheres sobreviveram, sendo duas delas crianças.
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Avião atinge espectadores de show aéreo
Três aviões da esquadrilha acrobática italiana Flechas Tricolores (Frecce Tricolori) se chocaram em pleno voo durante um show de acrobacias aéreas na base militar americana em Ramstein, no sudoeste da Alemanha, em 28 de agosto de 1988. Um dos jatos caiu sobre a multidão de espectadores, matando 70 pessoas e deixando mais de mil feridas.
Foto: picture-alliance/dpa/Füger
Choque causa morte de crianças e adolescentes
Uma colisão entre um Tupolew 154 da companhia russa Bashkirian Airlines, que vinha de Moscou, e um jato da empresa alemã DHL, que viajava do Bahrein a Bruxelas, matou 71 pessoas na noite de 1º de julho de 2002 sobre a cidade de Überlingen, na Alemanha, às margens do Lago de Constança. Entre as vítimas, estavam 49 crianças e adolescentes que viajavam de férias para a Espanha.
Foto: AP
Colisão mata 154 no Brasil
Um choque no ar com um jato Legacy provocou a queda de um Boeing da Gol em 29 de setembro de 2006, a 692 quilômetros de Cuiabá (MT), matando as 154 pessoas a bordo. O voo 1907 havia saído de Manaus, faria escala em Brasília e seguiria para o Rio. O Legacy, que viajava para os Estados Unidos quando bateu, conseguiu pousar na Serra do Cachimbo, no Pará. As sete pessoas a bordo saíram ilesas.
Foto: Força Aérea Brasileira/Divulgação
Acidentes mortais da Latam
Em 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da Latam (antiga TAM) que vinha de Porto Alegre não conseguiu parar na pista de Congonhas, atravessou uma avenida e colidiu com um prédio da TAM Express, causando 199 mortes (187 a bordo e 12 em solo). Onze anos antes, um Foker 100 que seguia para o Rio havia caído 24 segundos depois de decolar de Congonhas, matando as 96 pessoas a bordo e três em solo.
Foto: AP
Brasileiros na tragédia da Air France
Em 31 de maio de 2009, um Airbus 330-203 da Air France que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no Atlântico, matando as 228 pessoas a bordo, sendo 59 brasileiros. Partes da fuselagem e corpos foram encontrados quase dois anos depois. A investigação concluiu que a causa foi uma combinação de erros dos pilotos com problemas ocorridos por congelamento nos sensores de velocidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Míssil russo derruba Boeing na Ucrânia
Um míssil russo abateu o voo MH17 da Malaysia Airlines, causando a queda do Boeing 777 que sobrevoava a Ucrânia, em 17 de julho de 2014. As 298 pessoas a bordo morreram, a maioria holandesas – o voo havia partido de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur. Os investigadores concluíram que o míssil Bouk-Telar foi disparado de uma brigada antiaérea em Kursk, na Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia.
Foto: imago/Itar-Tass
Acidente causado por piloto da Germanwings
Uma tragédia em 24 de março de 2015 chocou a Alemanha. Um Airbus A320 da Germanwings que fazia a rota Barcelona-Düsseldorf caiu nos Alpes Franceses, matando os 144 passageiros e seis tripulantes. O desastre foi causado intencionalmente pelo copiloto, Andreas Lubitz, que omitiu da companhia tendências suicidas. Andreas trancou o piloto fora da cabine e chocou a aeronave contra as montanhas.
O presidente da Polônia Lech Kaczynski morreu em 10 de abril de 2010, quando o Tupolev 1954 em que ele estava caiu perto do aeroporto de Smolensk, na Rússia, matando também outras 96 pessoas, entre elas autoridades do primeiro escalão do governo. A comitiva polonesa viajava para a Rússia para participar de uma cerimônia em memória ao massacre de prisioneiros poloneses na Segunda Guerra Mundial.
Foto: AP
Tragédia da Chapecoense
Em 28 de novembro de 2016, o avião da LaMia que levava o time da Chapecoense, dirigentes e jornalistas caiu quando voava de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia, matando 71 das 77 pessoas a bordo. A equipe disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o colombiano Atlético Nacional. A investigação revelou uma série de erros, como falta de combustível.