"Não havia sinais de risco concreto e iminente em Berlim"
5 de fevereiro de 2016
Quatro argelinos – dois deles detidos – planejavam atentados na capital alemã, mas planos estavam em fase inicial. Polícia investiga possível ligação dos suspeitos com autores dos ataques de Paris.
Anúncio
A polícia alemã afirmou nesta sexta-feira (05/02) estar investigando se as pessoas detidas no dia anterior sob suspeita de estarem planejando ataques terroristas em Berlim possuem ligações com os atentados de 13 de novembro de Paris.
"Estamos investigando se há uma conexão com os ataques de Paris", disse o porta-voz da polícia, Stefan Redlich. Três pessoas – dois homens e uma mulher – foram detidas em operações policiais em Berlim, na Renânia do Norte-Vestfália e na Baixa Saxônia nesta quinta-feira.
Entre elas estaria o suposto líder da célula, um argelino de 34 anos que teria conexões com a organização terrorista "Estado Islâmico" (EI) e teria chegado à Alemanha como refugiado em dezembro, usando a rota dos Bálcãs. Ele usou três pseudônimos diferentes no país e foi detido num abrigo de refugiados em Attendorn, na Renânia do Norte-Vestfália.
Segundo a imprensa alemã, os suspeitos discutiram possíveis locais para ataques terroristas. O jornal berlinense Tagesspiegel menciona o Checkpoint Charlie, antigo posto militar entre as Alemanha Ocidental e Oriental e atualmente um dos principais pontos turísticos de Berlim, como o alvo escolhido. O diário afirmou ainda que eles estariam em contato com líderes do "Estado Islâmico".
Nesta sexta-feira, o presidente do Departamento Federal de Proteção da Constituição, Hans-Georg Maassen, afirmou que não havia sinais de um risco concreto de ataque terrorista iminente na capital alemã. Aparentemente tratava-se de um plano em fase inicial. Nas buscas não foram encontradas armas nem explosivos. A polícia monitorava o grupo há semanas.
As investigações, no entanto, seguem em curso. O que as forças de segurança alemãs sabem sobre essa suposta célula islâmica operando na Alemanha?
– Ao menos quatro argelinos com ligações com o EI são suspeitos de planejar atos terroristas em Berlim, mas os planos não estavam próximos de serem concluídos. Eles haviam discutido potenciais alvos, incluindo o Checkpoint Charlie, na capital alemã.
- Dois dos quatro homens, incluindo o suposto líder, foram presos em operações policiais na quinta-feira. A mulher do suposto mentor também foi detida. Os outros dois homens são mantidos sob custódia, mas, oficialmente, sob outras acusações. Um dos suspeitos de Berlim teria falsificado documentos e estaria morando na Alemanha sob identidade falsa.
– O suposto líder, um argelino de 34 anos, entrou na Alemanha com sua família em 28 de dezembro, após viajar pela rota dos Bálcãs. Ele usou três pseudônimos. Ele também é alvo de um mandado de prisão internacional. A polícia alemã afirmou que ele participou de treinamento militar na Síria e foi enviado pelo EI para cometer atos terroristas na Europa.
– Outro suspeito tem ligações com uma rede islamita na Bélgica e viajou ao menos uma vez para o distrito de Molenbeek, em Bruxelas, berço de vários extremistas autores dos atentados de Paris.
– A polícia não encontrou uma conexão entre os suspeitos e outras recentes ameaças terroristas na Alemanha, incluindo os atos frustrados em Munique e no amistoso da seleção alemã em Hannover.
– Embora os investigadores tenham confirmado que o suposto líder e sua família entraram na Europa como refugiados, não está claro se eles usaram identidades falsas ou documentos verídicos roubados pelo "Estado Islâmico".
PV/dpa/rtr/dw
2015, o ano dos refugiados
Nunca tantas pessoas estiveram em fuga como em 2015. Muitos delas seguiram para a Europa, com o objetivo de chegar à Alemanha ou à Suécia. Confira uma restrospectiva fotográfica do "ano dos refugiados".
Foto: Reuters/O. Teofilovski
Chegada à União Europeia
Esses jovens sírios superaram uma etapa perigosa da sua viagem: eles conseguiram chegar à Grécia e, assim, à União Europeia. O objetivo final, porém, ainda não foi alcançado: eles querem continuar a jornada para o norte, em direção a outros países-membros do bloco. Em 2015, a maioria dos refugiados seguiu para a Alemanha e para a Suécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Perigosa travessia do Mediterrâneo
O caminho que eles deixam para trás é extremamente perigoso. Vários barcos com refugiados, nem sempre aptos à navegação, já viraram durante a travessia do Mar Mediterrâneo. Estas crianças sírias e seu pai tiveram sorte: eles foram resgatados por pescadores gregos na costa da ilha de Lesbos, na Grécia.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
A imagem que comoveu o mundo
Aylan Kurdi, de 3 anos, não sobreviveu à fuga. No início de setembro, ele se afogou no Mar Egeu, juntamente com o irmão e a mãe, ao tentar chegar à ilha grega de Kos. A foto do menino sírio, morto na praia de Bodrum, espalhou-se rapidamente pela mídia e chocou pessoas de todo o mundo.
Foto: Reuters/Stringer
Onde as diferenças são visíveis
A ilha grega de Kos, a menos de 5 quilômetros de distância da Turquia continental, é o destino de muitos refugiados. As praias geralmente cheias de turistas servem de ponto de desembarque, como no caso deste grupo de refugiados paquistaneses que chegou à costa da Grécia com um bote de borracha.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Em meio ao caos
Porém, muitos refugiados não conseguem simplesmente seguir viagem quando chegam a Kos. Eles somente podem seguir para o continente após serem registrados. Durante o verão europeu, a situação se agravou quando as autoridades fizeram com que os refugiados esperassem pelo registro num estádio, sob o sol escaldante e sem água.
Foto: Reuters/Y. Behrakis
Um navio para refugiados
Por causa da condições precárias, tumultos eram frequentes na ilha de Kos. Para acalmar a situação, o governo grego fretou um navio, que permaneceu ancorado e foi transformado em alojamento temporário para até 2.500 pessoas e em centro de registro de migrantes.
Foto: Reuters/A. Konstantinidis
"Dilema europeu"
Mais ao norte, na fronteira da Grécia com a Macedônia, policiais não permitiam mais a passagem de pessoas, entre elas crianças aos prantos, separadas de seus pais. Esta foto tirada pelo fotógrafo Georgi Licovski no local, e que mostra o desespero de duas crianças, foi premiada pelo Unicef como a imagem do ano, já que mostra "o dilema e a responsabilidade da Europa".
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem conexões para refugiados
No final do verão europeu, Budapeste se transformou em símbolo do fracasso das autoridades e da xenofobia. Milhares de refugiados estavam acampados nas proximidades de uma estação de trem da capital húngara, pois o governo do país os proibira de seguir viagem. Muitos decidiram seguir a pé em direção à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Fronteiras abertas
Uma decisão na noite de 5 de setembro abriu caminho para os refugiados: a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o chanceler austríaco, Werner Faymann, decidiram simplesmente liberar a continuação da viagem por parte dos migrantes. Como consequência, vários trens especiais e ônibus seguiram para Viena e Munique.
Foto: picture alliance/landov/A. Zavallis
Boas vindas em Munique
No primeiro final de semana de setembro, cerca de 20 mil refugiados chegaram a Munique. Na estação central de trem da capital da Baviera, inúmeros voluntários se reuniram para receber os refugiados com aplausos e lhes fornecer comida e roupas.
Foto: Getty Images/AFP/P. Stollarz
Selfie com a chanceler
Enquanto a chanceler federal Angela Merkel era aplaudida por refugiados e defensores de sua política de asilo, muitos alemães se voltavam contra a política migratória. "Se tivermos de pedir desculpas por mostrar uma face acolhedora em situações de emergência, então este não é mais o meu país", respondeu a chanceler. A frase "Nós vamos conseguir" se tornou o mantra de Merkel.
Foto: Reuters/F. Bensch
Histórias na bagagem
No final de setembro, a polícia federal alemã divulgou uma imagem comovente: o presente que uma menina refugiada deu a um policial da cidade alemã de Passau. O desenho mostra o horror que vários migrantes vivenciaram e o quão felizes eles estavam por, finalmente, estarem em um local seguro.
Foto: picture-alliance/dpa/Bundespolizei
O drama continua
Até o final de outubro, mais de 750 mil refugiados haviam chegado à Alemanha. Mas o fluxo não parava. Sobrecarregados, os países da chamada Rota dos Bálcãs decidiram fechar suas fronteiras. Apenas sírios, afegãos e iraquianos estavam autorizados a passar. Em protesto, migrantes de outros países chegaram a costurar seus lábios.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Licovski
Sem fim à vista
"Ajude-nos, Alemanha" está escrito em cartazes de manifestantes na fronteira com a Macedônia. Na Europa, o inverno se aproxima, e milhares de pessoas, entre elas crianças, estão presas nas fronteiras. Enquanto isso, até mesmo a Suécia retomou o controle temporário de fronteiras. Em 2016, o fluxo de refugiados deverá continuar.