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2014 está chegando

14 de abril de 2011

Instituto de Pesquisa Aplicada, ligado à Presidência da República, fez um estudo com base nas informações da Infraero. O alarme: as obras em 9 dos 13 aeroportos em cidades-sede não ficarão prontas para a Copa do Mundo.

Terminal em Cumbica: sobrecarregadoFoto: picture alliance/AE

A conclusão é do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea), órgão ligado à Presidência da República: a maioria das obras nos aeroportos brasileiros não ficará pronta até a Copa do Mundo de 2014. Embora os brasileiros já tenham o senso de que não há verba suficiente para execução das melhorias previstas, o estudo do órgão oficial aumenta ainda mais a preocupação que ronda o tema.

A avaliação foi apresentada nesta quinta-feira (14/05) em Brasília. A entidade estima que a ampliação de nove dos 13 aeroportos localizados nas cidades-sede dos jogos de 2014 não será concluída até o início do Mundial de futebol.

O estudo foi baseado nos dados fornecidos pela estatal Infraero, Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária. Segundo a análise, as obras nos terminais de Manaus, Fortaleza, Brasília, Guarulhos, Salvador, Campinas e Cuiabá – que ainda estão em fase de elaboração de projeto – não estarão prontas até 2017.

A previsão para Confins e Porto Alegre, que já estão com projeto pronto, é de aproximadamente 80 meses. As obras do novo aeroporto de Natal não têm previsão de conclusão, conforme dados da Infraero.

Segundo o instituto, apenas os terminais do Galeão, no Rio de Janeiro, Curitiba e Recife terão condições de receber os turistas para o evento esportivo – se tudo correr como programado.

"Implantar uma proposta de abertura para o setor privado demanda tempo também. Abrir para a iniciativa privada não significa que o problema esteja resolvido no dia seguinte", comentou Carlos Campos, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea na coletiva de imprensa.

Limite ultrapassado

O caos nos aeroportos é tema dominante nas manchetes brasileiras. A nota técnica do Ipea indica que 14 dos 20 maiores aeroportos nacionais operam acima de sua capacidade, numa situação considerada "crítica" pelo órgão. Além do considerável aumento do número de passageiros aéreos, contribui para esse quadro a insuficiência de investimentos públicos em infraestrutura.

Tecnicamente, o tempo médio para preparar os projetos, obter licenças, fazer licitações e começar o serviço supera os três anos restantes até o evento esportivo.

"Se tudo ocorre dentro dos prazos vigentes no país, uma obra de infraestrutura em transportes leva em média 92 meses para ficar pronta – são mais de sete anos!", ressalta a nota técnica do Ipea.

Os técnicos do Ipea também apuraram que a Infraero teria aplicado, entre 2003 e 2010, apenas 44% do valor disponibilizado para investimentos. "Isso aponta para a necessidade de inadiável aprimoramento na gestão empresarial da Infraero", comenta a nota. Embora os investimentos públicos no setor aéreo tenham se elevado de 503 milhões de reais em 2003 para mais de 1,3 bilhão de reais em 2010, as informações sobre as taxas de ocupação dos terminais de passageiros mostram necessidades de investimentos futuros ainda maiores. "Isso mostra que o setor continua sendo planejado com o olho no espelho retrovisor em vez de se preparar para 40 anos à frente", continua o Ipea.

Críticas por todos os lados

Embora o presidente da Fifa, Joseph Blatter, tenha amenizado seus comentários depois de fazer duras críticas, há duas semanas, à preparação brasileira, o atraso no cronograma ecoa na imprensa internacional. Já se fala que a lentidão brasileira é mais preocupante do que a sul-africana, que sediou a Copa em 2010.

Régis Fichtner, secretário estadual da Casa Civil no Rio Janeiro e que coordena os projetos de infraestrutura na cidade que também abrigará os Jogos Olímpicos de 2016, garante: "Não estamos atrasados. Vamos entregar o Maracanã e todas as nossas obrigações até dezembro do ano que vem, a tempo de fazer a Copa das Confederações."

Em relação aos aeroportos, no entanto, Fichtner não nega a preocupação. "Aeroporto é um problema. Nós estamos confiando que a presidente Dilma irá concessionar o aeroporto do Galeão, que nós entendemos que é a melhor solução para atender melhor o público nesses grandes eventos que vamos realizar."

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer

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