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Irã é acusado de reprimir protestos a bala

13 de janeiro de 2020

Autoridades da República Islâmica negam uso de munição letal para dispersar manifestantes. Iranianos saíram às ruas da capital do país pelo terceiro dia seguido para protestar contra o governo após derrubada de avião .

Mulher de véu islâmico e dedo em riste discute com um policial de capacete em imagem noturna
Até três mil pessoas foram às ruas de Teerã protestar contra o governo no domingoFoto: hamshahrionline.ir

Forças de segurança do Irã estão sendo acusadas de efetuar disparos na repressão às manifestações que eclodiram no país após o governo ter admitido que a queda do avião de passageiros ucraniano foi provocada por um míssil iraniano disparado acidentalmente. Nesta segunda-feira (13/01), o país voltou a ser palco de protestos pelo terceiro dia seguido.

Em vídeos divulgados na internet no fim de semana são ouvidos tiros nas imediações de manifestações. Imagens mostram poças de sangue. Também podem ser vistos homens armados que parecem ser membros das forças de segurança. Em alguns vídeos, policiais batem com cassetetes em manifestantes. As pessoas gritam: "Não bata nelas".

Segundo a emissora de TV saudita Al Arabyia, as forças de segurança do Irã inicialmente reprimiram os manifestantes com balas de borracha e gás lacrimogênio em Teerã. Contudo, a TV afirmou que recebeu informações sobre disparos de arma de fogo contra manifestantes no bairro de Shadman, na capital do país.

Uma testemunha ouvida pelo jornal britânico The Guardian relatou que as forças de segurança começaram a reprimir o protesto disparando gás lacrimogênio, mas pouco depois recorreram à munição letal.  

A polícia iraniana tem desmentido as evidências de que disparou contra manifestantes antigovernamentais. "A polícia definitivamente não disparou nos protestos, porque a polícia da capital foi instruída a se conter", afirmou o chefe de polícia de Teerã, Hossein Rahimi, em nota divulgada pela televisão estatal.

Um porta-voz do governo em Teerã criticou as declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as medidas contra os manifestantes. No domingo, o americano publicou mensagens no Twitter na língua nacional persa, elogiando "o grande povo iraniano" e alertando para que as autoridades não matem os manifestantes.

 "O mundo está de olho. E, mais importante, os Estados Unidos estão de olho", disse Trump, reiterando o teor de outra mensagem, divulgada no sábado, na qual alertou o regime da República Islâmica de que "não pode acontecer outro massacre de manifestantes pacíficos".

Donald Trump referia-se às manifestações contra o aumento do preço da gasolina que aconteceram em meados de novembro no Irã e que foram fortemente reprimidas pelas autoridades iranianas. Mais de 300 pessoas morreram durante os protestos de novembro, segundo uma denúncia da Anistia Internacional.

O porta-voz iraniano afirmou que o presidente derramou "lágrimas de crocodilo", dizendo que os EUA mataram um dos principais generais do Irã e acusando o país de ser responsável pela má situação econômica iraniana.

As manifestações em todo país começaram no sábado, após o governo ter admitido que a queda do avião de passageiros ucraniano com 176 a bordo foi mesmo provocada por um míssil iraniano disparado acidentalmente. Antes, as autoridades iranianas haviam rejeitado o envolvimento no ocorrido, embora estivessem informadas desde quarta-feira sobre o que aconteceu. 

No domingo, até três mil pessoas foram às ruas em Teerã protestar contra o governo, segundo a agência de notícias Ilna. Os manifestantes reivindicam, entre outras coisas, a renúncia dos responsáveis. Eles gritaram "morte ao ditador", se referindo ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

Enquanto isso, após a detenção temporária do embaixador britânico no Irã, o Reino Unido convocou para esclarecimentos o embaixador iraniano em Londres. Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que o governo quer deixar claro que a prisão foi inaceitável e significou uma violação do protocolo diplomático.

A polícia iraniana deteve no domingo, por cerca de uma hora, o embaixador britânico Rob Macaire, após ele participar no sábado de uma vigília em memória das 176 vítimas do avião ucraniano abatido no Irã.

Teerã negou encobrir os fatos relacionados ao abate do avião de passageiros. "O governo foi acusado de encobrir e mentir, mas isso realmente não ocorreu", disse o porta-voz do governo Ali Rabiei.

Ele lembrou que após o assassinato do general Qassim Soleimani, Trump ameaçou atacar 52 alvos no Irã em caso de retaliação iraniana. "Por isso, todas as nossas forças estavam em alerta máximo, e essa foi a causa do erro trágico do acidente", disse Rabiei.

Sem evidências de ataque

A relação já tensa entre os dois países piorou após os EUA matarem, com um ataque de drone, o general iraniano Qassim Soleimani. Trump justificou o assassinato afirmando que o militar iraniano planejava atentados iminentes. Neste domingo entretanto, o secretário americano de Defesa, Mark Esper, afirmou que as agências de inteligência não têm evidências concretas de ataques iminentes.

Como retaliação à morte do militar, o Irã lançou um ataque de mísseis na madrugada de quarta-feira, atingindo duas bases usadas pelos EUA no Iraque, não houve feridos. Momentos depois, segundo a Guarda Revolucionária, a defesa antiaérea iraniana abateu acidentalmente um avião de passageiros ucraniano com muitos iranianos a bordo, após confundir a aeronave com um míssil de cruzeiro.

O governo alemão afirmou, em comunicado, estar "muito preocupado" com os acontecimentos e disse que o povo iraniano deve ter a oportunidade de protestar livremente e de forma pacífica. Berlim também pediu que o Irã esclareça as circunstâncias da queda do avião ucraniano.

Pompeo critica ataque a base iraquiana

Neste domingo, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, exigiu o fim das "violações à soberania do Iraque", após um ataque a mísseis contra a base militar de Al Balad que feriu quatro iraquianos.

"Indignado com os relatos de outro ataque com mísseis contra uma base aérea iraquiana. Rezo pela rápida recuperação dos feridos e peço ao governo iraquiano para que faça os responsáveis prestarem contas por este ataque ao povo iraquiano. Estas violações contínuas da soberania iraquiana por grupos que não são leais ao governo iraquiano precisam terminar", escreveu Pompeo no Twitter.

A Célula de Comunicação de Segurança Iraquiana confirmou horas antes, em comunicado, que oito foguetes do tipo Katyusha caíram na base de Al Balad, onde há tropas americanas, ferindo quatro efetivos iraquianos, incluindo dois oficiais.

MD/efe/rtr/afp/dpa

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