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Segurança nuclear

13 de abril de 2010

Governo de Teerã anuncia que acordo a ser selado na conferência em Washington não terá efeito sobre seu programa atômico. França não renuncia a arsenal nuclear, enquanto Ucrânia quer se desfazer de urânio enriquecido.

Barack Obama convocou cúpula em WashingtonFoto: AP

O anúncio da Ucrânia, de que pretende desfazer-se até 2012 de todo seu urânio enriquecido, foi o primeiro êxito da Cúpula sobre Segurança Nuclear, realizada em Washington, nestes 12 e 13 de abril. O presidente norte-americano, Barack Obama, idealizador da cúpula, saudou a iniciativa como "passo histórico".

Grande parte do material nuclear ucraniano, o suficiente para construir várias bombas atômicas, deverá ser retirada do país até o final do ano, disse o presidente Viktor Yanukovich, na segunda-feira (12/04).

Nicolas SarkozyFoto: AP

Já a França rejeita os planos norte-americanos de desarmamento. Segundo o presidente Nicolas Sarkozy, seu país não pode prescindir de armas nucleares. Ele disse à emissora norte-americana CBS que a França já reduziu seu arsenal nuclear "em um terço", para 300 ogivas.

"Se continuar reduzindo, posso colocar em xeque a segurança de meu país", acrescentou. Na semana passada, Estados Unidos e Rússia concordaram em diminuir, cada um, para 1.550 o número de ogivas prontas para uso.

O principal tema do maior encontro de cúpula dos últimos 60 anos nos Estados Unidos e que tem a participação de representantes de 47 países, é o combate ao terrorismo nuclear. O objetivo é evitar que terroristas islâmicos lancem mão de material nuclear.

Nova resolução contra o Irã

O Irã e a Coreia do Norte não foram convidados para a cúpula, devido aos conflitos em torno de seus programas nucleares. "Mesmo sanções não terão efeito sobre a vontade de nosso povo de seguir seus direitos", disse o porta-voz do Ministério iraniano de Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast.

Ramin MehmanparastFoto: ISNA

O governo de Teerã sempre negou que estivesse construindo uma bomba nuclear. Mehmanparast ressaltou que, em vez de se fixar no Irã, a cúpula de Washington deveria se preocupar com o arsenal nuclear israelense e sua negativa ao Tratado de Proliferação Nuclear. Na opinião do iraniano, este é o principal obstáculo ao desarmamento.

No encontro de Obama com o presidente chinês, Hu Jintao, nesta segunda-feira, "os chineses deixaram claro que estão dispostos a colaborar conosco", disse Jeff Bader, assessor de Obama para a Ásia. Segundo ele, em algumas semanas haverá uma nova resolução da ONU sobre o assunto.

Brasil continua contra sanções

Obama teria assegurado a Hu "sensibilidade" com relação à China ao negociar contra o Irã, para garantir o abastecimento chinês de combustível. Quase 12% do petróleo consumido pela China provém do Irã.

Também Moscou estaria cedendo em sua postura. O presidente Dimitri Medvedev disse que as atividades nucleares do Irã precisam ser vigiadas de perto e que "as sanções devem ser eficazes e inteligentes".

O Brasil, por seu lado, continua cético em relação a sanções. "A posição do Brasil é que se devem esgotar as negociações", disse o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim. Sanções nunca surtiram efeito, afirmou.

Al Qaeda em busca de material nuclear

Foto: AP

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), Yukia Amano, conclamou as potências nucleares a fazerem mais para proteger seu material nuclear de roubos e contrabando. "Em média, recebemos a cada dois dias uma notícia sobre um novo caso de roubo ou contrabando de material nuclear", disse à emissora BBC.

A principal preocupação é que grupos terroristas como a Al Qaeda obtenham material nuclear e realizem um ataque devastador, disse o assessor de Obama John Brennan.

"Desde a década passada, há fortes indícios de que a Al Qaeda esteja tentando obter estes materiais no mercado aberto e junto a organizações criminosas", acrescentou. "Há alguns países com instalações [nucleares] que devem melhorar a segurança desses materiais e evitar que os terroristas se aproveitem de vulnerabilidades", advertiu.

Os encarregados de segurança preocupam-se especialmente com o Paquistão, a Coreia do Norte e com os países que antigamente formavam a União Soviética. Mas também o material nuclear de instituições civis, como hospitais, centros de pesquisa ou parques industriais, pode cair em mãos erradas.

Peritos em segurança calculam que em todo o mundo haja 1.600 toneladas de urânio altamente enriquecido e 500 toneladas de plutônio. A próxima Cúpula sobre Segurança Nuclear está prevista para 2012.

RW/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente

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