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Energia nuclear

30 de novembro de 2009

O governo em Teerã anunciou a construção de dez novas centrais de enriquecimento de urânio em resposta à resolução da ONU, que condena seu programa nuclear. Anúncio aumenta tensão entre Irã e comunidade internacional.

Ahmadinejad: Irã precisa de 500 mil centrífugasFoto: AP

Cada vez mais indiferente aos protestos internacionais contra seu programa nuclear, o Irã anunciou neste domingo (29/11) a construção de dez novas usinas de enriquecimento de urânio. O anúncio foi uma reação de Teerã à nova resolução da Agência Internacional da Energia Atômica (Aiea), que condena sua política nuclear.

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, classificou como "chantagem política" a resolução divulgada na última sexta-feira (27/11), na qual as Nações Unidas ameaçam sanções mais drásticas contra o Irã.

Larijani advertiu os Estados Unidos e os outros membros do grupo dos 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha, responsáveis pela resolução) a não acreditar que "este jogo ultrapassado lhes dará vantagem para negociar" sobre o programa nuclear iraniano.

"Não obriguem a nação e o Parlamento iranianos a tomar outro rumo e reduzir sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica", declarou Larijani.

Combustível nuclear

Natanz terá 54 mil centrífugasFoto: AP

Segundo a Irna, agência estatal de notícias do Irã, o governo em Teerã já teria instruído o órgão nacional de energia atômica a iniciar imediatamente a construção de cinco centrais de enriquecimento que já estavam em planejamento. A localização das outras cinco ainda não estaria definida.

Segundo divulgou a Irna, Ahmadinejad determinou que as dez novas usinas de enriquecimento de urânio serão do tamanho da central já existente próxima a Natanz, que deverá contar com 50 mil centrífugas.

Ahmadinejad declarou que seu país precisa construir 500 mil centrífugas para produzir, anualmente, 250 a 300 toneladas de combustível nuclear, informou a Irna.

EUA, Alemanha e Reino Unido

O anúncio de Teerã provocou apreensão nos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que o Irã estaria violando gravemente, mais uma vez, as diversas resoluções da ONU. Além disso, isso seria "mais um exemplo de que o Irã prefere se isolar".

O Ministério alemão do Exterior recebeu com grande preocupação o anúncio de Teerã e exigiu que o Irã cumpra suas obrigações perante a comunidade internacional, além de cooperar de forma abrangente com a agência de energia atômica da ONU".

Em Londres, o Ministério britânico do Exterior também reagiu com desagrado ao anúncio, considerando-o uma violação deliberada e preocupante das resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

Disponibilidade de negociação

Apesar da tensão entre Teerã e a comunidade internacional, Ari Larijani declarou em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (30/11) que seu país estaria disposto a negociar.

O presidente do Parlamento iraniano afirmou acreditar na possibilidade de resolver o conflito de forma diplomática, alegando que o Irã pretende dar continuidade ao seu programa nuclear sob a supervisão da Aiea, a fim de deixar claro seu caráter "pacífico". No entanto, caso recorra-se a "truques políticos", o Irã mudará sua política, advertiu Larijani.

CA/ap/afp/dpa/rtrs/lusa

Revisão: Simone Lopes

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