Contratos bilaterais definem a compra de 118 aviões de passageiro da Airbus, a comercialização de petróleo e o retorno da Peugeot ao Irã. Em Paris, presidente iraniano é recebido com honras militares.
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O presidente iraniano, Hassan Rouhani, assinou 20 acordos bilaterais, sendo nove deles comerciais, durante encontro com o homólogo francês, François Hollande, nesta quinta-feira (28/11), em Paris. No total, os contratos podem movimentar até 30 bilhões de euros.
"Uma nova era nas nossas relações começa hoje", afirmou Hollande, em coletiva de imprensa ao lado do presidente iraniano.
"Vamos esquecer o ressentimento. Estamos prontos para virar a página e estabelecer uma nova relação", disse Rouhani, que foi recebido em Paris com honras militares. O iraniano também garantiu que o país cumprirá o que foi determinado no acordo nuclear assinado com as potências mundiais, mas, ressaltou que o outro lado deve suspender as sanções à República Islâmica.
Os acordos bilaterais assinados em diversos setores, como transporte, saúde e agricultura, prevêem a compra de 118 aviões de passageiro da Airbus pela Iran Air, a venda de petróleo da Companhia Nacional de Petróleo Iraniana para o grupo francês Total, além do retorno da montadora Peugeot para o Irã. A empresa automobilística pretende produzir 200 mil carros por ano no país.
A visita do iraniano levou ainda centenas de pessoas às ruas da capital francesa, que protestaram contra violações de direitos humanos cometidas no Irã. Hollande afirmou que tocou nesse tema durante o encontro que teve com Rouhani e disse que lembrou ao colega o compromisso da França com os direitos humanos.
A Síria também foi tema da reunião dos líderes. Rouhani, aliado do presidente Bashar al-Assad, disse que cabe aos sírios tomar as decisões sobre o próprio país. "O problema da Síria não é uma questão de pessoas, mas do terrorismo e do 'Estado Islâmico'", ressaltou.
"Precisamos urgentemente colocar em prática medidas humanitárias e negociar a transição política", ressaltou Hollande, destacando a importância de negociações de paz para a Síria.
CN/ap/rtr/afp
Os 11 dias da Revolução Islâmica
No início de 1979, o xá Reza Pahlavi era derrubado no Irã. A Revolução Islâmica transformou a monarquia de até então num Estado religioso liderado por um sacerdote muçulmano. O clímax da revolução em imagens.
Foto: akairan.com
Retorno a Teerã
1º de fevereiro de 1979: O aiatolá Ruhollah Khomeini retorna do exílio em Paris para Teerã. Ele é recebido com júbilo pela população no aeroporto. Durante anos, criticara o xá e sua elite política, pela repressão dos dissidentes; pela "ocidentalização" do Irã – aos olhos de Khomeini, excessiva; e, acima de tudo, por seu estilo de vida dissoluto, de luxo decadente.
Foto: akairan.com
À espera do salvador
Cerca de 4 milhões de iranianos aguardaram para saudar a procissão de veículos que levou Khomeini nesse dia até o cemitério central Behesht-e Zahra, onde ele faria seu discurso de chegada. Há quase um ano ocorriam manifestações de massa quase diárias contra o regime do xá. Desde agosto de 1978, greves gerais organizadas pela oposição paralisavam repetidamente a economia do país.
Foto: Getty Images/Afp/Gabriel Duval
Fora com o xá
O xá Reza Pahlavi já havia deixado o Irã em 16 de janeiro de 1979. Pouco antes, na Conferência de Guadalupe, ele perdera o apoio dos mais importantes governantes ocidentais, que preferiram procurar o diálogo com Khomeini. O então presidente americano, Jimmy Carter, aproveitou a ocasião para convidar o xá aos Estados Unidos, por tempo indeterminado. Ele aceitou.
Foto: fanous.com
Premiê isolado
Antes, o xá nomeara, como primeiro-ministro interino, Shapur Bakhtiar, figura de liderança da oposicionista Frente Nacional. O governante pretendia assim abrandar seus inimigos, mas sem sucesso. Bakhtiar ficou isolado dentro de seu partido por ter sido nomeado pelo xá, enquanto seus correligionários já haviam concordado em só colaborar com Khomeini.
Foto: akairan.com
Declaração de combate no cemitério
Já ao desembarcar em Teerã, o aiatolá declarou que não reconhecia o governo de Shapur Bakhtiar. Ele partiu direto do aeroporto para o cemitério central, onde fez um discurso beligerante, negando a legitimidade da monarquia e do Parlamento: ele próprio definiria o novo governo do Irã, prometeu Khomeini.
Foto: atraknews.com
Tumultos em todo o país
Em Teerã e outras cidades iranianas, os enfrentamentos violentos entre os revolucionários e os adeptos do xá prosseguiram, mesmo depois da chegada de Khomeini a Teerã. Durante dias permaneceu indefinido quem venceria os combates. Os militares decretaram toque de recolher, que praticamente nenhum iraniano respeitou.
Foto: akairan.com
Premiê interino
Em 5 de fevereiro de 1979, Khomeini entregou a chefia de governo interina a Mehdi Bazargan, da Frente Nacional. De início, parecia que o clero iria colaborar como a oposição liberal. No entanto, logo emergiram conflitos entre os dois grupos. Em 5 de novembro, Bazargan renunciou, em reação à tomada de reféns na embaixada americana em Teerã, ato tolerado por Khomeini.
Foto: akairan.com
Festejando a queda
Após a nomeação de Bazargan, numerosos cidadãos foram às ruas com a intenção de derrubar o governo interino. As Forças Armadas declararam não querer se envolver na luta de poder, privando Shapur Bakhtiar de qualquer tipo de cobertura. Ele teve que fugir da própria casa diante dos partidários armados de Khomeini. Em abril de 1979 exilou-se na França.
Foto: akairan.com
Saudação militar
Honras militares para o líder religioso: uma tropa de elite da Força Aérea iraniana saúda o aiatolá Khomeini. Os oficiais da aeronáutica, os homafaran, tiveram participação decisiva na revolução, permitindo à população o acesso a seus arsenais de munição, para a derrubada do regime de Pahlavi. Em 9 de fevereiro, a guarda imperial ainda tentou uma última reação, ao atacar uma base dos homafaran.
Foto: Mehr
Queda de monarquia
A partir daí, alastraram-se as lutas armadas entre a guarda imperial e a população. Em 11 de fevereiro de 1979 o colapso da ordem foi total: revolucionários ocuparam o Parlamento, o senado, a TV e outros órgãos estatais. Pouco mais tarde anunciava-se a derrubada da monarquia. Até hoje, o 11 de fevereiro é dia da "Revolução Islâmica" no Irã.