Irã condena jornalistas por cobrirem morte de Mahsa Amini
22 de outubro de 2023
Fotógrafa foi detida após tirar foto de pais da jovem. Repórter, após escrever sobre o funeral da mulher de 22 anos, morta em custódia policial por não usar o véu islâmico do modo determinado pelo regime.
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Duas jornalistas iranianas, presas por terem contribuído para tornar pública a morte sob custódia policial da jovem Jina Mahsa Amini, em setembro do ano passado, foram condenadas à prisão, anunciou a mídia oficial neste domingo (22/10).
Elaheh Mohammadi foi condenada a seis anos de prisão por alegada colaboração com os Estados Unidos, cinco anos por conspirar contra a segurança nacional e um ano por propaganda contra a República Islâmica, segundo a agência judicial Mizan Online.
Já a fotojornalista Niloufar Hamedi foi condenada a sete anos de prisão por também alegadamente cooperar com Washington, cinco por conspirar contra a segurança nacional e um por fazer propaganda contra o governo islâmico, acrescentou a mesma fonte. Hamedi foi a primeira pessoa a relatar a morte de Amini.
Presas por cobrirem caso Amini
Mohammadi, de 36 anos, repórter do diário Ham Mihan, e Hamedi, de 31, e fotógrafa do jornal Shargh, estão detidas desde setembro do ano passado na prisão de Evin, em Teerã, e os seus julgamentos começaram em maio.
De acordo com a agência de notícias Reuters, Hamedi foi detida depois de tirar uma fotografia dos pais de Amini abraçados em um hospital em Teerã, onde a filha estava em coma, e Mohammadi depois de cobrir o funeral de Amini na sua cidade natal curda, Saqez, onde começaram os protestos.
Jina Mahsa Amini, mulher curda iraniana de 22 anos, foi presa em setembro do ano passado em Teerã pela polícia da moralidade por alegadamente não usar da forma adequada o véu islâmico, violando o código de vestimenta do país, que exige que as mulheres usem lenço na cabeça em público. Pouco depois, ela morreu na prisão. Sua morte causou uma onda de protestos no Irã e em outros países.
Nesta semana, ela foi homenageada postumamente com o mais alto prêmio de direitos humanos da União Europeia, o Prêmio Sakharov.
md (Reuters, AFP, AP)
Por todo o mundo, solidariedade às iranianas
Em muitas cidades, grafites e manifestações mostram solidariedade às mulheres iranianas que enfrentam o regime de Teerã.
Foto: Francois Mori/AP/picture alliance
Na Embaixada do Irã na Cidade do México
Em solidariedade às mulheres no Irã e à jovem Mahsa Amini, que foi morta enquanto estava sob custódia policial no Irã, uma mulher chama o país de machista numa parede da embaixada iraniana na Cidade do México.
Foto: Gerardo Vieyra/NurPhoto/picture alliance
Manifestação em Frankfurt
A polícia da moralidade prendeu Mahsa Amini, de 22 anos, por não usar adequadamente o véu islâmico. Ela entrou em coma e morreu no hospital em 16 de setembro. A polícia negou o uso de violência, mas quase ninguém acredita nisso. Muitas mulheres iranianas experimentaram na própria pele a brutalidade da polícia da moralidade.
Foto: picture alliance/dpa
Marge solidária em Milão
No Irã, e em outras cidades do mundo, as mulheres estão cortando os cabelos em protesto na frente das câmeras. Marge Simpson fez o mesmo na parede de um prédio em Milão, na Itália, em frente ao consulado iraniano. A imagem é do artista de rua Alexsandro Palombo.
Foto: Andrea Fasani/ANSA/EPA-EFE
Amini será cidadã honorária de Paris
A lembrança de Mahsa Amini e dos protestos no Irã não está só nos muros e paredes da capital francesa. A cidade quer tornar Amini cidadã honorária postumamente. Um local em Paris deverá ser chamado Amini, "para que ninguém esqueça o nome dela", anunciou a prefeita Anne Hidalgo na semana passada. "Paris sempre estará ao lado daqueles que lutam por seus direitos e liberdade", disse.
Foto: Francois Mori/AP/picture alliance
"Mulheres, vida e liberdade" em Frankfurt
Artistas do Coletivo sem Nome pintaram um retrato de Mahsa Amini num prédio vazio em Frankfurt. Ao lado, estão as palavras persas jin, jiyan, azadi — mulheres, vida, liberdade. Esse é o slogan dos manifestantes contra o regime dos mulás em Teerã.
Foto: Boris Roessler/dpa/picture alliance
Solidariedade na Cracóvia
A revolta das mulheres contra seus opressores no Irã merece solidariedade, dizem muitas mulheres de outros países. E elas vão às ruas em todo o mundo — como aqui em Cracóvia, na Polônia. Em muitos lugares do globo, mulheres são discriminadas, por isso a ideia de uma revolução feminista no Irã fascina muitas delas.
Foto: Beata Zawrzel/NurPhoto/picture alliance
Performance de estudantes de artes em Teerã
Estudantes de arte da Universidade Azad, em Teerã, protestaram em frente ao prédio da faculdade de artes. A tinta vermelha em suas mãos simboliza a repressão sangrenta dos protestos pelas forças de segurança.
Foto: UGC/AFP
"Morte ao ditador"
Os protestos após a morte de Mahsa Amini não visam apenas os rígidos códigos de vestimenta para meninas e mulheres. Em todo o país, os manifestantes estão questionando o sistema e gritando "mulás, desapareçam" ou "morte ao ditador", referindo-se ao líder religioso e político Ali Khamenei.