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Irã diz que exigências de Trump para acordo são inaceitáveis

28 de abril de 2018

Teerã reitera sua postura firme sobre pacto nuclear e ameaça abandoná-lo caso ele não traga benefícios econômicos ao país. Governo ainda faz alerta às Coreias contra participação de Trump nos esforços de reconciliação.

Javad Zarif Brüssel Belgien
O ministro do Exterior iraniano já alertara contra "medidas drásticas" se os EUA abandonarem acordoFoto: Getty Images/J.Thys

O governo do Irã reafirmou neste sábado (28/04) sua posição inflexível sobre o acordo nuclear iraniano. O ministro do Exterior do país, Mohammad Javad Zarif, descreveu como inaceitáveis as exigências feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para alterar o pacto.

Zarif está em Moscou, onde participou de um encontro com os ministros do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, para discutir a guerra na Síria. Os políticos também aproveitaram a reunião para lançar críticas à atuação de Trump na política internacional.

Em entrevista à agência de notícias iraniana Isna neste sábado, outra autoridade do Ministério do Exterior do país, o diretor-geral Abdolreza Faraji, acrescentou que Teerã ameaça abandonar o acordo nuclear se as negociações "não trouxerem benefícios econômicos ao Irã".

O pacto foi firmado em 2015 entre Irã, EUA, Alemanha, França, China, Reino Unido e Rússia, visando restringir o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções internacionais ao país.

Trump tem até 12 de maio para decidir o futuro do acordo, assinado por seu antecessor, Barack Obama. Isso porque as sanções são revistas periodicamente. Na vez passada, em 12 de janeiro, o presidente disse que aquela seria a "última vez" que manteria as sanções suspensas.

Mais recentemente, Trump reiterou sua ameaça de descumprir o acordo no próximo dia 12, a menos que seus aliados europeus consertem, até essa data, as "terríveis falhas" presentes no pacto.

Macron e Trump: uma história de amor

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Em encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, no início da semana, Trump afirmou que o trato com Teerã possui "bases decadentes". "É um acordo ruim, com uma estrutura ruim, e está desmoronando", criticou o presidente.

Na ocasião, o líder americano ainda usou linguagem forte para acusar Teerã de causar problemas em todo o Oriente Médio. "Não importa aonde você vá no Oriente Médio, o Irã parece estar por trás de todos os lugares onde há problemas", disse.

O presidente iraniano, Hassan Rohani, já havia deixado claro a postura rígida de seu governo em relação ao acordo. "Enquanto nossos interesses estiverem garantidos, permaneceremos no acordo, estejam os EUA nele ou não", disse ele na quarta-feira. "Mas se nossos benefícios não forem garantidos, não ficaremos no pacto, não importa quais sejam as circunstâncias."

Rohani ainda atacou Trump, acusando-o de não ter "conhecimentos sobre política, leis ou tratados internacionais". "Você é apenas um homem de negócios, um comerciante.  Você é um construtor de torres. Como pode julgar questões internacionais?", declarou o presidente.

Esforço europeu

A viagem do presidente francês a Washington, que foi seguida de uma visita da chanceler federal alemã, Angela Merkel, nesta sexta-feira, faz parte do esforço europeu para convencer o presidente americano a permanecer no acordo com o Irã.

Enquanto Trump quer acrescentar cláusulas no acordo para torná-lo mais rígido, muitos de seus aliados na Europa acreditam que tais alterações representariam uma violação legal.

Os europeus temem ainda que a recusa de Trump em renová-lo possa acabar com toda a iniciativa. Eles se preocupam com as consequências devastadoras para a região, mas também com a credibilidade da diplomacia ocidental.

Em seu encontro com Trump, Macron propôs buscar um "novo acordo" além do existente. Merkel acrescentou depois que a Alemanha também acha que é preciso "adicionar mais", uma vez que as cláusulas atuais "não são suficientes para conferir ao Irã um papel baseado na confiança".

Alerta às Coreias

Neste sábado, o Irã ainda lançou um alerta aos líderes da Coreia do Norte e do Sul para que mantenham Trump longe de seus esforços de reconciliação. A declaração vem um dia depois de um encontro histórico entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, que acabou com um acordo para a desnuclearizão da península.

"Com a recente experiência do acordo nuclear [iraniano], o governo dos EUA mostrou que não é um ator confiável e que não se vê obrigado a cumprir seus compromissos internacionais, portanto não tem a qualificação necessária para participar dos acordos entre os países", declarou o porta-voz do Ministério do Exterior iraniano, Bahram Ghassemi.

O funcionário acrescentou que o governo iraniano acredita "profundamente que o alívio das tensões na Península Coreana deve continuar sem a intervenção e as possíveis provocações dos EUA".

EK/ap/dpa/efe/rtr

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