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Irã gera rara demonstração de unidade entre Berlim e Moscou

10 de maio de 2018

Em reunião na Rússia, ministros do Exterior alemão e russo defendem que acordo nuclear iraniano deve ser mantido após a saída dos EUA. Maas pede que Moscou use sua influência para convencer Teerã a permanecer no pacto.

Heiko Maas e Serguei Lavrov
Os ministros do Exterior alemão, Heiko Maas, e russo, Serguei Lavrov, em encontro em MoscouFoto: Reuters/S. Karpukhin

Em uma rara demonstração de unidade entre Berlim e Moscou, os ministros do Exterior alemão, Heiko Maas, e russo, Serguei Lavrov, concordaram nesta quinta-feira (10/05) em trabalhar juntos para preservar o acordo nuclear com o Irã após a saída dos Estados Unidos do pacto.

Maas afirmou ser crucial que o Irã cumpra as suas obrigações no âmbito do acordo, apesar das ameaças do presidente americano, Donald Trump, de impor novas sanções a Teerã. Segundo ele, Moscou poderia usar sua influência sobre o regime iraniano para esse fim.

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"É necessário que o Irã permaneça no acordo. É também de interesse do Irã manter o acordo vivo", declarou o chefe da diplomacia alemã, após reunião com Lavrov em Moscou. Para o ministro russo, acabar com o pacto iraniano ameaçaria a estabilidade do Oriente Médio.

O encontro ocorre dois dias após Trump anunciar a saída dos EUA do acordo nuclear – taxando-o de "horrível e unilateral" –, apesar dos esforços internacionais para impedir tal movimento. A ofensiva incluiu viagens da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Emmanuel Macron, a Washington nas últimas semanas.

O acordo nuclear foi firmado em 2015, antes de Trump assumir o cargo, entre Irã, EUA, Alemanha, França, China, Reino Unido e Rússia, visando restringir o programa nuclear iraniano em troca do alívio de uma série de pesadas sanções internacionais ao país.

Na quarta-feira, a Casa Branca antecipou que Trump pretende impor novas sanções a Teerã, provavelmente na próxima semana, mas sem dar mais detalhes. Em Moscou, Maas afirmou que o governo alemão está sondando com os EUA quais seriam essas medidas.

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"É importante ter conhecimento sobre as regras relativas aos chamados efeitos secundários, ou seja, o que acontece com uma empresa europeia que tem negócios nos Estados Unidos se ela continuar fazendo negócios com o Irã", disse o ministro alemão.

Lavrov, por sua vez, afirmou ser crucial que quaisquer novas sanções de Washington contra Teerã não abalem o acordo nuclear conquistado a duras penas. "Sem dúvida, vamos nos certificar em primeiro lugar de que isso não destruirá o acordo. Esse é nosso objetivo comum."

Segundo o ministro do Exterior russo, Moscou apelou tanto ao Irã quanto ao seu adversário Israel para que evitem tomar medidas que possam impulsionar a escalada do conflito no Oriente Médio após o anúncio de Trump sobre a saída do acordo.

Conflito na Ucrânia

Os dois diplomatas também concordaram em tentar retomar os esforços para resolver o conflito no leste da Ucrânia, onde forças pró-russas, apoiadas por Moscou, vêm combatendo forças ucranianas desde 2014, gerando também sanções internacionais.

Em reunião com Lavrov, Maas sugeriu reviver as negociações de paz entre Alemanha, França, Ucrânia e Rússia, que levaram ao acordo de Minsk em 2015, mas que, desde então, estagnaram. "Estamos prontos para considerar essa oferta", respondeu o ministro russo.

"Diálogo honesto"

Mais uma vez, Maas pediu "diálogo honesto" com o governo russo, "particularmente durante tempos complexos". O ministro alemão concordou que Berlim e Moscou tiveram suas diferenças, mas destacou a importância de a Rússia ser incluída na diplomacia global. Segundo ele, o conflito na Síria "não pode ser resolvido sem a Rússia".

Antes de sua viagem a Moscou, Maas já havia dito que a Alemanha estava pronta para esse diálogo, mas que também esperava "esforços construtivos" da Rússia no que diz respeito, por exemplo, aos conflitos na Ucrânia e na Síria – neste país, onde a guerra civil já dura sete anos, Moscou apoia o regime do presidente Bashar al-Assad.

Nesta quinta-feira, Lavrov afirmou ter "apreciado" a viagem de Maas à Rússia tão pouco tempo depois de ele ter assumido a diplomacia alemã. Segundo o ministro russo, reuniões presenciais são muito melhores do que a "diplomacia por microfone".

A expressão usada por Lavrov foi uma aparente referência a comentários de Maas sobre a Rússia em uma entrevista à revista alemã Spiegel, quando ele chamou o país de "agressor" e acusou o governo Vladimir Putin de adotar uma postura "cada vez mais hostil".

Desde que assumiu o cargo em março, o ministro alemão vem adotando um tom mais duro em relação a Moscou do que seu antecessor, o também social-democrata Sigmar Gabriel. O encontro desta quinta-feira foi visto como uma demonstração rara de harmonia diplomática entre as duas potências.

A viagem de Maas a Moscou antecede as visitas da chanceler federal alemã, Angela Merkel, e do ministro da Economia, Peter Altmaier, à Rússia na próxima semana.

EK/dw/afp/dpa/efe/rtr

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