Irã impõe sanções à DW pela cobertura de protestos
26 de outubro de 2022
Ministério iraniano do Exterior anuncia medidas punitivas contra diversas organizações europeias, que inclui o serviço da DW no idioma persa. Emissora alemã pede que Berlim exerça maior pressão sobre o regime.
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O Irã acrescentou o serviço da Deutsche Welleem idioma persa a uma série de instituições e indivíduos alvos de sanções do regime islâmico. A lista inclui ainda o jornal Bild e outras duas empresas alemãs.
O Ministério iraniano do Exterior anunciou as medidas em comunicado, acusando as instituições e indivíduos de "apoiarem o terrorismo". Eles estão sujeitos a proibições de viagens e a terem confiscados quaisquer bens que possuam no Irã.
O país asiático vem sendo abalado por uma onda de protestos desde a morte da jovem curda Jina Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro. Ela estava sob custódia da polícia depois de ser presa por se recusar a usar o véu islâmico "corretamente". O regime iraniano costuma se referir aos manifestantes como terroristas.
"Inaceitável"
O diretor-geral da Deutsche Welle, Peter Limbourg, afirmou que as sanções não afetarão a organização da cobertura dos acontecimentos no país: "O fato de aparecermos em tal lista não nos impedirá de fornecer informações confiáveis aos nossos usuários no Irã."
"O regime iraniano vem há algum tempo ameaçando nossos editores em persa e suas famílias", acrescentou Limbourg. "Isso é inaceitável. O governo promove terrorismo interna e externamente. Espero que políticos da Alemanha e da Europa aumentem a pressão sobre o regime."
Entre os demais alvos das sanções estão o serviço em persa da emissora francesa Radio France International e o Comitê Internacional em Busca de Justiça (ISJ), um grupo informal de parlamentares da União Europeia (UE) que apoia a democracia no Irã.
A Federação Alemã dos Jornalistas (DJV) pediu que Berlim adote medidas para pressionar Teerã a remover imediatamente as sanções. "É totalmente absurdo criminalizar o jornalismo independente e crítico, como o que é feito pela emissora alemã, como terrorismo", criticou o presidente da DJV, Frank Überall.
Retaliação a sanções da UE
As medidas adotadas pelo regime iraniano vieram na esteira de uma série de sanções impostas pela UE em 17 de outubro contra "perpetradores de violações graves aos direitos humanos".
Ao comentar a repressão aos protestos no Irã, a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, disse que as relações com o Irã não podem permanecer dentro da normalidade.
A Deutsche Welle é uma emissora alemã. Seu serviço no idioma persa opera na cidade de Bonn.
rc/av (DW)
Por todo o mundo, solidariedade às iranianas
Em muitas cidades, grafites e manifestações mostram solidariedade às mulheres iranianas que enfrentam o regime de Teerã.
Foto: Francois Mori/AP/picture alliance
Na Embaixada do Irã na Cidade do México
Em solidariedade às mulheres no Irã e à jovem Mahsa Amini, que foi morta enquanto estava sob custódia policial no Irã, uma mulher chama o país de machista numa parede da embaixada iraniana na Cidade do México.
Foto: Gerardo Vieyra/NurPhoto/picture alliance
Manifestação em Frankfurt
A polícia da moralidade prendeu Mahsa Amini, de 22 anos, por não usar adequadamente o véu islâmico. Ela entrou em coma e morreu no hospital em 16 de setembro. A polícia negou o uso de violência, mas quase ninguém acredita nisso. Muitas mulheres iranianas experimentaram na própria pele a brutalidade da polícia da moralidade.
Foto: picture alliance/dpa
Marge solidária em Milão
No Irã, e em outras cidades do mundo, as mulheres estão cortando os cabelos em protesto na frente das câmeras. Marge Simpson fez o mesmo na parede de um prédio em Milão, na Itália, em frente ao consulado iraniano. A imagem é do artista de rua Alexsandro Palombo.
Foto: Andrea Fasani/ANSA/EPA-EFE
Amini será cidadã honorária de Paris
A lembrança de Mahsa Amini e dos protestos no Irã não está só nos muros e paredes da capital francesa. A cidade quer tornar Amini cidadã honorária postumamente. Um local em Paris deverá ser chamado Amini, "para que ninguém esqueça o nome dela", anunciou a prefeita Anne Hidalgo na semana passada. "Paris sempre estará ao lado daqueles que lutam por seus direitos e liberdade", disse.
Foto: Francois Mori/AP/picture alliance
"Mulheres, vida e liberdade" em Frankfurt
Artistas do Coletivo sem Nome pintaram um retrato de Mahsa Amini num prédio vazio em Frankfurt. Ao lado, estão as palavras persas jin, jiyan, azadi — mulheres, vida, liberdade. Esse é o slogan dos manifestantes contra o regime dos mulás em Teerã.
Foto: Boris Roessler/dpa/picture alliance
Solidariedade na Cracóvia
A revolta das mulheres contra seus opressores no Irã merece solidariedade, dizem muitas mulheres de outros países. E elas vão às ruas em todo o mundo — como aqui em Cracóvia, na Polônia. Em muitos lugares do globo, mulheres são discriminadas, por isso a ideia de uma revolução feminista no Irã fascina muitas delas.
Foto: Beata Zawrzel/NurPhoto/picture alliance
Performance de estudantes de artes em Teerã
Estudantes de arte da Universidade Azad, em Teerã, protestaram em frente ao prédio da faculdade de artes. A tinta vermelha em suas mãos simboliza a repressão sangrenta dos protestos pelas forças de segurança.
Foto: UGC/AFP
"Morte ao ditador"
Os protestos após a morte de Mahsa Amini não visam apenas os rígidos códigos de vestimenta para meninas e mulheres. Em todo o país, os manifestantes estão questionando o sistema e gritando "mulás, desapareçam" ou "morte ao ditador", referindo-se ao líder religioso e político Ali Khamenei.