Teerã afirma que incidente não causou feridos e que local continua funcionando normalmente. Prédio afetado seria uma nova fábrica de centrífugas para enriquecimento de urânio.
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A autoridade nuclear do Irã minimizou um incêndio ocorrido no complexo nuclear subterrâneo de Natanz, no centro do país, nesta quinta-feira (02/07). A Organização de Energia Atômica do Irã confirmou ter ocorrido um "incidente" nas instalações, mas acrescentou que este não causou danos.
"O incidente ocorreu em um lugar a céu aberto perto da instalação nuclear de Natanz. Não houve feridos, e a instalação está operando normalmente", afirmou o porta-voz da organização, Behrouz Kamalvandi, citado pela agência iraniana Tasnim.
"Há danos físicos e financeiros, e estamos investigando para avaliar", frisou Kamalvandi, em entrevista à televisão estatal iraniana. "Não houve interrupção nos trabalhos da unidade de enriquecimento."
Imagens divulgadas pela organização mostram um edifício parcialmente afetado por um incêndio. O prédio foi identificado por análises feitas por especialistas nos EUA em fotos de satélite como uma nova fábrica de montagem de centrífugas de enriquecimento de urânio. Essas centrífugas podem ser usadas para fabricar combustível para reatores atômicos e também armas nucleares.
Segundo relatos na imprensa britânica e dos EUA, uma explosão seguida de incêndio teria danificado um prédio das instalações nucleares de Natanz, uma das principais do Irã.
O lugar havia sido antes alvo de ataques cibernéticos. Nele, as atividades de enriquecimento de urânio foram reforçadas no ano passado, em meio a uma série de medidas implementadas pelo governo de Teerã para se distanciar dos compromissos assumidos no acordo nuclear internacional de 2015.
O pesquisador Fabian Hinz, do James Martin Center for Nonproliferation Studies, que integra o Instituto Middlebury de Estudos Internacionais em Monterey, na Califórnia, considerou o incêndio "muito, muito suspeito", devendo ter provocado avultados danos nas instalações. "Vai atrasar bastante o avanço da tecnologia de centrifugação em Natanz", disse.
No começo de janeiro, o governo do Irã anunciou que ia deixar de cumprir "quaisquer limitações" impostas ao programa nuclear do país pelo acordo, afirmando a adoção do quinto e definitivo passo para eliminar a última restrição técnica imposta ao programa: o abandono do limite ao número de centrífugas que o país pode ter.
As medidas do governo iraniano foram uma resposta à saída unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear firmado em Viena, anunciada em maio de 2018. Em seguida, os EUA voltaram a impor sanções econômicas ao regime em Teerã, que tinham sido suspensas após o pacto, visando obrigar o regime iraniano a aceitar um acordo mais rígido.
Um ano após a retirada dos EUA do acordo, em maio, o Irã também começou a se retirar gradualmente das disposições do pacto. Entre outros motivos, como forma de pressionar os integrantes do acordo restantes. O acordo nuclear permite ao Irã usar a energia nuclear pacificamente, mas não permite o desenvolvimento de armas nucleares.
Os arredores da cidade ucraniana continuam inabitáveis 32 anos depois do acidente nuclear. Mas algumas pessoas já voltaram para suas casas. O cotidiano delas foi fotografado por Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
O otimismo de Baba Gania
Baba (mulher, senhora) Gania (e) tem 86 anos. Há dez, ela é viúva e, há 25, cuida da irmã Sonya, portadora de deficiência mental. "Não tenho medo da radiação. Cozinho os cogumelos até sair tudo", explica. A fotógrafa ucraniana Alina Rudya a visitou várias vezes: "É a pessoa mais calorosa e gentil que eu conheço", diz.
Foto: DW/A. Rudya
Casas vazias, indício de fuga apressada
Gania e a irmã vivem em Kupuvate, um vilarejo na área restrita que foi delimitada num raio de 30 km ao redor das ruínas da usina nuclear de Chernobyl. Depois da explosão do reator, em abril de 1986, 350 mil pessoas precisaram deixar a região. A maioria das casas em Kupuvate ficou vazia. Gania usa essa casa nas proximidades para guardar o seu caixão e o da irmã.
Foto: DW/A. Rudya
A volta dos mortos
"Na verdade, o cemitério de Kupuvate se parece com qualquer outro cemitério dos vilarejos da Ucrânia", conta Alina Rudya. "Muitas pessoas hoje enterradas aqui tiveram de abandonar a região depois da catástrofe e passaram a vida fora da área de radiação nuclear. Eles só voltaram depois de morrer", relata.
Foto: DW/A. Rudya
O último desejo de Baba Marusia
Os poucos que ficaram cuidam dos restos mortais dos familiares – como Baba Marusia, que veio até o túmulo da mãe. A filha vive em Kiev com o marido e duas crianças. "Fico feliz de ter ficado aqui", diz Baba Marusia. "Aqui é minha casa. Quero ser enterrada aqui." E acrescenta: "Mas do lado da minha mãe, não do meu marido."
Foto: DW/A. Rudya
Samosely: voltando para ficar
"Samosely" é como são chamados os habitantes que voltaram e vivem ilegalmente dentro da área de exclusão de Chernobyl. Galyna Ivanivna é um deles. "Minha vida passou como um raio. Tenho 82 anos e parece que nunca vivi. Quando era mais jovem, sonhava em viajar pelo mundo inteiro. Mas eu nunca consegui ir além de Kiev", recorda.
Foto: DW/A. Rudya
Vivendo no próprio mundo
Ivan Ivanovich e sua mulher também fazem parte das poucas centenas de habitantes que mudaram de volta para a área contaminada por radiação nuclear nos anos 1980. Entre os turistas que visitam a região, Ivan se tornou uma espécie de celebridade. "Ele conhece inúmeras histórias que oscilam entre verdade e imaginação", explica Alina Rudya.
Foto: DW/A. Rudya
Testemunhas mudas do passado
Uma semana antes do aniversário de 32 anos da catástrofe de Chernobyl, no dia 26 de abril, Alina Rudya foi à vila de Opachichi. Segundo ela, apenas uma mulher idosa ainda vive aqui – os outros habitantes já morreram. Suas casas vazias ficam abertas como testemunho mudo, mas eloquente, do ocorrido, através de fotos, calendários, cartas, toalhas bordadas e móveis.
Foto: DW/A. Rudya
Despedida a prestação
Marusia observa o marido, Ivan, dormindo. Ele teve um AVC recentemente e sofre de demência. "Às vezes, ele acorda à noite e sai procurando o seu trator. Trabalhou com o veículo por 42 anos." Ela diz que o desejo de morrer está vindo lentamente para ela. "Não quero ser um fardo para meus filhos e netos", afirma.
Foto: DW/A. Rudya
Prevenidos para a morte
Antes de ficar doente, Ivan, marido de Marusia, ainda construiu dois caixões para estar preparado para a própria morte e a morte da mulher. Os caixões ficam num galpão, diretamente ao lado da bicicleta velha. "O de baixo é meu, e o de cima é o do meu marido", explica Marusia.
Foto: DW/A. Rudya
Os últimos "samosely"
Apenas poucos samosely ainda vivem na zona de exclusão. Alina Rudya, que também nasceu perto de Chernobyl, os visitou várias vezes e fez retratos de alguns para um projeto fotográfico de longo prazo que ela quer publicar em livro. "Visitar os vilarejos abandonados está ficando cada vez mais triste. Toda vez que eu venho, alguém morreu, porque quase todos têm mais de 70 anos", explica.