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Irã prende 29 mulheres por protesto contra véu islâmico

2 de fevereiro de 2018

Motivo das prisões seria "perturbação da ordem pública". Procurador-geral classifica série de manifestações contra uso compulsório da vestimenta no país de "infantis" e "fúteis".

Manifestante segura hijab na ponta de um galho em sinal de protesto
Manifestante segura hijab na ponta de um galho em sinal de protestoFoto: UGC

A polícia iraniana anunciou nesta sexta-feira (02/02) a prisão de 29 mulheres que protestavam em Teerã contra a lei que obriga o uso do véu islâmico em público, em vigor desde a revolução de 1979. Segundo as autoridades, elas foram presas sob acusação de "perturbar a ordem social".

O procurador-geral da República do Irã, Mohammad Jafar Montazeri, tentou minimizar os protestos contra o uso do véu islâmico, o hijab, classificando-os como "fúteis" e "infantis" e possivelmente incentivados por estrangeiros.

Leia também: Zeitgeist: A diferença entre burca, niqab e hijab

Montazeri diz se tratar de um fenômeno relacionado às redes sociais e garante que no país há mais de 80 milhões de mulheres não veem qualquer problema em usar o véu islâmico.

Nos últimos dias, várias fotografias postadas nas redes sociais mostraram mulheres com a cabeça descoberta. Muitas seguravam o hijab na ponta de um galho e o agitavam como uma bandeira, em sinal de desafio.

A jovem Vida Movahed foi presa em 27 de dezembro passado ao manifestar publicamente sua rejeição ao uso compulsório da vestimenta islâmica. Ela acabou se tornando um símbolo dos protestos que se alastraram recentemente pelo país.

As manifestações, que tiveram inicialmente como alvo a inflação e o desemprego, logo se voltaram contra o presidente Hassan Rohani e o regime como um todo. Confrontos violentos durante os dez dias de protestos deixaram cerca de 25 mortos. Movahed foi libertada no início desta semana.

A lei em vigor desde a Revolução Islâmica de 1979 impõe às mulheres o uso do véu e de vestimentas que escondam as formas do corpo. O rigor da polícia ao cumprir a lei parece diminuir à medida que aumentam os protestos contra o hijab.

A chamada polícia da moralidade costumava ser bastante rígida no cumprimento da lei, mas a as ações repressivas se tornaram mais escassas desde que Rohani assumiu o poder, em 2013, prometendo maiores liberdades civis.   

Até mesmo alguns iranianos adeptos do conservadorismo religioso expressaram apoio aos protestos das mulheres contra o véu islâmico. Muitos defendem que as regras religiosas devem ser uma escolha pessoal.                                                                          

A ativista Azar Mansouri, membro do partido político reformista União do Povo Islâmico Iraniano, ressalta que as tentativas de controlar as vestimentas femininas fracassaram repetidas vezes nas últimas décadas.

"As mulheres demonstram sua oposição a essas imposições forçadas através de suas próprias roupas, não cobrindo suas cabeças ou usando botas longas ou leggings", exemplificou a ativista no Twitter.

RC/lusa/afp

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