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Irã toma navio sul-coreano

4 de janeiro de 2021

Governo iraniano vem pressionando Seul pela liberação de US$ 7 bilhões congelados em bancos sul-coreanos após imposição de sanções pelos EUA. Teerã também anunciou que começou a enriquecer urânio a 20%.

Navio sul-coreano interceptado por lanchas da Guarda Revolucionária do Irã
Navio carrega etanol e foi interceptado por lanchas da Guarda Revolucionária do IrãFoto: Tasnim News Agency/AP/picture alliance

O navio-tanque Hankuk Chemi, de bandeira sul-coreana, foi tomado nesta segunda-feira (04/01) por integrantes da Guarda Revolucionária Iraniana. A embarcação transporta etanol e foi interceptada por lanchas no Estreito do Ormuz, enquanto navegava da Arábia Saudita para os Emirados Árabes Unidos.

O incidente ocorre em meio a pressões de Teerã para acessar fundos bloqueados em bancos sul-coreanos devido a sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Também nesta segunda-feira, Teerã informou que começou a enriquecer urânio a 20%, violando o acordo nuclear de 2015 e colocando mais pressão para que o presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, recoloque o seu país no pacto, que foi abandonado por Trump em 2018.

Companhias de rastreamento marítimo informaram que o Hankuk Chemi está parado em águas territoriais do Irã, na cidade portuária de Bandar Abbas. Teerã, por sua vez, alegou que o navio foi apreendido porque estaria poluindo as águas com óleo.

O Estreito de Ormuz liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é uma das rotas marítimas mais importantes do mundo, por onde passam quase um terço da exportação global de petróleo. É também uma região de incidentes frequentes. Em 2019, navios da Marinha do Reino Unido foram deslocados ao local depois que o Irã apreendeu um petroleiro de bandeira britânica.

A agência de notícias Tasnim, veículo semioficial do Irã, informou que a tripulação do navio, incluindo cidadãos da Coreia do Sul, Indonésia, Vietnã e Mianmar, estavam detidos em Bandar Abbas.

A Quinta Frota da Marinha dos Estados Unidos, baseada no Bahrein, declarou a autoridades que estava ciente do incidente e acompanhando a situação.

Fundos na Coreia do Sul

A apreensão do navio ocorre antes de uma esperada visita do vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul a Teerã.

O governo iraniano tem exigido que bancos sul-coreanos liberem 7 bilhões de dólares (36,7 bilhões de reais) em fundos que pertencem ao país. Os recursos estão bloqueados devido a sanções impostas em 2018 por Trump, após os Estados Unidos terem se retirado do acordo nuclear de 2015.

O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul afirmou, em comunicado, que "exige a liberação rápida" do navio. Ele não comentou a afirmação do Irã de que a embarcação teria provocado "poluição por óleo" nas águas da região.

Enriquecimento de urânio

A apreensão do navio também coincide com o anúncio do Irã de que começou a enriquecer urânio a 20% em sua instalação subterrânea de Fordo. Esse percentual de enriquecimento ainda não é suficiente para produzir uma bomba nuclear, que exige enriquecimento a 90%, mas viola o acordo nuclear de 2015.

Teerã começou a violar partes do acordo em 2019, em uma resposta escalonada à retirada dos Estados Unidos e à imposição de sanções por Trump. O governo iraniano afirma que pode suspender rapidamente suas violações ao acordo se as sanções aplicadas pelos Estados Unidos forem removidas.

"Nossas medidas são totalmente reversíveis a partir do cumprimento integral por todos [os países do acordo]", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, no Twitter. Teerã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Biden, que assume a Casa Branca em 20 de janeiro, já afirmou que seu país voltará a participar do acordo "se o Irã retomar o cumprimento estrito" do pacto.

O anúncio do enriquecimento de urânio a 20% é também uma resposta ao assassinato de um dos principais cientistas do programa nuclear iraniano, em 27 de novembro, em um atentado atribuído por Teerã a Israel.

Nesta segunda-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a decisão do Irã de enriquecer urânio a 20% teria o objetivo de desenvolver uma bomba e que seu país "não permitirá que o Irã produza uma arma nuclear".

BL/reuters/ap/dpa