Na sequência da grande ofensiva para libertar Mossul das mãos do "Estado Islâmico" (EI), forças do governo iraquiano anunciam a reconquista da cidade histórica onde os jihadistas destruíram o templo de Nabu.
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As forças iraquianas libertaram neste domingo (13/11) a cidade histórica de Nimrud, situada na frente meridional da batalha pelo controle de Mossul, informou o comandante das Forças Especiais iraquianas, o general de brigada Abdelamir Yarala.
Em comunicado, Yarala anunciou que "as unidades da 9ª Brigada de Blindados libertaram totalmente a cidade de Nimrud e içaram a bandeira iraquiana sobre seus edifícios". Além disso, ele destacou que, na reconquista da região, o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) sofreu baixas e perdeu de equipamento militar.
As forças iraquianas também recuperaram o controle do vilarejo de Al Naamaniya, ao sul de Nimrud, um dia após ter expulsado os jihadistas de Abbas para Rajab, outra vila próxima à cidade histórica reconquistada.
Nesta zona está situada a antiga cidade assíria de Nimrud, que chegou a ser um importante centro de poder durante o reinado de Salmanasar 1° (1373-1244 a.C.) e que foi saqueada e destroçada por parte dos jihadistas do EI no início de 2015.
Entre os emblemas da antiga Nimrud destruídos pelos jihadistas figura o templo de Nabu. A cidade histórica se localiza a cerca de 30 quilômetros ao sul de Mossul.
A ofensiva das tropas iraquianas e curdas para libertar Mossul e a totalidade da província de Ninawa começou em 17 de outubro desde três frentes – Norte, Sul e Leste –, e permitiu até o momento a conquista de vários bairros orientais da metrópole, considerada o principal reduto do "Estado Islâmico" no Iraque.
CA/efe/afp
"Estado Islâmico" tenta apagar história
Militantes do EI estão destruindo artefatos culturais de milhares de anos no Iraque. O estrago foi condenado mundo afora e fez o Iraque pedir ajuda internacional.
Foto: Mohammad Kazemian
Acabando com o patrimônio
Militantes do "Estado Islâmico" (EI) saquearam e destruíram estátuas em museus de Mossul, no norte do Iraque. Acredita-se que as relíquias pertenciam à antiga civilização mesopotâmica. Os jihadistas, que tomaram grande parte do Iraque e da Síria, afirmam que sua interpretação do islã exige que as estátuas e artefatos culturais sejam destruídos. Muitos estudiosos do islã condenam a ação do grupo.
Estas são as ruínas de Hatra, construída há 2 mil anos pelo Império Selêucida, que controlava grande parte do mundo antigo. Segundo relatos, militantes do EI trouxeram escavadeiras para destruir a cidade. "A luta deles é por identidade, querem destruir a região, principalmente o Iraque, e seus patrimônios da humanidade", disse o ministro do Turismo do Iraque, Adel Shirshab.
Os membros do grupo militante também destruíram parte de Nínive, antiga cidade no norte do Iraque, considerada o berço da civilização por muitos arqueólogos ocidentais. "Já era esperado que o EI a destruísse", disse o ministro do Turismo iraquiano aos jornalistas. A ONU classificou a destruição de "crime de guerra".
"O céu não está nas mãos dos iraquianos. Por isso, a comunidade internacional tem que tomar uma atitude", disse o ministro do Turismo do Iraque ao pedir ataques aéreos contra os extremistas do EI. Bagdá afirmou que os militantes do EI estão desafiando "a vontade do mundo e os sentimentos de humanidade".
Os militantes do EI afirmam que as esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do islã, que proíbem a adoração de estátuas. E quando os jihadistas não as estão destruindo, estão lucrando com elas. Especialistas afirmam que o grupo está faturando no mercado internacional com a venda de estátuas menores, enquanto as maiores são destruídas.
Estudiosos costumam comparar a destruição do patrimônio cultural por parte do EI à demolição dos Budas Gigantes de Bamiyan, pelos talibãs afegãos, em 2001. Hoje, há somente um espaço vazio onde as grandes estátuas ficavam. Entretanto, alguns temem que o estrago causado pelo EI às ruínas da antiga civilização mesopotâmica, pioneira da agricultura e da escrita, possa ser ainda mais devastador.