Iraque lança ofensiva para retomar oeste de Mossul do EI
19 de fevereiro de 2017
Exército iraquiano começa a atacar bairros ocidentais da cidade, último grande reduto da milícia terrorista no país. Agências humanitárias preparam ajuda para até 400 mil civis que poderão fugir da área de combate.
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As forças de segurança do Iraque, apoiadas pelos Estados Unidos, começaram neste domingo (19/02) o ataque aos bairros ocidentais de Mossul, último grande reduto do grupo jihadista "Estado Islâmico" (EI) no país. Os militantes estão cercados no oeste da cidade, junto com cerca de 650 mil civis. No início da operação, forças iraquianas tomaram vilarejos, em grande parte abandonados pelo EI.
O primeiro-ministro iraquiano e chefe das Forças Armadas, Haider al-Abadi, anunciou o começo da terceira fase da Batalha de Mossul para libertar a cidade das mãos do EI, cujos bairros orientais foram libertados em janeiro passado. "Anunciamos o começo de uma nova página das operações para libertar a parte oeste da cidade de Mossul, para que nossas forças libertem os cidadãos do terrorismo, porque nosso objetivo é liberar o homem e depois a terra", disse Abadi na televisão oficial.
Em seu discurso, o primeiro-ministro insistiu também na "necessidade de proteger os cidadãos das zonas liberadas", que nas últimas semanas se queixaram da falta de serviços e da proliferação de roubos em casas abandonadas e comércios. Além disso, insistiu que todas as instituições do Estado estão preocupadas em "ajudar os deslocados e em abastecer de serviços as zonas liberadas".
As agências humanitárias estão preparando ajuda e espaço para entre 250 mil e 400 mil civis que, calculam, poderiam fugir da cidade por causa dos combates. Segundo a ONU, entre 750 mil e 800 mil civis vivem nos distritos ocidentais da cidade controlados pelos jihadistas.
"Não sabemos o que vai acontecer durante a campanha militar, mas devemos estar preparados para todos os cenários possíveis. Dezenas de milhares de pessoas poderiam sair ou ser forçadas a sair da cidade, e centenas de milhares poderiam ficar presas durante semanas ou meses", afirmou neste sábado a coordenadora humanitária das Nações Unidas no Iraque, Lise Grande.
Há vários dias, as forças iraquianas insistiram na proximidade do começo da terceira fase da Batalha de Mossul, depois que o Exército conseguiu em janeiro passado expulsar o EI dos bairros do leste da cidade, dividida em dois pelo rio Tigre.
FC/efe/ap/afp
A guerra particular das mulheres contra o "Estado Islâmico"
Em meados de 2014, a organização jihadista EI invadiu os territórios dos yazidis no norte do Iraque. Centenas de mulheres foram sequestradas, violentadas, escravizadas. Agora elas lutam contra os terroristas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Localizando o inimigo
Perto da cidade de Mossul, no Iraque, a combatente curda Haseba Nauzad examina de binóculo a linha de front que separa o território curdo daquele controlado pela organização terrorista "Estado Islâmico" (EI). Em cooperação com o Exército iraquiano, os curdos ganham cada vez mais terreno contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Vanguarda da resistência
Inimigo localizado, é hora de atirar. Juntamente com a camarada yazidi Asema Dahir (3ª da dir.) e outras combatentes, Haseba mira os terroristas do EI. Como as ofensivas aéreas não bastam para derrotar os jihadistas, as yazidis e curdas formam a linha de frente no combate de solo.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Visão desimpedida
Haseba Nauzad prende os cabelos num rabo de cavalo: para mirar com exatidão, nada pode atrapalhar a visão. Para os ocidentais pouco mais do que um capricho da moda, o "military look" reflete uma sofrida realidade tanto aqui no Iraque como na Síria.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Companheiro fiel e símbolo de outros tempos
Asema Dahir faz uma pausa no combate. O ursinho de pelúcia vermelho que leva no braço é um símbolo de uma passado pacífico, encerrado abruptamente em meados 2014 com o ataque do EI. Para muitas mulheres yazidis começou aí uma época de sofrimento e de ruptura com tudo o que lhes era mais caro.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Imagem eloquente
O "Estado Islâmico" não teve piedade nem com os mais fracos. Implacavelmente perseguidos pelos fundamentalistas, em meados de 2014 centenas de milhares tiveram que procurar abrigo. Na época, esta foto de um ancião e suas acompanhantes deu a volta ao mundo como símbolo do sofrimento dos yazidis.
Foto: Reuters
Trauma de uma adolescente
Esta jovem yazidi não quis mostrar o rosto. Logo após a chegada do EI, ela foi forçada a se casar, aos 15 anos, com um militante do grupo. Dois meses mais tarde conseguiu escapar e agora vive novamente com a família. E relata horrores quase indizíveis.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Bennett
Depois da batalha
Meses a fio, os jihadistas do EI também sitiaram a cidade de Kobane, no norte da Síria, bem na fronteira com a Turquia. Lá os curdos ofereceram resistência desesperada, até conseguir vencer os terroristas com a ajuda da Força Aérea americana. Para trás ficou um mar de ruínas.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Akgul
União que faz a força
O EI ataca a todos que não compartilhem sua ideologia. Ele aposta numa tática divisiva, tentando instigar as diferentes confissões religiosas e etnias umas contra as outras. Nem sempre funciona: há muito, curdas e yazidis tornaram-se aliadas – o que já representa uma vitória simbólica contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Não à escravidão
Do ponto de vista militar, o "Estado Islâmico" ainda não está vencido, continuando a deter o controle sobre vastas regiões na Síria e no Iraque. As curdas e yazidis seguirão combatendo-o, e de quebra dão uma lição aos fundamentalistas: as mulheres não nasceram para ser escravas.