Kim Yo-jong, membro do politiburo norte-coreano, fará parte da delegação de alto nível que vai aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang. Será a primeira visita de um membro da dinastia Kim ao país vizinho.
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A irmã do ditador norte-coreano Jong-un fará uma visita inédita à Coreia do Sul nesta semana em razão dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, anunciou Seul nesta quarta-feira (07/02).
Esta será primeira vez que um membro do clã que governa há décadas o país viajará para o vizinho do sul desde o armistício que pôs fim ao conflito militar entre as duas Coreias (1950-1953).
Kim Yo-jong, membro do alto escalão do partido governista, fará parte de uma delegação de alto nível que deve chegar a Pyeongchang nesta sexta-feira, liderada pelo chefe de Estado cerimonial da Coreia do Norte, Kim Yong-nam.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra desde o armistício de 1953. As tensões se agravaram dramaticamente no ano passado com os avanços promovidos pelo regime do ditador Kim Jong-un em seu programa nuclear, além da retórica agressiva que dominou as relações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos.
Os Jogos Olímpicos, porém, geraram uma rápida reaproximação entre os dois paíes. Um símbolo disso será a participação de uma equipe conjunta de hóquei no gelo das duas Coreias nos Jogos Olímpicos de Inverno. Além disso, as duas delegações desfilarão juntas sob uma bandeira da Península Coreana unificada.
Kim Yo-jong, que vem sendo preparada por Kim Jong-un para se tornar uma das figuras mais poderosas de seu país, fará sua estreia no cenário internacional.
Ela deverá se reunir com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e entregar-lhe pessoalmente uma carta de seu irmão desejando sucesso nos Jogos de Inverno e expressando o desejo de melhorar os laços entre as duas Coreias.
A irmã de Kim Jong-un, que segundo especulações teria em torno de 30 anos, foi promovida em outubro do ano passado como membro do poderoso politburo norte-coreano, presidido por seu irmão.
Ela é vista com frequência acompanhando o irmão em "excursões instrutivas" e outros eventos e é conhecida por se envolver nas operações propagandísticas do governo. O poder na Coreia do Norte sempre esteve nas mãos de sua família.
Kim Jong-un é da terceira geração do clã, após seu pai, Kim Jong-il e seu avô, Kim Il-sung, o fundador da República Popular Democrática da Coreia - nome oficial do país.
Kim Yo-jong e seu irmão são filhos do terceiro casamento de Kim-Jong-il. O meio-irmão de ambos, Kim Jong-nam, foi assassinado há poucos meses num aeroporto da Malásia, num caso ainda envolto em mistério.
Nesta quarta-feira, 280 norte-coreanos chegaram à Coreia do Sul. Eles formam um dos maiores grupos a atravessar o controle de fronteira na Zona Desmilitarizada entre os dois países.
A delegação é composta por 229 animadoras de torcida, além de 26 atletas de taekwondo, 21 jornalistas e quatro membros do Comitê Olímpico do país, incluindo o ministro dos Esportes, Kim Il-guk.
No dia anterior, chegou à Coreia do Sul uma orquestra norte-coreana de 140 membros que vai se apresentar durante os Jogos. Os músicos vestiam os mesmos uniformes utilizados pelas animadoras de torcida.
RC/afp/rtr
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Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.