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Esporte

Islândia na Copa – tudo é possível

Thomas Klein
16 de junho de 2018

Há dois anos, a seleção islandesa surpreendeu na França e alcançou as quartas de final da Eurocopa. Agora no Mundial da Rússia, o pequeno país quer voltar a escrever história no futebol.

A Islândia foi a sensação da Eurocopa de 2016, quando alcançou as quartas de final e foi eliminada pela anfitriã FrançaFoto: Getty Images/M. Steele

Está frio em Reykjavik. O termômetro registra pouco menos de sete graus, chove fraco. Embora a brisa deixe a sensação térmica ainda mais gélida, as ruas estão bem cheias – aquela noite de abril marcava a véspera do início oficial da primavera na Islândia. Muitas pessoas se reuniram no parque Ingolfstorg, uma pequena praça no centro da capital do país. Elas vestem camisas da seleção islandesa, seguram bandeiras nas mãos e têm seus rostos pintados com as cores nacionais.

As pessoas torcem, vibram e comemoram com exuberância – até que o diretor esteja satisfeito e dê o sinal de corte. Trata-se de uma gravação de comerciais para a Copa da Rússia. A Islândia é o menor país de todos os tempos – em termos de população – qualificado para um Mundial. 

"Ter sido parte da Eurocopa de 2016 foi ótimo", diz Sesselja Pertersdottir. "Para ser honesta, não acreditei que estaríamos também na Rússia, mas quando eles [a seleção] finalmente conseguiram, chorei, realmente chorei."

Os "vikings" islandeses carimbaram o passaporte para o Mundial na Rússia com a vitória por 2 a 0 contra o Kosovo, em outubro. "Eu esperava por isso", afirma um confiante Pétur Pétursson. "Esta é uma geração de ouro da Islândia."

Pétursson trabalha como treinador do Breidablik UBK, clube no qual foi formado o atacante do Augsburg Alfred Finnbogason, e já foi cotreinador da seleção islandesa.

Em pé à beira da linha lateral de um campo de futebol completamente coberto e fechado (há muitos campos na Islândia cobertos, como ginásios), o treinador de 48 anos mastiga um chiclete, incessantemente. Ele observa a sessão de treinamento de um grupo escolar. Há alguns anos, as escolas na Islândia oferecem o curso futebol aos alunos, que treinam antes das aulas tradicionais e à tarde novamente.

Pétursson observa de perto e descobre um aluno vestindo uma camisa do Liverpool. Ele sorri. "Algo assim não aconteceria em minhas equipes", diz. "Comigo, alunos com tais camisas sempre correm ao menos uma volta a mais." O que seus alunos muitas vezes não sabem no começo é que Pétursson é fã do Manchester United – simpatizantes de outros clubes têm dificuldades com ele. Na segunda sessão de treinamento, ninguém mais comparece com camisas "proibidas".

Muitos dos atuais jogadores da seleção da Islândia também tiveram que passar por essa experiência, já que alguns deram seus primeiros passos no futebol profissional com Pétursson. A formação de jogadores de futebol é difícil no país, também por causa das condições externas. Em quase dois terços do ano, os 335 mil moradores da Islândia têm que lidar com neve e gelo.

Embora tenham sido construídos mais e mais campos de futebol cobertos nos últimos anos, o treinamento muitas vezes ainda é feito ao ar livre, em grama artificial. "É frio, tem neve no chão e venta com frequência. Mas lá fora é onde se forma o caráter", explica Pétursson. "Todos vêm para o treinamento, não importa se o sol está brilhando ou não, o que é típico da personalidade islandesa."

O atacante Alfred Finnbogason defende as cores do Augsburg e marcou 12 gols na última BundesligaFoto: Imago/Krieger

Força mental e uma acentuada vontade de vencer – com essas qualidades a Islândia alcançou as quartas de final da Eurocopa na França, há dois anos. Uma surpresa para muitos, mas não para Pétursson. "Eu disse antes do torneio que chegaríamos longe. Temos um espírito de equipe forte e isso nos ajudou bastante na França."

A pequena nação quer causar furor também na Rússia. A equipe treinada por Heimir Hallgrímsson, no entanto, não possui nenhuma estrela mundial do futebol. São outros fatores que fazem da Islândia um adversário difícil na Copa do Mundo.

"Temos jogadores importantes como Kolbeinn Sightorsson [Nantes], Gylfi Sigurdsson [Everton] ou Alfred Finnbogason [Augsburg], que estão lá quando necessário. Porém, no final das contas, trata-se de um esporte de equipe – especialmente na Islândia", explica Pétursson.

O treinador afirma crer em chances realistas de a Islândia alcançar a fase mata-mata também na Copa do Mundo. "Será um pouco mais difícil na Rússia do que na Eurocopa. Vamos jogar contra Argentina, Nigéria e Croácia. Não será fácil, mas nossos jogadores acreditam em si mesmos e querem dar tudo pela Islândia", garante.

A Islândia tentará ser a sensação também na Copa do Mundo na Rússia, não com qualidade técnica, mas especialmente com muita luta e paixão. Se a equipe for bem-sucedida novamente, a festa em Reykjavik deve ser consideravelmente maior do que nesta noite fria de abril.     

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