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Israel é alvo de críticas após punição a Günter Grass

9 de abril de 2012

Após declarar Nobel de Literatura alemão Günter Grass como "persona non grata" no país, as críticas se voltam agora contra Israel. Avi Primor, ex-embaixador israelense em Berlim, diz que decisão é exagerada e populista.

Foto: dapd

Após decretar a proibição da entrada do Prêmio Nobel de Literatura Günter Grass em Israel, devido a um poema no qual o escritor alemão culpa o país de ameaçar a paz mundial, o governo israelense agora é alvo de diversas críticas.

Nesta segunda-feira (09/04), o jornal israelense Haaretz considerou a decisão do ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, como "histérica" e "exagerada". Yishai, do ultrarreligioso Partido Shas, declarou o Nobel de Literatura como "persona non grata" em seu país.

Em entrevista ao site da revista alemã Spiegel, o historiador israelense Tom Segev falou de um "passo absolutamente cínico e infantil do Ministério do Interior". Segev disse que a motivação do ministério neste caso seria "assegurar seu futuro político".

Em entrevista à emissora alemã ARD, o antigo embaixador israelense em Berlim, Avi Primor, disse neste domingo que a decisão do ministro do Interior seria exagerada e populista. "Acho que o ministro do Interior não conhece nada da Alemanha", afirmou Primor, acrescendo que "ele está fazendo política interna, acho isso errado".

Apoio em casa

Grass encontra apoiadores agora não somente entre os israelenses. Também na Alemanha, diversas vozes se levantaram em defesa do escritor. "A reação do governo israelense é desproporcional e não condiz com o tema", declarou o porta-voz para assuntos de política externa da bancada parlamentar social-democrata em Berlim, Rolf Mützenich.

O diretor parlamentar da bancada do Partido Verde alemão, Volker Beck, afirmou ao site do jornal Handelsblatt que a medida é "irresponsável e democraticamente pouco inteligente". "Espero que a decisão seja repensada", declarou Beck.

Avi Primor disse que decisão do ministério israelense é populismoFoto: dapd

Cartazes de apoio a Grass também puderam ser vistos durante as tradicionais Marchas de Páscoa, manifestações do movimento pela paz realizadas em toda a Alemanha durante o período da Páscoa.

Ameaça ao Irã

Em seu poema Was gesagt werden muss (O que precisa ser dito, em tradução livre), publicado pelo jornal Süddeutsche Zeitung na última quarta-feira (04/04), Günter Grass afirma que o Irã estaria ameaçado por um ataque nuclear de Israel, que poderia extinguir o povo iraniano. No poema, Grass acusa Israel de ameaçar a paz mundial como potência nuclear.

O ministro do Interior de Israel, Eli Yishai, declarou, por sua vez, que o poema teria como objetivo "pôr mais lenha na fogueira do ódio contra Israel e seu povo". O ministro do Exterior israelense, Avigdor Lieberman, disse que as afirmações de Grass seriam uma expressão de cinismo.

Já o governo iraniano elogiou Grass em altos tons. "Este poema irá sem dúvida contribuir para que a consciência ocidental adormecida seja agora despertada", escreveu o vice-ministro iraniano da Cultura, Javad Shamaghdari, em carta ao escritor alemão divulgada pela agência de notícias Mehr.

No último sábado, o poema havia sido criticado pelo ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, ao jornal Bild am Sonntag: "colocar Israel e Irã no mesmo patamar moral não é algo espirituoso, mas sim absurdo", afirmara Westerwelle. Sobre a proibição da entrada do escritor em Israel, porém, tanto Günter Grass quanto o Ministério do Exterior não quiseram se pronunciar.

CA/dpa/epd
Revisão: Mariana Santos

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