Governo Netanyahu critica "cerimônias degradantes” conduzidas pelo Hamas e anuncia que só vai libertar 600 palestinos após receber garantias sobre libertação de próximo grupo de reféns israelenses.
""Foi decidido adiar a libertação dos terroristas", disse gabinete do premiê israelenseFoto: Michael Brochstein/Sipa USA/picture alliance
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O primeiro-ministro de Israel anunciou, na madrugada deste domingo (23/02), que a libertação de prisioneiros palestinos prevista para sábado será adiada até que o Hamas garanta a libertação dos próximos reféns de Gaza, segundo um comunicado.
"Foi decidido adiar a libertação dos terroristas prevista para ontem [sábado], até que seja garantida a libertação dos próximos reféns, e sem cerimônias degradantes", indicou o gabinete de Benjamin Netanyahu em comunicado, após horas de adiamento da libertação dos prisioneiros.
O Comité para os Assuntos dos Detidos e Ex-Detidos do Governo palestino confirmou a notícia pouco depois, num outro comunicado: "Adiamento da libertação dos prisioneiros palestinos pela ocupação israelense até nova ordem".
Apesar de o último refém em Gaza cuja libertação estava prevista para sábado, Hisham al-Sayed, ter deixado o enclave ao início da tarde, a libertação de mais de 600 prisioneiros palestinos foi adiada durante horas.
No comunicado, Netanyahu afirma que a razão para o atraso na libertação dos prisioneiros foram as "repetidas violações" do acordo de cessar-fogo do Hamas, referindo-se a "cerimônias que depreciam os reféns para fins de propaganda".
No sábado, tal como nas trocas anteriores, o Hamas submeteu os reféns libertados (exceto Al-Sayed) a eventos encenados ao lado de seus captores antes de os entregar à Cruz Vermelha.
Além disso, à noite, o Hamas divulgou um vídeo de propaganda que mostra dois outros prisioneiros ainda no enclave, Evyatar David e Guy Gilboa Dalal, assistindo à libertação, de manhã, de Omer Wenkert, Omer Shem Tov e Eliya Cohen. A Os dois reféns apelaram a Netanyahu para que prosseguisse com o cessar-fogo.
Após o anúncio israelense, o grupo Hamas condenou neste domingo a decisão de Israel de não libertar os 600 prisioneiros palestinos, conforme estava previsto no acordo de cessar-fogo.
Cerimônias de libertação de reféns conduzidas pelo Hamas foram alvos de críticas em IsraelFoto: Hatem Khaled/REUTERS
"A alegação da ocupação de que a 'cerimônia de entrega é humilhante' é uma alegação falsa e um pretexto frágil com a intenção de fugir das obrigações do acordo", disse hoje em um comunicado o membro do gabinete político do Hamas, Ezzat Al-Rashq, referindo-se ao motivo dado por Israel para atrasar a libertação de prisioneiros palestinos.
"Essas cerimônias não incluem nenhum insulto aos prisioneiros, mas refletem o tratamento humano e generoso para com eles. O verdadeiro insulto é o que nossos prisioneiros são submetidos durante o processo de libertação, com torturas, espancamentos e humilhações deliberadas até o último momento", acrescentou.
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Funeral de líder do Hezbollah no Líbano reúne milhares
Dezenas de milhares de pessoas se reuniram neste domingo nos subúrbios ao sul de Beirute, conhecidos como Dahye, para se despedir de Hassan Nasrallah, líder do grupo xiita Hezbollah, que foi assassinado há cinco meses por Israel, em uma cerimônia que contou com a presença de autoridades libanesas e iranianas, entre outras.
A Cidade Esportiva Camille Chamoun, localizada em Dahye e com capacidade para acomodar mais de 80.000 pessoas, foi o local escolhido pelo Hezbollah para se despedir de seu líder e também daquele que deveria ser seu sucessor, Hashem Safi al Din.
O estádio e seus arredores estavam lotados, com pessoas chegando a acampar durante a noite, apesar das baixas temperaturas, para garantir um local privilegiado para assistir à cerimônia, que contou com a presença do ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, e do presidente do Parlamento iraniano, Mohamed Baqer Qalibaf.
"Que o inimigo saiba que a resistência continua, ela nunca vai parar até atingir seus objetivos", disse um representante do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, em um discurso lido em seu nome.
O funeral também contou com a presença de uma delegação de rebeldes xiitas houthis do Iêmen, bem como de figuras de grupos xiitas iraquianos, que fazem parte do chamado "Eixo da Resistência", uma aliança informal liderada por Teerã que também inclui o grupo palestino Hamas.
Funeral no Líbano reuniu milhares de pessoasFoto: Mohammed Yassin/REUTERS
Israel expande ofensiva militar contra a Cisjordânia
Ainda neste domingo, tanques israelenses avançaram em direção à cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, depois que o Exército de Israel anunciou que decidiu enviar uma divisão de tanques para esse território pela primeira vez desde 2002, segundo informou a imprensa palestina.
Vídeos transmitidos por canais palestinos mostram vários tanques, alguns deles com bandeiras israelenses, indo em direção a Jenin.
"O Exército começou a operar em outras cidades na área de Jenin e, simultaneamente, um pelotão de tanques começará a operar em Jenin como parte da atividade antiterrorista", afirmou o Exército israelense à Agência EFE sobre seus últimos movimentos na área.
Além disso, em vilarejos próximos a Jenin, como Al Yamun e Silat Al Harithiya, escavadeiras israelenses, como costuma acontecer em tais operações, destruíram ruas e infraestrutura crítica, segundo denunciou a mídia palestina.
O governador de Jenin, Ahmad Zakarneh, disse que Israel impôs um toque de recolher de 48 horas na vila de Qabatiya, ao sul de Jenin, que começou esta manhã, de acordo com a agência de notícias oficial palestina "Wafa”.
Zakarneh também relatou que escavadeiras israelenses destruíram lojas, casas, veículos e parte do cemitério na entrada de Qabatiya.
Em 21 de janeiro, após a entrada em vigor da trégua na Faixa de Gaza, Israel lançou uma operação "antiterrorista" em larga escala contra o norte da Cisjordânia, batizada de "Muro de Ferro" e com foco no acampamento de Jenin, um reduto histórico de milícias palestinas, bem como em Tubas e Tulkarem; com a presença de combatentes do Hamas e outras facções.
jps (EFE, Lusa)
O mês de fevereiro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: John Macdougall/AFP/Getty Images
"O Último Azul" vence Urso de Prata na Berlinale
"O Último Azul", filme brasileiro dirigido por Gabriel Mascaro, conquistou o Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, a segundo maior honraria do evento. Já o Urso de Ouro, maior prêmio da competição, foi vencido pelo filme norueguês "Drommer", de Dag Johan Haugerud. (22/02)
Foto: Jens Kalaene/dpa/picture alliance
Moraes determina bloqueio do Rumble no Brasil
O ministro do STF Alexandre de Moraes determinou (21/02) o bloqueio da rede social Rumble no Brasil, acusando a plataforma de "reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos" de ordens judiciais, além de tentativas de "não se submeter ao ordenamento jurídico brasileiro [...] para instituir um ambiente de total impunidade e de 'terra sem lei' nas redes sociais brasileiras". (21/02)
Foto: EVARISTO SA/AFP
Hamas entrega corpos de 4 reféns israelenses
Grupo islamista alega que reféns teriam sido mortos em bombardeio de Israel. Vítimas são um bebê de 9 meses, seu irmão de 4 anos, a mãe deles, de 32 anos, e um idoso de 83 anos. O Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) acusou o Hamas de ter transformado o ato em palco político. (20/02)
Foto: Stringer/REUTERS
Trump culpa Ucrânia por invasão russa e chama Zelenski de "ditador"
Irritado ao ouvir de Volodimir Zelenski que vive numa "bolha de desinformação" após ter ecoado a linha oficial do Kremlin e atribuído à Ucrânia a culpa pela invasão russa em 2022, o presidente americano Donald Trump chamou o colega de "ditador" e aconselhou-o a ser "rápido" se não quiser "ficar sem país". A escalada diplomática é mais um passo no estranhamento entre EUA e Ucrânia. (19/02)
Foto: Roberto Schmidt/AFP/Getty Images
Procuradoria denuncia Bolsonaro e outros 33 ao STF por tentativa de golpe
A Procuradoria-Geral da República denunciou Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas ao Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente é acusado de cinco crimes, que juntas somam até 43 anos de prisão: organização criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. (18/02)
Foto: Ton Molina/NurPhoto/picture alliance
Avião capota no Canadá
Um avião da Delta capotou em acidente ocorrido no Aeroporto Internacional Pearson de Toronto, no Canadá, ficando de barriga para cima na pista e deixando ao menos 15 feridos. O terminal ficou horas paralisado após o acidente. (17/02)
Foto: Uncredited/CTV/AP/dpa/picture alliance
Candidatos a chanceler federal se enfrentam em debate na Alemanha
Temas como imigração, economia, relação com Estados Unidos e guerra na Ucrânia pautaram o primeiro debate com os quatro principais candidatos a chanceler federal. O evento colocou Olaf Scholz, do SPD, contra seu principal rival, Friedrich Merz, que lidera com folga as pesquisas de intenção de voto. Também participaram Alice Weidel, da AfD, e o vice-chanceler Robert Habeck, dos Verdes. (16/02)
Foto: Kay Nietfeld/dpa-Pool/picture alliance
Tumulto deixa dezenas de mortos em estação de trem na Índia
Pelo menos 15 pessoas morreram e mais de 10 ficaram feridas em um tumulto em uma estação ferroviária na capital da Índia, Nova Délhi, quando uma multidão tentava chegar na maior congregação religiosa do mundo, o Khumba Mela. No mês passado, 30 pessoas morreram em um tumulto no festival hindu de Kumbh Mela, no norte da Índia. (15/02)
Foto: Uncredited/AP/dpa/picture alliance
Vice-presidente dos EUA pede resgate de valores europeus e fim do "cordão sanitário"
JD Vance provocou choque entre líderes europeus que acompanharam seu discurso na Conferência de Segurança de Munique. O americano quebrou o protocolo ao focar sua fala na política interna da União Europeia, e disse que os EUA estão preocupados com os valores que os europeus estão defendendo. Ele ainda sugeriu o fim do "cordão sanitário" que isola a ultra direita no parlamento alemão. (14/02)
Foto: Leah Millis/REUTERS
Carro avança sobre multidão em Munique, na Alemanha
Um automóvel atropelou um grupo de pessoas no centro de Munique, deixando 30 feridos. As causas do incidente estão sendo investigadas. O governador da Baviera, Markus Söder, falou em "possível atentado". O motorista do automóvel seria um afegão de 24 anos que tinha autorização de permanência no país. Chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, diz que suspeito "tem que deixar o país". (13/02)
Foto: Michael Bihlmayer/Bihlmayerfotografie/IMAGO
Alemanha prorroga controles de fronteira
Governo em Berlim prolongou por mais seis meses os controles em todas as suas fronteiras exteriores, a fim de "frear a imigração irregular", segundo o chanceler federal Olaf Scholz. A medida foi adotada em setembro de 2024. (12/02)
Foto: Matthias Balk/dpa/picture alliance
EUA e Reino Unido rejeitam declaração de Paris sobre IA
Em torno de 60 países assinaram em Paris uma declaração que pede o uso transparente e sustentável da inteligência artificial e regulamentações internacionais, com EUA e Reino Unido sendo as notáveis ausências na lista de signatários. O vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, expôs na cúpula as várias reservas dos EUA em relação ao tema.(11/02)
Foto: Thomas Padilla/AP Photo/picture alliance
Donald Trump impõe tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio
Presidente dos EUA, Donald Trump, assina ordem executiva determinando imposição de tarifas de 25% sobre a importação de aço e alumínio, o que poderá afetar as exportações brasileiras. O decreto de Trump cancela isenções e cotas isentas de impostos para os principais fornecedores, em uma medida que pode aumentar o risco de uma guerra comercial multifacetada. (10/02)
Foto: Kyodo/picture alliance
Hamas anuncia retirada do exército israelense do corredor de Netzarim, em Gaza
O corredor de Netzarim é uma faixa de terra que divide o enclave palestino em norte e sul. Ele foi estabelecido por Israel quando o conflito em Gaza começou e até agora era militarizado pelo exército israelense. Como parte da trégua entre Israel e o Hamas, o exército israelense se comprometeu a se retirar do corredor e, assim, permitir que os palestinos retornem ao norte de Gaza. (09/02)
Prisioneiros palestinos libertados são saudados por uma multidão ao chegarem à Faixa de Gaza depois de serem libertados de uma prisão israelense. Israel e o grupo extremista Hamas concluíram neste sábado a quinta troca de reféns e prisioneiros, como parte do acordo de cessar-fogo em curso. (08/02)
Foto: Abdel Kareem Hana/AP/picture alliance
Rio vermelho
A água do rio Sarandí, na província de Buenos Aires, ganhou um tom vermelho vivo. A suspeita é de que o fenômeno tenha sido causado pelo vazamento de corante da indústria têxtil ou de resíduos químicos de uma fábrica próxima ao rio, que atravessa o município de Avellenada, a quase 10 quilômetros de Buenos Aires. (07/02)
Foto: Rodrigo Abd/AP/dpa/picture alliance
Israel prepara plano para saída "voluntária" de Gaza
O ministro da defesa de Israel, Israel Katz, ordenou que o exército prepare um plano para a saída de "qualquer residente de Gaza que deseje sair", após declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre um possível deslocamento dos habitantes de Gaza. (06/02)
Foto: Dawoud Abu Alkas/REUTERS
Milei segue passos de Trump e retira Argentina da OMS
Presidente da Argentina, Javier Milei, segue exemplo de seu colega em Washington, Donald Trump, e retira o país da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele acusou a entidade de "crime de lesa humanidade" ao intervir nas soberanias nacionais e repetiu acusações do líder americano de "má gestão da saúde". (05/02)
Foto: Tomas Cuesta/Getty Images
Atirador deixa mortos em escola na Suécia
Um atirador matou cerca dez pessoas em um ataque a uma escola para adultos em Örebro, na Suécia. A polícia informou que o agressor também estava entre os mortos. A Suécia vem enfrentando uma onda de tiroteios e ataques a bomba resultantes do problema endêmico no país de crimes de gangues. (04/02)
Governo federal regulamenta poder de polícia da Funai
Decreto regulamenta o poder de polícia de agentes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). A função foi prevista na lei que criou o órgão, em 1967, mas nunca havia sido regulamentada. Funcionários poderão usar a força para combater violações como ataques ao patrimônio cultural, invasões e atividades de exploração exercidas por terceiros dentro de terras indígenas. (03/02)
Foto: Reuters/Handout FUNAI
Multidão protesta contra fim do "cordão sanitário" em Berlim
Protestos eclodiram em toda a Alemanha após partido conservador CDU acatar votos da ultradireita em projeto anti-imigração, rompendo o isolamento da sigla AfD no parlamento alemão. Polícia registrou confrontos com manifestantes. Na capital alemã, 160 mil pessoas se reuniram e direcionaram palavras de ordem contra o candidato a chanceler federal Friedrich Merz. (02/02)
Foto: John Macdougall/AFP/Getty Images
Morre Horst Köhler, ex-presidente da Alemanha
O ex-presidente da Alemanha Horst Köhler morreu aos 81 anos em Berlim. Ele foi o nono presidente alemão do pós-guerra, entre 2004 e 2010. Enquanto esteve no cargo, ele se dedicou a temas voltados para as relações exteriores, projetos de desenvolvimento na África e mudanças climáticas. Antes de entrar para a política, Köhler foi economista e diretor do FMI. (01/02)