Israel amplia ataques e mira petróleo e gás do Irã
Publicado 14 de junho de 2025Última atualização 14 de junho de 2025
Israel mira infraestrutura energética iraniana, fundamental para a economia do país. Negociações nucleares com os Estados Unidos são oficialmente canceladas.
Israel atingiu mais de 150 pontos no Irã, incluindo refinarias de petróleoFoto: ATTA KENARE/AFP/Getty Images
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Israel bombardeou o Irã pelo segundo dia consecutivo neste sábado (14/06), ampliando sua ofensiva militar e mirando pela primeira vez a indústria de petróleo e gás do país, vital para a economia iraniana.
Segundo veículos iranianos, Israel atingiu a refinaria de gás South Pars, no Golfo Pérsico. A agência Tasnim informou que parte da produção de gás foi suspensa após o ataque. A South Pars é um dos maior campo de gás natural do mundo e é fundamental para a produção energética do Irã.
A Companhia de Gás de Fajr Jam e uma refinaria de petróleo na cidade de Asalouieh, ambas no sul do Irã, também sofreram bombardeios. Uma nuvem de fumaça foi vista próxima à refinaria de petróleo de Abadan.
Um general iraniano, Esmail Kosari, disse que Teerã está avaliando se deve fechar o Estreito de Ormuz, que controla o acesso ao Golfo para os petroleiros.
Ao longo do dia, ataques israelenses também atingiram cidades como Tabriz, no noroeste do país, Kermanshah, Khorramabad e Teerã. Na capital, agências de notícias reportaram que cerca de 60 pessoas, incluindo 29 crianças, foram mortas em um bombardeio a um prédio residencial de 14 andares. Israel afirmou ter atingido mais de 150 alvos até o momento.
O Irã, por sua vez, respondeu lançando uma nova leva de mísseis contra Israel, atingindo cidades como Haifa e Jerusalém.
Na noite de sexta-feira, o país já havia disparado projéteis contra seu rival, matando pelo menos três pessoas e ferindo mais de 170. Sirenes de alerta aéreo levaram israelenses a se abrigarem enquanto uma bateria de mísseis cruzava o céu.
Apesar de a retaliação iraniana ter causado danos em centros urbanos, como Tel Aviv, a maioria dos projéteis e drones disparados contra Israel foi interceptada antes de atingir seus alvos.
Fumaça é vista próxima a refinaria de petróleo iraniana, em AbadanFoto: Stringer/REUTERS
Netanyahu rechaça moderação
Em um discurso em vídeo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, rejeitou os apelos internacionais por moderação no conflito. "Vamos atingir cada local e cada alvo do regime dos aiatolás. O que eles sentiram até agora não é nada comparado ao que está por vir nos próximos dias", afirmou.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, também alertou o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que "Teerã vai pegar fogo" se continuar disparando mísseis contra civis.
"O ditador iraniano está tomando os cidadãos iranianos como reféns, criando uma realidade na qual eles, e especialmente os moradores de Teerã, pagarão um alto preço pelos danos flagrantes infligidos aos cidadãos israelenses", disse, em comunicado.
Os militares israelenses prometeram estender a ofensiva e disseram que seus caças estão "prontos para retomar os ataques a alvos em Teerã". Na primeira onda de ataques, as Forças Armadas utilizaram aviões de guerra e drones para atacar instalações importantes e matar generais e cientistas de alto escalão, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército e o chefe da Guarda Revolucionária paramilitar do Irã.
O embaixador do Irã na ONU disse que 78 pessoas foram mortas e mais de 320 ficaram feridas nos ataques. Neste sábado, autoridades iranianas atualizaram o número de oficiais e cientistas envolvidos em pesquisas nucleares mortos: mais dois generais, além dos três anunciados ontem, e um total de nove cientistas.
Israel afirmou que o bombardeio era necessário antes que o Irã se aproximasse da construção de uma arma atômica. Um dia antes, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertira o país por não cumprir à risca o tratado para impedir o desenvolvimento de armas nucleares.
Mísseis iranianos atingiram o centro de Tel AvivFoto: Itai Ron/REUTERS
Negociações interrompidas
Os ataques desestabilizaram as negociações entre os Estados Unidos e o Irã sobre um acordo atômico dias antes de reunião marcada para este domingo. O Irã disse neste sábado que não faz sentido manter o diálogo diante do conflito em curso. O anfitrião Omã confirmou que a próxima rodada de negociações foi cancelada.
O presidente americano Donald Trump e seu homólogo russo, Vladimir Putin, conversaram por 50 minutos neste sábado, segundo o Kremlin. Putin condenou a operação israelense e Trump descreveu os eventos no Oriente Médio como "muito alarmantes". Ambos os líderes, no entanto, afirmaram não descartar um retorno às negociações sobre o programa nuclear iraniano.
Entre as instalações iranianas afetadas, está a maior usina de enriquecimento de urânio do Irã, de Natanz. Grande parte do complexo é subterrâneo, mas a infraestrutura acima do solo da usina foi destruída, segundo o chefe do AIEA, Rafael Grossi.
O Irã informou à AIEA que as instalações nucleares de Fordow e Isfahan, no centro do país, também foram atingidas.
Imagens de satélite analisadas pela agência de notícias Associated Press confirmam que bases de mísseis no Irã também foram danificadas, uma em Kermanshah e outra em Tabriz, ambas no oeste do Irã.
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Alerta para outros países
Teerã busca impedir o apoio de outros países à defesa de Israel, e alertou enfaticamente os EUA, o Reino Unido e a França de que suas bases militares e navios serão alvos caso ajudem a bloquear a retaliação iraniana.
Trump e o presidente francês, Emmanuel Macron, disseram que ajudarão Israel a impedir retaliações iranianas.
O governo do Reino Unido afirmou que suas forças não forneceram assistência militar a Israel, já que o primeiro-ministro, Keir Starmer, enfatizou a necessidade de uma redução da tensão. Apesar disso, o premiê disse que enviou jatos ao Oriente Médio para "apoio de contingência" após o Orã ameaçar atacar as bases britânicas.
sf/gq (AP, EFE, ots)
O mês de junho em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
PF indicia Bolsonaro e Ramagem por "Abin paralela"
A PF concluiu a investigação sobre esquema de espionagem ilegal de celulares na Abin e indiciou mais de 30 pessoas incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal e ex-diretor da agência, Alexandre Ramagem. A investigação mira servidores e políticos que teriam monitorado telefones e computadores de desafetos de Bolsonaro durante seu governo. (17/06)
Foto: Reuters/A. Machado
Agência para refugiados da ONU demitirá 3,5 mil funcionários
O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) anunciou que cortará 3,5 mil empregos – quase um terço de seus custos com a força de trabalho – devido à escassez de recursos, e reduzirá a escala de sua ajuda em todo o mundo após uma queda no financiamento à ajuda humanitária, principalmente dos recursos vindos dos EUA sob Donald Trump. (16/06)
Foto: Florian Gaertner/IMAGO
Milhares protestam nos EUA contra Trump
Uma multidão tomou as ruas de 2 mil cidades americanas em oposição à gestão de Donald Trump, acusado de autoritário pelos manifestantes. O envio de forças federais para reprimir protestos em Los Angeles na última semana e a convocação de um desfile militar que acontece neste sábado em Washington também pautaram as críticas nos atos apelidados de "No Kings" (Sem Reis). (14/04)
Foto: Yuki Iwamura/AP/dpa/picture alliance
Israel e Irã trocam agressões em escalada militar
Israel lançou um ataque contra instalações nucleares do Irã, matando 78 pessoas, incluindo três dos chefes militares do país e dezenas de civis. A ofensiva desencadeou uma troca de agressões sem precendentes entre os países. Em retaliação, a República Islâmica disparou dezenas de mísseis contra Tel Aviv e Jerusalém, furando o Domo de Ferro israelense e ferindo 34 pessoas. (13/06)
Foto: Leo Correa/AP/picture alliance
Queda de avião na Índia deixa mais de 200 mortos
Um avião da Air India com 242 pessoas a bordo caiu em uma área residencial logo após decolar perto do aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia. Apenas um dos passageiros a bordo sobreviveu. A polícia indiana contabiliza ainda outras 24 vítimas que estavam no solo e morreram no momento do acidente. A causa do acidente está sendo investigada (12/06)
Foto: Ajit Solanki/AP Photo/picture alliance
Ajuda humanitária em Gaza na mira de militares israelenses
Pelo menos 21 palestinos morreram enquanto se dirigiam a locais de distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Entidades denunciam, além da violência, quantidade insuficiente de alimentos, após meses de bloqueio à entrada de itens básicos por Israel. O exército israelense alegou que disparou "tiros de advertência". O número de palestinos mortos em 20 meses de guerra já supera 55 mil. (11/06)
Foto: Saeed Jaras/Middle East Images/AFP/Getty Images
Réu no STF, Bolsonaro é interrogado em processo da trama golpista
Ao longo de dois dias, ex-presidente e outros sete ex-auxiliares acusados de integrar "núcleo crucial" da trama golpista depuseram na Primeira Turma. Político negou ter discutido planos de golpe após perder a eleição e disse que só debateu medidas constitucionais com militares, mas que não editou "minuta do golpe". (10/06)
Foto: Fellipe Sampaio/STF
Israel detém barco que levava Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila
A Marinha de Israel interceptou um barco que tentava levar ajuda humanitária a Gaza. O veleiro Madleen, da iniciativa internacional Flotilha da Liberdade, levava 12 ativistas a bordo. Eles foram escoltados até um porto e, segundo o governo israelense, serão deportados. (09/06)
Trump chama militares para reprimir protestos na Califórnia contra prisão de imigrantes
O presidente americano Donald Trump enviou militares da Guarda Nacional a Los Angeles para conter protestos que eclodiram na esteira de uma série de operações de detenção de supostos migrantes irregulares. A medida não tem apoio do governo do estado da Califórnia, que acusou Trump de tentar provocar uma crise. (08/06)
Foto: Frederic J. Brown/AFP
Rússia amplia ataques contra 2ª maior cidade da Ucrânia
A Rússia executou diversos ataques no centro de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixando cinco civis mortos e mais de 61 feridos, incluindo um bebê e uma adolescente de 14 anos. Bombas planadoras, um míssil e 53 drones atingiram prédios residenciais. O prefeito do município classificou a ação como o ataque mais severo desde o início da guerra. (07/06)
Foto: Sofiia Gatilova/REUTERS
Marcelo livre
Um juiz americano determinou a libertação do estudante brasileiro Marcelo Gomes da Silva, de 18 anos, que chegou aos Estados Unidos com cinco anos de idade e foi detido pelo Serviço de Imigração (ICE) a caminho de um treino de vôlei. Ele ficou preso por cinco dias, durante os quais dormiu em chão de concreto, sem acesso a chuveiro, acompanhado de homens com o dobro da sua idade. (06/06)
Foto: Rodrique Ngowi/AP
Musk e Trump trocam insultos e rompem relações
Bilionário que atuou como conselheiro da Casa Branca criticou projeto de lei de Orçamento de Trump que prevê cortes de impostos e aumento de gastos batizado pelo presidente como "Big Beautiful Bill". Musk chegou a endossar impeachment de Trump e associou presidente ao pedófilo Jeffrey Epstein. Trump reagiu dizendo que Musk "enlouqueceu" e ameaçou cortar contratos da SpaceX com governo. (05/06)
Foto: Nathan Howard/REUTERS
Moraes ordena prisão de Carla Zambelli após deputada deixar o país
O ministro do STF acatou pedido da PGR de prisão preventiva contra a deputada federal e determinou a inclusão dela na lista de procurados da Interpol. Moraes determinou bloqueio de salários, bens, contas bancárias e perfis em redes sociais. Parlamentar deixou o país após ser condenada a 10 anos de prisão e à perda de mandato por envolvimento na invasão do CNJ. (04/06)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Governo da Holanda desmorona após saída de ultradireitista
Alegando insatisfação com a política migratória, Gert Wilders – também conhecido como "Trump holandês" – e seu partido deixaram coalizão de governo, levando primeiro-ministro Dick Schoof (foto) à renúncia após menos de um ano de mandato. Sem maioria no parlamento, Schoof permanecerá interinamente no cargo até a realização de novas eleições e formação de um novo gabinete. (03/06)
Foto: Peter Dejong/AP/picture alliance
Conservador Karol Nawrocki vence eleição presidencial na Polônia
Resultado é derrota para o governo do primeiro-ministro Donald Tusk e deve dificultar andamento de políticas pró-União Europeia. Apoiado pelo partido ultraconservador Lei e Justiça (PiS), Nawrocki poderá vetar leis e desgastar o governo com bloqueios no Parlamento. Aliança frágil de Tusk pode não resistir até 2027. (02/06)
Foto: Czarek Sokolowski/AP/dpa/picture alliance
Ucrânia destrói aviões de guerra da Rússia em ataque massivo de drones
Na véspera de uma nova rodada de negociações de paz, Ucrânia e Rússia intensificaram sua ofensiva militar e protagonizaram ataques sem precedentes. Enquanto, Kiev destruiu 41 aviões militares na Sibéria, ofensiva de maior alcance no território russo em três anos de guerra, Moscou lançou número recorde de drones contra território ucraniano. (1º/06)