Vítimas foram sequestrados pelo Hamas no festival de música Nova em 7 de outubro. Esse foi o maior resgate de reféns vivos desde o início da guerra.
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Israel anunciou neste sábado (08/06) o resgate de quatro reféns que foram sequestrados durante o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro do ano passado. Os reféns estavam em dois locais do campo de refugiados de Nuseirat, na região central da Faixa de Gaza.
Os reféns resgatados com vida são Noa Argamani, de 25 anos, Almog Meir Jan, de 21 anos, Andrey Kozlov, de 27 anos, e Shlomi Ziv, de 40 anos. Eles foram sequestrados pelo Hamas no festival de música Nova.
"Eles estão em boas condições médicas e foram transferidos para o Centro Médico Sheba Tel-HaShome para exames médicos adicionais", detalhou o Exército israelense em comunicado.
A operação foi realizada por tropas do Exército, agentes do serviço de segurança Shin Bet e a força de elite Yamam em dois pontos no coração de Nuseirat, onde o governo de Gaza relatou anteriormente dezenas de mortos e feridos em um bombardeio pesado.
"Em uma atividade operacional heroica, nossos combatentes conseguiram libertar quatro reféns do cativeiro do Hamas e devolvê-los a seus lares em Israel", comemorou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que acompanhou a operação da sala de comando, que foi realizada "sob fogo pesado".
O líder da oposição, o centrista Yair Lapid, também exaltou o retorno, que ele chamou de "uma grande luz na terrível escuridão", e parabenizou as forças de segurança pela "operação ousada e corajosa".
"É um triunfo milagroso. Agora, com a alegria que inunda Israel, o governo israelense deve se lembrar de seu compromisso de recuperar os reféns ainda em poder do Hamas: aqueles que vivem para sua reabilitação, e os assassinados para seu enterro", exigiu o Fórum de Famílias de Reféns e Sequestrados.
Durante o ataque de outubro, os terroristas do Hamas sequestraram cerca de 250 pessoas de diversas regiões de Israel e mataram mais de 1,2 mil. Episódio deu início à guerra na Faixa de Gaza, que já dura oito meses.
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Maior regaste desde início da guerra
Após o início da guerra, Israel e Hamas chegaram a um acordo de trégua em novembro, que resultou na libertação de 105 reféns em troca de 240 prisioneiros palestinos. Além disso, quatro reféns foram libertos pelo Hamas em outubro; ao todo sete foram resgatados pelo Exército; e os corpos de 20 reféns foram recuperados, três dos quais foram mortos por engano pelas tropas israelenses.
Israel estima que cerca de 130 reféns ainda estejam com o Hamas, acreditando que um quatro deles está morto. No mês passado, Israel recuperou os corpos de sete reféns em várias operações no campo de refugiados de Jabalia, a maioria deles também sequestrada no festival Nova. Na semana passada, o país confirmou a morte de quatro prisioneiros, incluindo o de um refém brasileiro.
O anúncio do resgate ocorreu num momento em que a pressão internacional aumenta sobre Israel para limitar o derramamento de sangue civil na guerra em Gaza. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, a ofensiva israelense já matou 36 mil palestinos. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, deve voltar ao Oriente Médio na próxima semana buscando um avanço nas negociações entre Israel e Hamas sobre um cessar-fogo.
A operação deste sábado foi o maior resgate de reféns vivos desde o início da guerra. Ela ocorre num momento em que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também enfrenta uma pressão interna crescente para acabar com os confrontos em Gaza. Netanyahu, que tem sido regularmente criticado em Israel por priorizar operações militares em detrimento de negociações
cn (EFE, AP, Reuters)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
Foto: Getty Images/Keystone
1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Hollander
1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Sachs
2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Edmonds
2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
Foto: Getty Images/C. Kealy
2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
Foto: Getty Iamges/AFP/J. Aruri
2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Thew
2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Milner
Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.