Israel aprova construção de 566 casas em Jerusalém Oriental
22 de janeiro de 2017
Congelado há meses por pressão do ex-governo Obama, plano avança em zonas ocupadas que são reivindicadas por palestinos. "As regras do jogo mudaram com a chegada de Trump na presidência", afirma vice-prefeito da cidade.
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As autoridades israelenses aprovaram neste domingo (22/01) a construção de centenas de casas no território ocupado de Jerusalém Oriental, em uma série de projetos que estavam congelados há meses pelas pressões do antigo governo dos Estados Unidos, do agora ex-presidente Barack Obama.
A comissão de aprovações urbanísticas da prefeitura de Jerusalém autorizou projetos em um total de 566 casas em Pisgat Ze'ev, Ramot e Ramot Shlomó, todos eles na região ocupada de Jerusalém que os palestinos reivindicam para a capital de seu futuro Estado, afirmou o jornal Ha'aretz.
Os projetos estavam prontos para ser aprovados há duas semanas, mas a votação foi atrasada a pedido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a fim de não irritar o governo do agora ex-presidente Obama, muito crítico aos assentamentos israelenses.
"As regras do jogo mudaram com a chegada de Donald Trump na presidência", afirmou Meir Turjeman, vice-prefeito da cidade, à agência de notícias AFP. "Já não temos as mãos atadas como na época de Barack Obama. Agora, nós podemos finalmente construir."
Turjeman declarou que os planos para a construção de outras 11 mil casas em Jerusalém Oriental estavam sendo analisados, mas não disse quando eles avançarão.
Segundo o jornal Ha'aretz, desde a vitória de Donald Trump nas eleições de novembro, há uma aceleração nos planos e projetos que são apresentados à prefeitura para todo tipo de construções fora das fronteiras de 1967.
Desta forma, enquanto em 2014 foram aprovadas 775 casas nos assentamentos da parte ocupada da cidade, em 2015 as autorizações caíram para 395. Em 2016, voltaram a subir até 1.506, mas mais de mil passaram o processo de autorizações desde novembro, de acordo com o jornal.
A direita mais nacionalista israelense viu a eleição de Trump como uma luz verde para relançar a colonização do território palestino, e só dois dias após sua posse crescem as vozes para que sejam aprovados de forma imediata todo tipo de projetos e anexações.
Ligação de Netanyahu para Trump
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversará neste domingo sobre a situação no Oriente Médio com o novo presidente dos EUA, Donald Trump, em uma conversa que será centrada no conflito palestino-israelense, na guerra na Síria e no programa nuclear do Irã.
"Nesta noite, terei uma conversa telefônica com o presidente Trump", revelou Netanyahu ao abrir a sessão semanal do Conselho de ministros, na qual antecipou que há muitos assuntos pela frente e, entre eles, "o tema palestino-israelense, a situação na síria e a ameaça iraniana".
Israel espera melhorar suas relações com os EUA após oito anos nos quais sofreram vários altos e baixos pelas críticas do ex-presidente Barack Obama à colonização judaica do território ocupado da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, e suas divergências em relação ao acordo alcançado com o Irã em 2015 para conter seu programa nuclear.
"Deter a ameaça que se projeta do acordo ruim com o Irã continua sendo o objetivo supremo do Estado de Israel", afirmou Netanyahu, que na época rejeitou plenamente o pacto internacional.
O pacto, que Trump criticou durante sua campanha eleitoral, levou a um choque frontal entre Netanyahu e Obama e à pior crise em décadas nas relações entre os dois aliados.
Sobre o conflito palestino-israelense, e em particular os assentamentos judaicos, declarou que ninguém mais que ele e o governo do Likud se preocupam com o assunto, mas completou dizendo que a construção nas colônias deve ser feita "com cabeça e responsabilidade".
FC/efe/afp/rtr/ap
Shimon Peres, uma vida por Israel
Ele serviu ao Estado israelense por quase sete décadas, tendo ocupado quase todos os cargos políticos do país. Sua meta mais recente era a paz com os palestinos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Chegada à Palestina
Shimon Peres nasceu em 1923 em Wiszniew, cidade que então pertencia à Polônia. Filho de um comerciante de madeira, ele emigrou para a Palestina em 1934, junto com os pais. Inicialmente foi pastor e tesoureiro de um kibutz, Ainda jovem, tornou-se membro da organização paramilitar judaica Haganá.
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Ministro
Peres começou sua carreira política no Partido Trabalhista, em 1946. Em 1959, o primeiro-ministro David Ben-Gurion o nomeou ministro. Nas décadas seguintes, Peres participou de 16 governos, ocupando pastas como Defesa, Exterior, Transportes, Imigração e Informação. Em 1975, ele trabalhou para o primeiro-ministro Yitzhak Rabin (direita).
Foto: Getty Images/AFP/Ippa
Primeiro-ministro
Peres foi primeiro-ministro israelense por três vezes – sem ganhar uma eleição. Em 1977, ele assumiu o cargo por alguns meses após a renúncia de Rabin, até a realização de novo pleito. O mandato entre 1984 e 1986 se baseou em acordos (na foto, durante visita a Washington, com o presidente dos EUA, Ronald Reagan). E, depois do assassinato de Rabin, em 1995, Peres voltou a ser chefe de governo.
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Acordos de Oslo
O ápice da carreira política de Peres aconteceu em 13 de setembro de 1993, quando Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinaram uma declaração de princípios. Os acordos de Oslo foram, por longo tempo, um marco no processo de paz. Pela primeira, vez, ambas as partes se reconheciam mutuamente. Os palestinos devem ganhar seu próprio Estado, e Israel, a paz.
Foto: AFP/Getty Images
Prêmio Nobel da Paz
Em dezembro de 1994, Shimon Peres (c), então ministro do Exterior, recebeu o Prêmio Nobel da Paz juntamente com Yasser Arafat (e) e o primeiro-ministro Yitzhak Rabin. O trio é homenageado pelos acordos de Oslo.
Foto: picture-alliance/dpa/Israeli Government Press Office
Morte de Rabin
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, foi assassinado em 4 de novembro de 1995, durante uma manifestação pela paz em Tel Aviv. Peres assumiu a posto de seu parceiro político e liderou, por apenas um dia depois, uma reunião de gabinete. A cadeira de Rabin permaneceu vazia. Seis meses depois, Peres perdeu a eleição para Benjamin Netanyahu.
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Presidente
Após dois turnos de votação, Peres é eleito presidente de Israel pelo Knesset, em 2007. Sete anos antes, ele havia perdido para o novato político Moshe Katzav. Após ser acusado de estupro e assédio sexual, Katzav renunciou, deixando o caminho livre para Peres.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Silverman
Família
Em 1945, Shimon Peres se casou com Sonya Gelman. O casal teve três filhos e vários netos. Depois de 62 anos ao seu lado, Sonya se separou do marido em 2007. Avessa à vida pública, ela sonhava com uma aposentadoria tranquila e não queria acompanhar Peres até o palácio presidencial, em Jerusalém. Ela morreu em 2011.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Chanania
Tensão em Davos
Em janeiro de 2009 ocorreu um momento de tensão entre Turquia e Israel durante um debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Peres fez um apelo inflamado pela guerra na Faixa de Gaza. Quando o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, quis rebater, o moderador do evento interrompeu o debate, devido a limitações de tempo. Então, Erdogan deixou furioso o palco.
Foto: Getty Images/AFP/F. Coffrini
A paz como missão
Perto do fim de sua presidência, Peres mostrou mais um vez, em junho de 2014, como a paz com os palestinos é importante para ele. A convite do papa Francisco, ele se encontrou no Vaticano com o presidente Mahmoud Abbas. Neste momento, Peres é o presidente mais velho do mundo. Ele pretendia continuar trabalhando pela paz no Oriente Médio, mesmo depois de encerrar a carreira política.