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Israel autoriza demolições de casas de palestinos após ataque em Jerusalém

19 de novembro de 2014

Em represália pela morte de cinco israelenses, autoridades destruíram a casa do autor de um atentado em outubro. A medida é criticada por ONGs de direitos humanos. Presidente Abbas condenou os ataques contra israelenses.

Foto: Reuters/A. Awad

Em represália pelo ataque a uma sinagoga em Jerusalém, que resultou na morte de cinco pessoas nesta terça-feira, o governo israelense fez demolir a casa de um palestino acusado de cometer um atentado há cerca de um mês.

"Nesta noite eu ordenei a destruição da casa dos palestinos que conduziram esse massacre e a aceleração da demolição daqueles que cometeram atentados anteriores", declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

A ordem de demolição punitiva foi cumprida no início da manhã desta quarta-feira (19/11). As forças de segurança israelenses derrubaram a casa de Abdel Rahman al-Shaludi em Jerusalém Oriental. O palestino matou duas pessoas em 22 de outubro, ao invadir com o carro uma plataforma de trem lotada em Jerusalém.

As vítimas foram uma bebê americana de três meses e uma turista equatoriana de 22 anos; outras sete pessoas ficaram feridas no ataque. Shaludi foi subsequentemente morto pela polícia. Sua família alega não ter se tratado de um atentado, mas de um acidente de trânsito.

Demolições controversas

A demolição ocorre num momento de grande tensão no Oriente Médio. Após o ataque à sinagoga no bairro Har Nof, Netanyahu anunciou medidas rigorosas perante a onda crescente de ataques palestinos nos últimos meses. Ela já resultou em nove mortes em Jerusalém, uma em Tel Aviv e uma na Cisjordânia.

A controvertida prática de dinamitar ou demolir as casas de militantes palestinos é adotada há décadas. Suspensa em 2005, por ter se revelado ineficaz na contenção de ataques, ela foi retomada no início deste ano.

A medida é frequente na Cisjordânia, mas foi agora aplicada pela primeira vez em Jerusalém. Organizações de direitos humanos a condenam, por não atingir os perpetradores, mas seus familiares. "Punir as famílias dos suspeitos com a destruição de seus lares é uma punição coletiva e é proibido pelo direito internacional", declarou a Anistia Internacional.

Atentado na sinagoga deixou cinco mortosFoto: Reuters/A. Awad

Tensão em torno do Monte do Templo

O ataque à sinagoga de Har Nof foi o mais grave cometido em Jerusalém desde 2008, quando um palestino matou a tiros oito pessoas numa escola religiosa. As vítimas israelenses desta terça-feira eram quatro rabinos – três nascidos nos Estados Unidos e um na Inglaterra – e um policial que tentou impedir o ato. Cinco outras pessoas ficaram feridas.

Os dois autores, os primos Ghassan e Udai Abu Jamal, também morreram numa troca de tiros com as forças de segurança israelenses. O ato foi reivindicado pelas Brigadas Ali Abu Mustafa, braço militante da radical Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condenou severa e publicamente o atentado, pela primeira vez desde o início da onda de violência contra israelenses. Por outro lado, o líder apelou a Israel para que encerre as "provocações" relacionadas a locais, em Jerusalém antiga, sagrados tanto para os muçulmanos quanto para os judeus.

Políticos do partido de direita israelense Likud vêm reivindicando o direito de rezar diante da mesquita de Al-Aqsa – Monte do Templo, na tradição judaica. Há décadas os judeus têm permissão de visitar, mas não de orar no local, que é o mais sagrado do judaísmo. A proposta dos ultranacionalistas do Likud esbarra não só na resistência dos palestinos, mas também de autoridades islâmicas e de judeus ortodoxos.

CN/rtr, afp, ap

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