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ConflitosIsrael

Israel confirma pausas em bombardeios ao norte de Gaza

9 de novembro de 2023

Hostilidades serão suspensas por 4 horas diárias a fim de permitir a evacuação de civis da região. Cessar-fogo continua fora de cogitação.

Mulheres e homens caminham com crianças, alguns carregando seus pertences, por estrada na Faixa de Gaza que liga o norte ao sul do enclave
Cercado por forças israelenses, norte da Faixa de Gaza concentra maior parte das hostilidades na guerra Israel-Hamas, e Israel têm encorajado civis a deixar região e rumar para o sulFoto: Hatem Moussa/AP Photo/picture alliance

As forças israelenses confirmaram que farão "pausas táticas, localizadas" na guerra que travam contra o Hamas no norte da Faixa de Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária na região.

A informação havia sido anunciada mais cedo pelo governo americano, que disse que as pausas diárias durariam quatro horas e teriam como objetivo permitir a evacuação de civis em direção à porção sul do enclave palestino, e também a entrega de ajuda humanitária.

Ainda segundo a Casa Branca, a primeira pausa seria anunciada pelas forças israelenses já nesta quinta-feira (09/11).

Porta-voz do governo americano, John Kirby diz que as pausas podem ajudar também no resgate seguro de reféns mantidos em cativeiro pelo Hamas – acredita-se que cerca de 240 pessoas estejam em poder do grupo radical islâmico que controla Gaza.

Mais cedo, em entrevista à NBC News, o presidente israelense Isaac Herzog disse que seu governo ainda não havia recebido nenhuma proposta "viável" do Hamas para a soltura dos reféns. "Que eu saiba, até agora não há nenhuma informação substancial que demonstre qualquer oferta real sobre qualquer processo na mesa."

Israel descarta cessar-fogo geral

Um cessar-fogo geral, porém, continua fora de cogitação. Tanto Israel quanto Estados Unidos argumentam que o gesto permitiria ao Hamas reagrupar suas forças para voltar a cometer ataques como o que desencadeou o atual conflito, quando terroristas invadiram Israel e mataram 1.400 pessoas em um único dia, naquele que ficou marcado como o pior massacre da história judaica desde o Holocausto.

Há relatos também de negociações em andamento com o Catar – país que dialoga com o Ocidente e abriga lideranças do Hamas – para a liberação de uma dúzia de reféns em troca de uma pausa humanitária.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, já descartou diversas vezes um cessar-fogo sem a soltura de todos os reféns. O Hamas, por outro lado, impõe o cessar-fogo como condição para encerrar o sequestro.

Também o governo tailandês está envolvido em negociações para liberar 23 cidadãos em poder do Hamas, e apelou ao Irã como intermediador.

Em reportagem publicada nesta quinta, o jornal britânico The Guardian afirma que Netanyahu rejeitou uma proposta de um cessar-fogo de cinco dias em troca da soltura de alguns reféns. O acordo teria sido sugerido antes de os militares darem início à invasão de Gaza por terra.

Ainda segundo o Guardian, o governo israelense teria pressionado o Hamas ainda no início do conflito para que entregasse uma lista completa com os nomes e dados pessoais dos sequestrados, ao que o grupo teria respondido ser impossível sem uma pausa nos bombardeios, já que os reféns estariam em diferentes lugares – o que sugere que nem mesmo a liderança da organização sabe quantos foram sequestrados, onde estão e quantos ainda estão vivos.

Outro grupo palestino radical armado, a Jihad Islâmica, divulgou nesta quinta um vídeo mostrando uma mulher idosa e um adolescente mantidos em cativeiro para pressionar por um acordo, sem dar detalhes.

Até agora, apenas quatro reféns foram libertados. Uma quinta refém foi resgatada em uma ação das forças israelenses.

Diante de situação "catastrófica" em Gaza, ajuda humanitária aumenta

Com a escalada do conflito e o aumento do número de mortos – mais de 10 mil no lado palestino, segundo as autoridades em Gaza –, o governo americano vinha advogando cada vez mais enfaticamente por "pausas humanitárias".

Organizações internacionais têm chamado atenção para as condições "catastróficas" enfrentadas por civis presos em Gaza – a única saída do território que não é controlada por Israel fica na fronteira com o Egito, mas até agora apenas pessoas com passaporte estrangeiro e feridos graves foram autorizados a deixar o enclave, e a saída tem sido regulada a conta-gotas.

Segundo essas entidades, faltam água potável, comida e medicamentos, e a ajuda que tem entrado em Gaza ainda estaria muito aquém das necessidades dos mais de 2 milhões de palestinos.

Diante desse quadro, o governo americano anunciou a meta de, no mínimo, 150 caminhões por dia para abastecer o enclave – desde o início da campanha de bombardeios em Gaza, há mais de um mês, foi permitida a passagem de 756 caminhões no total, sendo 106 nesta quarta-feira (08/11), segundo contagem das Nações Unidas.

Antes da guerra, o território era abastecido por uma média de 400 caminhões por dia. Segundo trabalhadores humanitários, são necessários ao menos 100 caminhões por dia para atender a população em Gaza.

ra (Reuters, ots)