Israel decide reabrir passagem em Gaza para envio de ajuda
5 de abril de 2024
Após pressão dos Estados Unidos, governo israelense anuncia reabertura de passagem no norte de Gaza, fechada desde o início da guerra, e uso de porto marítimo para desembarque de ajuda humanitária.
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O governo de Israel aprovou "medidas imediatas" para permitir a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza, anunciou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nesta sexta-feira (05/04).
Tel Aviv afirmou em um comunicado que a passagem de Erez, no norte de Gaza, seria temporariamente reaberta pela primeira vez desde o início da guerra em 7 de outubro, quando o Hamas promoveu ataques terroristas contra Israel, que reagiu com ataques aéreos e incursões terrestres no território palestino.
A passagem de Erez é a principal passagem para o norte de Gaza, e havia sido destruída durante os ataques de 7 de outubro. Israel também disse que permitiria que seu porto em Ashdod, no sul do país, recebesse carregamentos de ajuda humanitária destinados a Gaza. E autorizou a ampliação da entrada de ajuda da Jordânia por meio do ponto de passagem de Kerem Shalom.
Desde o início da guerra, apenas a passagem de Rafah, no sul de Gaza, vinha sendo utilizada para a chegada de ajuda humanitária por via terrestre.
"Esse aumento da ajuda evitará uma crise humanitária e é necessário para garantir a continuação dos combates e para atingir os objetivos da guerra", disse o gabinete de Netanyahu.
Pressão de Washington
O anúncio de Israel ocorreu um dia depois de Netanyahu ter conversado com o presidente dos EUA, Joe Biden, por telefone. O americano exigiu medidas "específicas e concretas" para lidar com a crise humanitária em Gaza e que garantissem a segurança dos trabalhadores humanitários, segundo a Casa Branca.
O número insuficiente de caminhões de ajuda entrando em Gaza por via rodoviária fez os alertas de fome extrema se multiplicarem no território. Além da via marítima, alguns países também têm distribuído ajuda por via área, lançada a partir de aviões.
Apesar dos esforços de ampliar a entrega de ajuda por mar e ar, agências da ONU e organizações internacionais têm dito que as entregas por terra são a única maneira de fornecer ajuda no volume necessário.
No final de março, a Corte Internacional de Justiça (CIJ), principal tribunal de ONU, ordenou que Israel garantisse "assistência humanitária urgente" em Gaza e abrisse mais passagens terrestres para a chegada de ajuda a Gaza.
Os voluntários estavam trabalhando para viabilizar a entrega de alimentos enviados a Gaza por meio do corredor marítimo do Chipre – uma iniciativa que prevê a inspeção prévia, por parte de Israel, de toda a carga despachada.
A morte dos trabalhadores levou a WCK a interromper suas operações na região, e ao retorno ao Chipre de um navio carregando 240 toneladas de alimentos destinados a Gaza.
Na quarta-feira, o ministério alemão do Exterior alertou que a morte dos voluntários poderia significar a piora da situação dos civis em Gaza. O risco, segundo um porta-voz da pasta, era de que o episódio motive outras entidades de ajuda humanitária, cujo trabalho é "urgentemente necessário", a reconsiderar e encerrar suas atividades na região.
A Alemanha é um dos aliados de Israel que também tem dirigido apelos ao país para que permita a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza.
bl/cn (Reuters, AFP, AP)
A longa história do processo de paz no Oriente Médio
Por mais de meio século, disputas entre israelenses e palestinos envolvendo terras, refugiados e locais sagrados permanecem sem solução. Veja um breve histórico sobre o conflito.
Foto: PATRICK BAZ/AFP/Getty Images
1967: Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU
A Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, aprovada em 22 de novembro de 1967, sugeria a troca de terras pela paz. Desde então, muitas das tentativas de estabelecer a paz na região referiram-se a ela. A determinação foi escrita de acordo com o Capítulo 6 da Carta da ONU, segundo o qual as resoluções são apenas recomendações e não ordens.
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1978: Acordos de Camp David
Em 1973, uma coalizão de Estados árabes liderada pelo Egito e pela Síria lutou contra Israel no Yom Kippur ou Guerra de Outubro. O conflito levou a negociações de paz secretas que renderam dois acordos 12 dias depois. Esta foto de 1979 mostra o então presidente egípcio Anwar Sadat, seu homólogo americano Jimmy Carter e o premiê israelense Menachem Begin após assinarem os acordos em Washington.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Daugherty
1991: Conferência de Madri
Os EUA e a ex-União Soviética organizaram uma conferência na capital espanhola. As discussões envolveram Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os palestinos – mas não da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) –, que se reuniam com negociadores israelenses pela primeira vez. Embora a conferência tenha alcançado pouco, ela criou a estrutura para negociações futuras mais produtivas.
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1993: Primeiro Acordo de Oslo
Negociações na Noruega entre Israel e a OLP, o primeiro encontro direto entre as duas partes, resultaram no Acordo de Oslo. Assinado nos EUA em setembro de 1993, ele exigia que as tropas israelenses se retirassem da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que uma autoridade palestina autônoma e interina fosse estabelecida por um período de transição de cinco anos. Um segundo acordo foi firmado em 1995.
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2000: Cúpula de Camp David
Com o objetivo de discutir fronteiras, segurança, assentamentos, refugiados e Jerusalém, o então presidente dos EUA, Bill Clinton, convidou o premiê israelense Ehud Barak e o presidente da OLP Yasser Arafat para a base militar americana em julho de 2000. No entanto, o fracasso em chegar a um consenso em Camp David foi seguido por um novo levante palestino, a Segunda Intifada.
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2002: Iniciativa de Paz Árabe
Após Camp David, seguiram-se encontros em Washington e depois no Cairo e Taba, no Egito – todos sem resultados. Mais tarde, em março de 2002, a Liga Árabe propôs a Iniciativa de Paz Árabe, convocando Israel a se retirar para as fronteiras anteriores a 1967 para que um Estado palestino fosse estabelecido na Cisjordânia e em Gaza. Em troca, os países árabes concordariam em reconhecer Israel.
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2003: Mapa da Paz
Com o objetivo de desenvolver um roteiro para a paz, EUA, UE, Rússia e ONU trabalharam juntos como o Quarteto do Oriente Médio. O então primeiro-ministro palestino Mahmoud Abbas aceitou o texto, mas seu homólogo israelense Ariel Sharon teve mais reservas. O cronograma previa um acordo final sobre uma solução de dois estados a ser alcançada em 2005. Infelizmente, ele nunca foi implementado.
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2007: Conferência de Annapolis
Em 2007, o então presidente dos EUA George W. Bush organizou uma conferência em Annapolis, Maryland, para relançar o processo de paz. O premiê israelense Ehud Olmert e o presidente da ANP Mahmoud Abbas participaram de conversas com autoridades do Quarteto e de outros Estados árabes. Ficou acordado que novas negociações seriam realizadas para se chegar a um acordo de paz até o final de 2008.
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2010: Washington
Em 2010, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, convenceu o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a implementar uma moratória de 10 meses para assentamentos em territórios disputados. Mais tarde, Netanyahu e Abbas concordaram em relançar as negociações diretas para resolver todas as questões. Iniciadas em setembro de 2010, as negociações chegaram a um impasse dentro de semanas.
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Ciclo de violência e cessar-fogo
Uma nova rodada de violência estourou dentro e ao redor de Gaza no final de 2012. Um cessar-fogo foi alcançado entre Israel e os que dominavam a Faixa de Gaza, mas quebrado em junho de 2014, quando o sequestro e assassinato de três adolescentes em mais violência. O conflito terminou com um novo cessar-fogo em 26 de agosto de 2014.
Foto: picture-alliance/dpa
2017: Conferência de Paris
A fim de discutir o conflito entre israelenses e palestinos, enviados de mais de 70 países se reuniram em Paris. Netanyahu, porém, viu as negociações como uma armadilha contra seu país. Tampouco representantes israelenses ou palestinos compareceram à cúpula. "Uma solução de dois Estados é a única possível", disse o ministro francês das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault, na abertura do evento.
Foto: Reuters/T. Samson
2017: Deterioração das relações
Apesar de começar otimista, o ano de 2017 trouxe ainda mais estagnação no processo de paz. No verão do hemisfério norte, um ataque contra a polícia israelense no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, gerou confrontos mortais. Em seguida, o plano do então presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a embaixada americana para Jerusalém minou ainda mais os esforços de paz.
Foto: Reuters/A. Awad
2020: Tiro de Trump sai pela culatra
Trump apresentou um plano de paz que paralisava a construção de assentamentos israelenses, mas mantinha o controle de Israel sobre a maioria do que já havia construído ilegalmente. O plano dobrava o território controlado pelos palestinos, mas exigia a aceitação dos assentamentos construídos anteriormente na Cisjordânia como território israelense. Os palestinos rejeitaram a proposta.
Foto: Reuters/M. Salem
2021: Conflito eclode novamente
Planos de despejar quatro famílias palestinas e dar suas casas em Jerusalém Oriental a colonos judeus levaram a uma escalada da violência em maio de 2021. O Hamas disparou foguetes contra Israel, enquanto ataques aéreos militares israelenses destruíram prédios na Faixa de Gaza. A comunidade internacional pediu o fim da violência e que ambos os lados voltem à mesa de negociações.
Foto: Mahmud Hams/AFP
2023: Terrorismo do Hamas e retaliações de Israel
No início da manhã de 7 de outubro, terroristas do grupo radical islâmico Hamas romperam barreiras em alguns pontos da Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, e, em território israelense, feriram e mataram centenas de pessoas, além de sequestrarem mais de uma centena. Devido a isso, Israel declarou "estado de guerra" e iniciou uma série de bombardeios, deixando partes da Cidade de Gaza em ruínas.