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PolíticaIsrael

Israel dissolve Parlamento e ruma para 5ª eleição em 4 anos

30 de junho de 2022

Decisão encerra formalmente um governo histórico, apoiado por uma coalizão de oito partidos de várias tendências, e dá continuidade a anos de instabilidade política. Novo pleito é marcado para novembro.

Parlamento de Israel
Moção para dissolução do Parlamento foi aprovada por 92 votos a favor e nenhum contraFoto: Ariel Schalit/AP Photo/picture alliance

Legisladores de Israel votaram nesta quinta-feira (30/06) pela dissolução do Parlamento do país e a convocação de novas eleições em novembro, dando fim a um período de pouco mais de um ano de um governo composto por oito partidos de diversas correntes políticas. Os israelenses irão, assim, pela quinta vez à urnas em menos de quatro anos.

Yair Lapid, atual ministro do Exterior de Israel e arquiteto do governo de coalizão que chega ao fim, se tornará primeiro-ministro interino pouco após a meia-noite desta sexta-feira. Ele será a 14º pessoa a ocupar o cargo, substituindo Naftali Bennett, o chefe de governo com mandato mais curto da história de Israel.

O governo, o primeiro a incluir um partido árabe, caiu pouco mais de um ano depois de ser formado em um movimento histórico por uma ampla coalizão, para dar fim aos 12 anos de poder do premiê Benjamin Netanyahu.

A moção de dissolução foi aprovada nesta quinta com 92 votos a favor e nenhum contra, após dias de disputas entre deputados governistas e da oposição sobre a data das novas eleições e outras legislações de último minuto. As novas eleições foram marcadas para 1º de novembro.

A medida encerra formalmente um experimento no qual oito partidos de todo o espectro político israelense tentaram encontrar um ponto em comum após um período de impasse prolongado em que o país teve quatro eleições em dois anos.

Prolongamento da crise

As próximas eleições são uma extensão da prolongada crise política protagonizada desde 2018 por Netanyahu e seu processo por corrupção ainda em curso.

As quatro eleições realizadas nos três anos anteriores foram, em grande parte, referendos sobre a aptidão de Netanyahu para governar diante das acusações de ter aceito subornos e cometido fraudes. Netanyahu nega qualquer irregularidade.

Lapid, um ex-apresentador de talk show que lidera um partido de centro-esquerda, deve fazer campanha enquanto premiê interino para continuar no posto como a principal alternativa a Netanyahu. Ele provavelmente contará com um impulso inicial ao receber o presidente dos EUA, Joe Biden, no país na próxima semana.

Pesquisas da mídia israelense mostram Netanyahu e seus aliados ganhando assentos, embora não esteja claro se eles teriam o suficiente para formar uma maioria de 61 assentos no Knesset (Parlamento), de 120 membros. Se nem ele nem qualquer outra pessoa conseguir fazê-lo, Israel pode ir às eleições ainda mais uma vez.

Bennett pede superação de diferenças

Na quarta-feira, Bennett disse que faria um hiato na carreira política e não concorreria nas próximas eleições. Seu partido, Yamina, está rachado por lutas internas e fragmentado após a formação do governo no ano passado, quando alguns de seus membros deixaram a sigla de direita, em protesto, acusando concessões excessivas de Bennett a aliados mais liberais da coalizão governamental.

Durante o discurso de despedida como premiê, ele expressou apoio a Lapid e defendeu que os "partidos israelenses devem deixar de lado as diferenças ideológicas e se preocupar com as questões ligadas à segurança, economia e futuro do Estado de Israel".

A gota d'água veio no início deste mês, quando o governo não conseguiu renovar uma lei de emergência que preserva o estatuto jurídico especial de colonos judeus na Cisjordânia ocupada, legislação que a maioria dos israelenses considera essencial. O fato de o Knesset ter sido dissolvido antes do final do mês faz com que a lei de emergência seja renovada automaticamente até depois da formação de um novo governo.

md/lf (AP, Lusa, AFP)