Israel diz que impedirá chegada de barco com Greta Thunberg
8 de junho de 2025
Ministro israelense instrui militares a bloquearem passagem de veleiro de ajuda com ativistas a bordo. "À antissemita Greta e seus amigos, digo: regressem, pois não chegarão a Gaza", diz chefe da pasta da Defesa do país.
A ativista Greta Thunberg a bordo do Madleen em registro feito no último domingoFoto: Salvatore Cavalli/AP/dpa/picture alliance
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O governo de Israel ordenou neste domingo (08/06) que os militares do país impeçam que um barco de ajuda humanitária que se encontra a caminho de Gaza alcance a costa do enclave palestino, alvo de um bloqueio naval.
A ordem foi dada pelo ministro da Defesa israelense, Israel Katz. Ele ainda advertiu a tripulação do veleiro Madleen, o navio da chamada "Flotilha da Liberdade", para que regresse. No barco, que partiu da Sicília no último fim de semana, estão 12 ativistas, entre eles a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila.
"Ordenei às FDI [Forças de Defesa de Israel] que atuem para impedir que o veleiro Madleen chegue a Gaza. À antissemita Greta e seus amigos, digo claramente: regressem, pois não chegarão a Gaza", disse Katz, em declarações divulgadas pelo seu gabinete.
Katz acrescentou que Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio naval ao território palestino, que, segundo alega, visa impedir o Hamas de importar armas.
Segundo os ativistas a bordo do Madleen, a embarcação está transportando fórmula infantil, alimentos, fraldas, produtos de higiene para mulheres, kits de dessalinização, suprimentos médicos e próteses infantis.
Israel vem impondo um bloqueio à atuação de organizações de ajuda humanitária em Gaza, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas, desde o início de março. Recentemente, os israelenses passaram a permitir apenas a atuação de uma obscura organização sem experiência para distribuir alimentos no enclave.
Chamada de Fundação Humanitária de Gaza (GHF), ela tem sido criticada por desorganização na distribuição e vem sendo acusada por especialistas da aréa de ser uma organização de fachada que tem como objetivo forçar a evacuação de palestinos de vastas áreas do enclave.
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Aproximação de Gaza
O veleiro Madleen chegou no domingo à costa do Egito e prosseguiu viagem com destino à Faixa de Gaza, indicaram os organizadores da campanha em comunicado.
A embarcação, com bandeira britânica, partiu com destino a Gaza, segundo os organizadores, com o objetivo de "entregar ajuda humanitária, romper o bloqueio israelense e dar visibilidade ao sofrimento contínuo no enclave palestino".
"Navegamos ao largo da costa egípcia. Está tudo bem", afirmou a ativista alemã de direitos humanos Yasemin Akar, que explicou que o navio já partiu de Alexandria e que se espera que chegue ao enclave palestino ao entardecer deste domingo.
"Estamos a pouca distância das águas territoriais de Gaza", declarou Akar num comunicado, alertando que os ativistas estavam sendo seguidos por drones de vigilância israelenses.
Antes das ordens de Katz, a ativista alemã já havia mencionado a possibilidade de uma possível ação dos israelenses.
"Se Israel nos atacar, será mais um crime de guerra. Não embarcamos nesta missão se não acreditássemos que chegaríamos a Gaza", disse Akar.
Já o Comitê Internacional para Romper o Cerco a Gaza, com sede em Londres, declarou que "a aproximação do 'Madleen' à costa de Gaza representa um desafio corajoso às políticas injustas que cercam os civis e uma mensagem de solidariedade dos povos do mundo livre para com o nosso povo em Gaza".
A eurodeputada Rima Hassan, que também se encontra a bordo do veleiro, apelou à comunidade internacional para que garanta uma passagem segura da embarcação.
A Flotilha da Liberdade, formada em 2010, é um movimento internacional de solidariedade com o povo palestino que se opõe ativamente ao bloqueio israelense à Faixa de Gaza.
O conflito entre palestinos e israelenses voltou a se intensificar após Israel romper em março um cessar-fogo e lançar novas operações militares na Faixa de Gaza. A guerra atual no enclave eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando o grupo Hamas, que controlava Gaza, lançou uma ofensiva terrorista contra Israel, matando 1.200 pessoas e sequestrando mais de 250.
Em mais de um ano e meio de conflito, o número total de mortos na Faixa de Gaza desde o início da contraofensiva israelense em outubro de 2023 já passa de 57 mil, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo Hamas.
jps (DW, Lusa)
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