Israel enviará missão para combater incêndios na Amazônia
3 de setembro de 2019
Bombeiros e especialistas em queimadas serão enviados ao Brasil para reforçar combate ao fogo na Floresta Amazônica, que atingiu níveis alarmantes em agosto. Decisão foi tomada por Netahyahu após conversa com Bolsonaro.
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O governo de Israel anunciou nesta terça-feira (03/09) que enviará uma missão para o Brasil para auxiliar no combate aos incêndios na Amazônia. A decisão foi tomada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netahyahu, após conversa com Jair Bolsonaro na semana passada.
"Uma delegação israelense de bombeiros e equipes de resgate, especializada em incêndios florestais e rurais, partirá hoje para o Brasil", informou o porta-voz interino do Ministério do Exterior do país, Nizar Amer.
Formada por 11 pessoas, a equipe prestará assistência imediata no combate às queimadas e oferecerá conhecimento e experiência profissional a oficiais brasileiros, detalhou um comunicado divulgado pelo ministério.
Bolsonaro já havia anunciado na semana passada que aceitou ajuda do governo israelense, que enviou uma aeronave ao Brasil para apoiar o trabalho das Forças Armadas no combate à chamas na Amazônia. O auxílio foi disponibilizado após o presidente se tornar alvo de pesadas críticas de políticos europeus devido ao desmatamento e às queimadas na região.
Alguns países europeus ameaçaram suspender o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Políticos alemães chegaram a pedir sanções ao Brasil devido às políticas antiambientais do governo Bolsonaro.
Segundo dados do Programa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em agosto deste ano foram registrados 30.901 focos de incêndio no bioma Amazônia. Foi o maior número para o mês desde 2010, quando houve 45.018 focos.
Essa não é a primeira vez que Israel oferece apoio ao Brasil para enfrentar catástrofes. No início do ano, o governo israelense enviou mais de 100 soldados ao país para ajudar nos trabalhos de resgate após o rompimento de uma barragem em Brumadinho, em Minas Gerais.
Os laços entre Israel e Brasil se fortaleceram desde que Bolsonaro assumiu o poder e estabeleceu uma estreita aliança com Netanyahu. O líder israelense esteve no Brasil no início do ano, quando fechou acordos de cooperação com o presidente brasileiro em áreas como defesa, economia, emprego, segurança, água e indústria.
Em abril, Bolsonaro realizou uma visita oficial a Israel, anunciando na ocasião a abertura de um escritório de negócios em Jerusalém, o que as autoridades israelenses interpretaram como um "primeiro passo" para a transferência da embaixada do Brasil para a cidade disputada.
A Floresta Amazônica enfrenta suas piores queimadas em anos. As chamas deixam rastro de destruição na região e geram comoção internacional. Imagens revelam a proporção assustadora da tragédia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Amazônia em chamas
Uma fumaça espessa cobre grande parte da Região Amazônica. A dimensão do avanço da destruição da floresta é melhor percebida de cima. Paredes enormes de fogo consomem grandes áreas verdes e dão o tom da evolução da catástrofe ambiental.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/J. Alves
Bombeiros em ação contínua
Apesar dos troncos de árvores queimados, o fogo continua sua destruição. Milhares de bombeiros colocam sua vida em risco para tentar conter as chamas. Aparentemente, seus esforços não são suficientes, e o avanço das queimadas chamou a atenção do mundo para a Amazônia.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/E. Peres
Fumaça chega a regiões distantes
Em 19 de agosto, a fumaça das queimadas chegou até São Paulo, contribuindo para o fenômeno que transformou o dia em noite na cidade. A nuvem de fumaça atraiu a atenção do Brasil e do mundo para a situação na Amazônia. Essa fumaça também foi percebida no Peru e recentemente no Uruguai.
A inércia do governo brasileiro diante do avanço das chamas levou a comunidade internacional a pressionar o presidente Jair Bolsonaro a tomar medidas para combater as queimadas. Solicitado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, o tema foi debatido na cúpula do G7. Depois disso, Bolsonaro fez um pronunciamento anunciando o uso das Forças Armadas nos esforços contra o fogo.
Foto: Youtube/TV BrasilGov
Aumento no número de queimadas
Numa corrida contra o tempo, vários estados da região declararam situação de emergência e pediram ao governo federal o envio de militares. As estatísticas não são nada animadoras. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a 18 de agosto as queimadas aumentaram 82% em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registrados quase 72 mil focos de incêndio.
No dia seguinte ao anúncio de Bolsonaro, os primeiro militares entraram em ação contra o fogo em Rondônia. O governo disse que disponibilizou 44 mil militares para combater os incêndios que estão devastando a Amazônia.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Brazil Ministry of Defense
Catástrofe causada por humanos
Grandes incêndios não são uma exceção em países sul-americanos. Eles são frequentes durante o período de seca. No entanto, também são causados pela ação humana. Ambientalistas dizem que o recente aumento no número de queimadas é responsabilidade de agricultores, que através do fogo pretendem ganhar terras para o pasto.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/L. Correa
Infraestrutura em perigo
Os incêndios não são um risco apenas em florestas distantes. A foto tirada na região de Cuiabá, no Mato Grosso, mostra a proximidade das chamas a locais habitados. Na beira da rodovia 070, que liga o Brasil à vizinha Bolívia, as chamas resplandecem de forma ameaçadora aos veículos que passam por ali.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/a. Penner
Protestos contra o governo Bolsonaro
Brasileiros foram às ruas em várias cidades do país para protestar contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro. Em várias ocasiões, o presidente defendeu o desenvolvimento econômico da Amazônia e chegou a propor a seu homólogo americano, Donald Trump, a exploração conjunta da região.
Foto: Imago Images/Agencia EFE/M. Sayao
Preocupação mundial
As atitudes do governo brasileiro em relação ao meio ambiente e ao avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia provocaram também dezenas de manifestações em frente às representações diplomáticas do Brasil em várias cidades europeias e sul-americanas. A maioria dos atos foi convocada pelo movimento Extinction Rebellion (Rebelião da Extinção).
Foto: DW/C. Neher
Ajuda internacional
Devido à magnitude dos incêndios, o Brasil recebeu apoio da comunidade internacional. O G7 ofereceu 20 milhões de dólares ao país. A oferta, porém, foi recusada por Bolsonaro. O Reino Unido disponibilizou 10 milhões de libras para o combate às queimadas, e Israel prometeu o envio de um avião equipado para essa finalidade.