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ConflitosIsrael

Israel faz a maior ofensiva na Cisjordânia em anos

Publicado 3 de julho de 2023Última atualização 4 de julho de 2023

Operação militar em Jenin marca escalada de violência após ataques recíprocos entre israelenses e palestinos na Cisjordânia ocupada nas últimas semanas.

Fumaça preta subindo de cidade em paisagem enevoada
Israel chamou operação de “extenso esforço de contraterrorismo”Foto: Mohamad Torokman/REUTERS

Israel lançou nesta segunda-feira (03/07) uma grande ofensiva aérea e terrestre na cidade de Jenin, na Cisjordânia, na sua maior operação militar no território palestino em quase 20 anos. As autoridades israelenses descreveram a ação como "extenso esforço de contraterrorismo".

A operação, que inclui ação com drones e centenas de tropas, foi direcionada principalmente a um centro de comando que os militares israelenses disseram estar sendo usado por combatentes militantes dentro de um campo de refugiados ao lado da cidade.

Até esta terça-feira, segundo dia da ofensiva, ao menos dez palestinos morreram como resultado dos ataques, que feriram cem pessoas, 20 delas gravemente, e causaram a evacuação de milhares de pessoas do campo de refugiados.

Agências de auxílio humanitário das Nações Unidas expressaram preocupação com o tamanho da ofensiva nesta terça, dizendo que há acesso restrito para ajuda médica no local.

"Estamos alarmados com a escala de operações aéreas e terrestres acontecendo em Jenin, na Cisjordânia ocupada, e com os ataques aéreos atingindo um campo de refugiados de alta densidade populacional", disse, durante fala à imprensa, a porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Vanessa Huguenin. Ela acrescentou que três menores de idade estavam entre os mortos, mas não deu detalhes sobre as idades das vítimas.

Os danos à infraestrutura causada pelos ataques aéreos causaram corte de acesso à água e eletricidade no campo, disse Huguenin. 

Já o Crescente Vermelho divulgou que evacuou cerca de 3 mil pessoas do local.

Na segunda, o diário israelense Haaretz citou o Exército israelense, dizendo que um soldado israelense foi levemente ferido por estilhaços de granada e levado a um hospital.

Também na segunda, o porta-voz do Exército israelense Richard Hecht disse a repórteres que acredita-se que até sete militantes tenham sido mortos. Hecht disse que cerca de 2 mil soldados participaram da operação e que drones militares realizaram uma série de ataques.

Bloqueios de vias, ocupação de prédios

Os confrontos marcam uma escalada da violência após ataques recíprocos entre os dois lados do conflito na Cisjordânia ocupada nas últimas semanas.

Israel afirma que o objetivo da operação é remover facções palestinas apoiadas pelo Irã que estariam por trás de um aumento de ataques armados e à bomba, assim como impedir esforços para fabricar foguetes. 

"Israel garante que ajuda humanitária está sendo disponibilizada e não está aplicando limitações ao acesso de pessoal médico [ao local]", exceto em áreas onde os médicos podem correr riscos devido à troca de tiros, afirmou a missão diplomática israelense em Genebra à agência Reuters. 

O Exército disse ter como alvo uma instalação de armazenamento de armas, com o Haaretz dizendo que um laboratório de fabricação de explosivos e peças de um lançador de foguetes foram confiscados, junto com outras armas.

O Haaretz também citou fontes do Exército dizendo que soldados israelenses estavam realizando buscas de armas, com ao menos 20 palestinos presos na segunda-feira.

Autoridades indicaram que as forças israelenses podem permanecer no campo por dias. "Uma operação não termina em um dia", disse o ministro da Energia, Israel Katz, membro do gabinete de segurança, à rádio do Exército.

De acordo com a agência oficial de notícias palestina Wafa, os militares israelenses bloquearam vias no campo e ocuparam casas e edifícios, enquanto colocavam atiradores nos telhados.

Tensões crescentes

Jenin e seu campo de refugiados adjacente têm sido palco de vários confrontos entre forças israelenses e militantes palestinos nas últimas semanas, e observadores internacionais expressaram preocupação com o aumento da violência na área.

No mês passado, Israel matou três homens armados perto de Jenin, no primeiro ataque de drones na Cisjordânia desde 2006.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, 147 palestinos foram mortos este ano, com 23 israelenses mortos no mesmo período.

Milhares teriam fugido

De acordo com declarações do vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub, cerca de 3 mil moradores do campo de refugiados da cidade já teriam deixado o local até a noite desta segunda-feira.

"Por volta de 3 mil pessoas deixaram o campo até agora", afirmou al-Roub à agência de notícias AFP, acrescentando que as autoridades estavam tomando providências para colocá-las em escolas e outros abrigos de Jenin.

Juliette Touma, porta-voz da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos, confirmou à AFP que os residentes do campo estavam deixando suas casas.

Sete feridos em ataque em Tel Aviv

Na cidade de Tel Aviv, sete pessoas ficaram feridas, nesta terça-feira depois que um palestino que conduzia um veículo atropelou intencionalmente vários pedestres antes de esfaquear outros, informou a polícia de Israel.

"Um suspeito que dirigia um veículo atropelou pedestres que estavam em um centro comercial da rua Pinchas Rosen, saiu do veículo e esfaqueou outras pessoas com um objeto pontiagudo", disse um comunicado da polícia.

"O terrorista foi neutralizado por um civil", disse à agência de notícias EFE um porta-voz da polícia, sem dar mais detalhes sobre o agressor.

A identidade do agressor não foi revelada horas depois do ataque, mas as autoridades israelenses costumam usar a palavra "terrorista" quando se trata de um palestino que comete um crime por motivos nacionalistas.

A imprensa local o identificou como Hasin Jalila, de 23 anos, morador da cidade de Samu, no sul da Cisjordânia, que entrou em Israel com permissão para receber tratamento médico.

De acordo com a polícia, "sete pessoas ficaram feridas no incidente: três delas em estado grave, duas em estado moderado e duas em estado leve, que foram levadas para os hospitais de Beilinson e Ichilov".

“Chegamos ao local com ambulâncias de terapia intensiva. Vimos que era uma cena muito grave, e cinco feridos estavam caídos perto de um ponto de ônibus, uma mulher de 46 anos estava caída na calçada consciente e com lesões em vários sistemas, outros quatro feridos na faixa dos 30 anos sofreram ferimentos moderados e leves e foram levados para o hospital em uma ambulância de terapia intensiva", disse o paramédico Alon Shonim, do serviço de emergência Magen David Adom (MDA, equivalente à Cruz Vermelha).

md/gb/rk (EFE, DPA, AFP, Reuters, AP)

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